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A primeira condição para se escrever de literatura, é saber dar a impressão de que se escreve sem literatura.

A missão da comédia é representar em geral todos os defeitos do homem, e, em particular, dos homens de nosso tempo.

Há tão pouca distância entre a felicidade e a infelicidade, que apenas as separa uma pequena sílaba e diferem uma da outra em duas letras.

Não me sinto insubstituível… Não passo de grama que cresce no chão; quando a grama morre, nasce outra no lugar…

A Tempo

A tempo entrei no tempo,
Sem tempo dele sairei:
Homem moderno,
Antigo serei.
Evito o inferno
Contra tempo, eterno
À paz que visei.
Com mais tempo
Terei tempo:
No fim dos tempos serei
Como quem se salva a tempo.
E, entretanto, durei.

Todas as aflições humanas decorrem da incapacidade de nos sentarmos sozinhos e em silêncio em um aposento.

Somos em geral demasiadamente prontos para a censura, e demasiadamente tardos para o louvor: o nosso amor-próprio parece exaltar-se com a censura que fazemos, e humilhar-se com o louvor que damos.

Nos Teus Gestos

Nos teus gestos há animais em liberdade
e o brilho doce que só têm as cerejas.
É neles que adormeço, e dos teus dedos
retiro a luz azul dos arquipélagos.

Os teus gestos são letras, sílabas, poemas.
Os teus gestos são páginas inteiras. São
a tua boca a namorar na minha boca,
o cio dos séculos a saudar o tempo.

São os teus gestos que me acordam. Gestos
que vestem o silêncio fundo das ravinas
e assinalam a água dos desertos.

Os teus gestos são música. São lume.
São a respiração do teu olhar. A seara
de espigas que ondula no meu corpo.