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A grande responsabilidade do ser humano consiste em saber discernir. O mundo espera que cada um de nós assuma esta importante tarefa do justo equilíbrio.

Na juventude os chamados ideias orientadores da vida, mesmo os grandes projectos que excedam os de se subsistir, não fazem muita falta. Porque ser jovem é ter já tudo isso como substituto de tudo isso.

Um grande homem, que representa um país e uma época, que personifica numa potentíssima sinergia cada uma das energias dos indivíduos vulgares, é um espelho mágico, em que vemos reproduzida a nossa imagem, mas cem vezes mais bela do que a real.

O supérfluo deixa de ser supérfluo. O desperdício deixa de ser desperdício. Não precisas restringir drasticamente as despesas. Basta tua mente se enriquecer, para que se manifeste a provisão infinita que existe dentro de ti.

O verdadeiro segredo é porque é que o amor começa com garras como um gato e depois se desvanece com o tempo como um rato meio comido.

Disponibilidade Mental

Gostaria de exprimir uma ideia que me ocorreu recentemente. Quando estava a viver sozinho neste país, notei como a monotonia de uma vida pacata estimula uma mente criativa. Existem algumas ocupações, mesmo na sociedade moderna, que requerem uma vida isolada e não exigem grande esforço físico ou intelectual. Vêem-me à ideia ocupações como o serviço de faróis e de barcos-faróis. Seria possível colocar jovens que desejem reflectir sobre problemas científicos, especialmente de natureza matemática ou filosófica, nestas ocupações? Muito poucos jovens com semelhantes ambições têm, durante o período mais produtivo da sua vida, a oportunidade de se dedicarem, sem interrupções durante um certo período de tempo, a problemas de natureza científica. Mesmo um jovem que tenha a sorte de obter uma bolsa de estudo durante um período limitado de tempo é pressionado a chegar o mais depressa possível a conclusões definitivas. Tal pressão apenas pode ser prejudicial a um estudante de ciência pura. Com efeito, o jovem cientista que começa uma profissão prática que lhe permite ganhar o suficiente para viver está numa posição muito melhor, assumindo, é claro, que a sua profissão lhe deixa tempo e energia suficientes para se dedicar ao trabalho científico.

Regresso ao Lar

Ai, há quantos anos que eu parti chorando
deste meu saudoso, carinhoso lar!…
Foi há vinte?… Há trinta?… Nem eu sei já quando!…
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!…

Dei a volta ao mundo, dei a volta à vida…
Só achei enganos, decepções, pesar…
Oh, a ingénua alma tão desiludida!…
Minha velha ama, com a voz dorida.
canta-me cantigas de me adormentar!…

Trago de amargura o coração desfeito…
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!…
Minha velha ama, que me deste o peito,
canta-me cantigas para me embalar!…

Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
pedrarias de astros, gemas de luar…
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!…
Minha velha ama, sou um pobrezinho…
Canta-me cantigas de fazer chorar!…

Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!…), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!…

Canta-me cantigas manso, muito manso…
tristes, muito tristes, como à noite o mar…

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Se tudo na nossa existência é absurdo, o sofrimento é o que há de mais absurdo na Terra.

Quando Toda és Terra a Terra

Marga, teu busto tufa,
Dois gomos e véus de ilhal
Palpitam palmo de gente
Nesse tefe-tefe igual
E há qualquer coisa de ardente
Que se endireita e que rufa
Nem tambor a general.

Marga, teu peitinho estringes,
Toca a quebrados na praça
De armas que empunham rapazes
De guarda a uma egípcia esfinge,
E um vento de guerra passa
E o pau da bandeira ringe
Antes de fazer as pazes.

Marga, que deusa de guerra,
A Miosótis se interpôs
Quando toda és terra a terra
Cálice de rododendro
Zango nunca em ti se pôs
Em estames senão tremendo…

Trazemos connosco isto de que ser português é ser mesquinho, pobre de espírito, egoísta – e, quando se trata de falar dos “portugueses em geral”, nunca somos um deles. Curiosidade: o hábito não é especialmente lusitano.