O que é a poesia senão a forma mais bela de procurar?
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Pedir perdão é assentar o terreno para futuras ofensas.
Espera mil anos e verás que será precioso até o lixo deixado atrás por uma civilização extinta.
Não há melhor molho que o apetite.
Em Janeiro sete casacos e um sombreiro.
Suportam melhor a censura os que merecem elogio.
Solidão
Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espessoEsta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírioÉ então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarouMas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resignaLonge
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo
Homens são crianças grandes.
A educação visa melhorar a natureza do homem o que nem sempre é aceite pelo interessado.
É nobre ser tímido, ilustre não saber agir, grande não ter jeito para viver.
O homem entra mais rapidamente no quotidiano do que a mulher; em contrapartida, a mulher vive melhor no âmbito do não real. Por isso não precisa da rotina. A mulher aprofunda; o homem expande.
Não podemos ter medo de não saber. O que devemos recear é o não termos inquietação para passarmos a saber.
Certas lembranças, certos processos mentais são como um dente que dói e que se precisa estar sempre tocando, apenas para ter a certeza de que ainda dói.
Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam.
Se você errou, peça desculpas… É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
A Culpa dos Males que nos Acontecem
Em todos os males que nos acontecem, olhamos mais para a intenção do que para o efeito. Uma telha que cai de um telhado pode ferir-nos mais, mas não nos desola tanto como uma pedra atirada de propósito por uma mão maldosa. O golpe, por vezes, falha mas a intenção nunca erra o alvo. A dor física é a que menos se sente nos ataques da sorte e, quando os infortunados não sabem a quem culpar pelas suas infelicidades, culpam o destino, que personificam e ao qual atribuem olhos e uma inteligência disposta a atormentá-los intencionalmente.
É o caso de um jogador que, irritado com as suas perdas, se enfurece sem saber contra quem. Imagina que a sorte se encarniça intencionalmente para o atormentar e, encontrando alimento para a sua cólera, excita-se e enfurece-se contra um inimigo que ele próprio criou. O homem sábio, que em todas as infelicidades que lhe acontecem só vê golpes da fatalidade cega, não tem essas agitações insensatas; grita na sua dor, mas sem exaltação, sem cólera; do mal que o atinge só sente os ataques materiais, e os golpes que recebe podem ferir a sua pessoa, mas nenhum atinge o seu coração.
Que o amor não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.
Pensamento e palavra: nem sequer os nossos pensamentos podemos traduzir inteiramente por meio das palavras.
Há duas coisas que a experiência deve ensinar: a primeira é que é preciso corrigir muita coisa; a segunda é que não se deve corrigir demais.
Eu cantarei de amor tão docemente, Por uns termos em si tão concertados, Que dois mil acidentes namorados Faça sentir ao peito que não sente