Passagens sobre Abelhas

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Frases sobre abelhas, poemas sobre abelhas e outras passagens sobre abelhas para ler e compartilhar. Leia as melhores citaçÔes em Poetris.

No Amor Começa-se Sempre a Zero

Fazer um registo de propriedade Ă© chato e difĂ­cil mas fazer uma declaração de amor ainda Ă© pior. NinguĂ©m sabe como. NĂŁo hĂĄ minuta. NĂŁo hĂĄ sequer um despachante ao qual o premente assunto se possa entregar. As declaraçÔes de amor tĂȘm de ser feitas pelo prĂłprio. A experiĂȘncia nĂŁo serve de nada — por muitas declaraçÔes que jĂĄ se tenham feito, cada uma Ă© completamente diferente das anteriores. No amor, aliĂĄs, a experiĂȘncia sĂł demonstra uma coisa: que nĂŁo tem nada que estar a demonstrar coisĂ­ssima nenhuma. É verdade — começa-se sempre do zero. Cada vez que uma pessoa se apaixona, regressa Ă  suprema inocĂȘncia, inĂ©pcia e barbĂĄrie da puberdade. Sobem-nos as bainhas das calças nas pernas e quando damos por nĂłs estamos de calçÔes. A experiĂȘncia nĂŁo serve de nada na luta contra o fogo do amor. Imaginem-se duas pessoas apanhadas no meio de um incĂȘndio, sem poderem fugir, e veja-se o sentido que faria uma delas virar-se para a outra e dizer: «Ouve lĂĄ, tu que tens experiĂȘncia de queimaduras do primeiro grau…»

Pode ter-se sessenta anos. Mas no dia em que o peito sacode com as aurĂ­culas a brincar aos carrinhos-de-choque com os ventrĂ­culos,

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Males de Anto

A Ares n’uma aldeia

Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lĂĄ! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes nĂŁo ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ĂĄs vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de CamÔes!
Sei de cór e salteado as minhas afflicçÔes:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pĂ©s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, å noite, só, bebia a noite ås taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mĂŁos… Perdoae-me,
AldeÔes! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.

Mas, atravez da minha dor,

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As Pessoas Sensatas

PlatĂŁo comparava a vida a um jogo de dados, no qual devĂȘssemos fazer um lance vantajoso e, depois, bom uso dos pontos obtidos, quaisquer que fossem. O primeiro item, o lance vantajoso, nĂŁo depende do nosso arbĂ­trio; mas receber de maneira apropriada o que a sorte nos conceder, assinalando a cada coisa um lugar tal que o que mais apreciamos nos cause o maior bem e o que mais aborrecemos o menor mal – isso nos incumbe, se formos sensatos. Os homens que defrontam a vida sem habilidade ou inteligĂȘncia sĂŁo como enfermos que nĂŁo podem tolerar nem o calor nem o frio; a prosperidade exalta-os e a adversidade desalenta-os. SĂŁo perturbados por uma e por outra, ou melhor, por si prĂłprios, numa ou noutra, nĂŁo menos na prosperidade que na adversidade.
Teodoro, chamado o Ateu, costumava dizer que oferecia os seus discursos com a mĂŁo direita, mas os seus ouvintes recebiam-nos com a esquerda; os ignaros frequentemente dĂŁo mostras da sua inĂ©pcia oferecendo Ă  Fortuna uma recepção canhestra quando ela se apresenta de modo destro. Mas as pessoas sensatas agem como as abelhas, que extraem mel do tomilho, planta muito seca e azeda; similarmente, as pessoas sensatas muitas vezes obtĂȘm para si algo de Ăștil e aprazĂ­vel das mais adversas situaçÔes.

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Fervet Amor

DĂĄ para a cerca a estreita e humilde cela
Dessa que os seus abandonou, trocando
O calor da famĂ­lia ameno e brando
Pelo claustro que o sangue esfria e gela.

Nos florÔes manuelinos da janela
Papeiam aves o seu ninho armando,
VĂȘem-se ao longe os trigos ondulando ..
Maio sorri na Pradaria bela.

Zumbe o inseto na flor do rosmaninho:
Nas giestas pousa a abelha Ă©bria de gozo:
Zunem besouros e palpita o ninho.

E a freira cisma e cora, ao ver, ansioso,
Do seu catre virgĂ­neo sobre o linho
Um par de borboletas amoroso.

O cavalo que faz a corrida, a abelha que faz o mel e o homem que faz o bem, não fazem alarde disto, mas passam a fazer outras acçÔes do mesmo género.

Em Viagem

Desde aquela dor tamanha
Do momento em que parti
Um sĂł prazer me acompanha,
Filha, o de pensar em ti:

Por sobre a negra paisagem
Do meu ermo coração
O luar branco da tua imagem
Veste um benigno clarĂŁo.

A tarde, no azul celeste,
HĂĄ uma estrela esmorecida,
Que Ă© o beijo que tu me deste
Na hora da despedida.

Beijo tĂŁo longo e dolente,
TĂŁo longo e cortado de ais,
Que o meu coração pressente
Que nĂŁo te torno a ver mais.

Conto no céu estrelado
LĂĄgrimas de oiro sem fim:
É o pranto que tens chorado,
De dia e noite, por mim…

Quando me deito na cama
E vou quase adormecido,
Oiço a tua voz que me chama,
Num suplicante gemido.

Num gemido tĂŁo suave,
TĂŁo triste na noite escura,
Que Ă© como uma queixa d’ave
Presa numa sepultura!…

Em sonho, Ă s vezes, meu Deus,
Cuido que vou expirar,
Sem levar nos olhos meus
O teu derradeiro olhar.

E sem extremo conforto
Que eu ness’hora quero ter:
Beijar a fronte do morto
Aquela que o fez viver.

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Almas Indecisas

Almas ansiosas, trĂȘmulas, inquietas,
Fugitivas abelhas delicadas
Das colméias de luz das alvoradas,
Almas de melancĂłlicos poetas.

Que dor fatal e que emoçÔes secretas
vos tornam sempre assim desconsoladas,
Na pungĂȘncia de todas as espadas,
Na dolĂȘncia de todos os ascetas?!

Nessa esfera em que andais, sempre indecisa,
Que tormento cruel vos nirvaniza,
Que agonias titĂąnicas sĂŁo estas?!

Por que nĂŁo vindes, Almas imprevistas,
Para a missĂŁo das lĂ­mpidas Conquistas
E das augustas, imortais Promessas?!