Não há nenhuma vergonha em alguém ser feliz, mas seria vergonhoso ser feliz sozinho.
Passagens de Albert Camus
197 resultadosA idéia mais natural para o homem, a que lhe surge ingenuamente, como no fundo da sua natureza, é a idéia da sua inocência. Sob esse aspecto, somos todos como aquele francesinho que, em Buchenwald, teimava em querer apresentar um reclamação ao escrivão, prisoneiro como ele, que registrava sua chegada. Uma reclamação? O escrivão e os seus colegas riam: ‘Inútil, meu velho. Aqui, não se reclama.’ ‘Mas, veja bem, meu senhor’, dizia o francesinho, ‘o meu caso é excepcional. Sou inocente!
Julgavam-se livres e nunca alguém será livre enquanto houver flagelos.
Criar é também dar uma forma ao destino.
Todo o mal e amargura pode ser consolado com amor.
Não é o sofrimento das crianças que se torna revoltante em si mesmo, mas sim que nada justifica tal sofrimento.
Não há grandes dores em grandes arrependimentos, nem grandes recordações.Tudo se esquece, até mesmo os grandes amores. É o que há de triste e ao mesmo tempo de exaltante na vida. Há apenas uma certa maneira de ver as coisas e ela surge de vez em quando. É por isso que, apesar de tudo, é bom ter tido um grande amor, uma paixão infeliz na vida. Isso constitui pelo menos um álibi para o desespero sem razão que se apoderam de nós.
Contento-me com a Simpatia
Eu aprendi a contentar-me com a simpatia. Encontra-se mais facilmente e, depois, não nos impõe nenhum compromisso. «Creia na minha simpatia», no discurso interior precede imediatamente «e agora ocupemo-nos de outra coisa». É um sentimento de presidente de Conselho: obtém-se muito barato, depois das catástrofes. A amizade é menos simples. A sua aquisição é longa e difícil, mas, quando se obtém, já não há meio de nos desembaraçarmos dela, temos de fazer frente.
Ela refletia tudo sem nunca refletir, e que, com tanto silêncio e sombra, conseguia ficar à altura de qualquer luz.
Há meios que não se podem justificar.
Eu revolto-me, logo existo.
Charme é um jeito de ouvir a resposta ‘sim’ sem ter feito nenhuma pergunta clara.
O futuro é a única propriedade que os senhores concedem de boa vontade aos escravos.
Como deve ser duro viver somente com o que se sabe e que se tem lembrança, privado do que se espera.
Apenas uma frase lhe bastará para definir o homem moderno: fornicava e lia jornais.
Não é necessário existir Deus para criar a culpabilidade, nem para castigar. Para isso, bastam os nossos semelhantes, ajudados por nós mesmos. O senhor me falava do Juízo Final. Permita-me rir disso respeitosamente. Posso esperá-lo com tranqüilidade: conheci o que há de pior, que é o julgamento dos homens.
Não quero ser um génio… Já tenho problemas suficientes ao tentar ser um homem.
A grandeza do homem consiste na sua decisão de ser mais forte que a condição humana.
O sinal da juventude talvez seja uma extraordinária vocação para as felicidades fáceis.
Quando o Homem Quer
Sim, o homem é o seu próprio fim. E é o seu único fim. Se quer ser qualquer coisa, tem de ser nesta vida. Agora sei, aliás, que embora conquistadores falem algumas vezes de vencer e de exceder, o que eles querem sempre dizer é «excederem-se». Suponho que sabem o que isto quer dizer. Em certos momentos, todos os homens se sentem iguais a um deus. É assim, pelo menos, que se diz. Mas isto vem do facto de eles terem sentido, num instante, a espantosa grandeza do espírito humano. Os conquistadores são somente aqueles homens que sentem a sua força, o bastante para terem a certeza de viver constantemente nessas alturas e na plena consciência dessa grandeza. É uma questão de aritmética, de mais ou de menos. Os conquistadores são os que podem mais. Mas não podem mais do que o próprio homem quando ele o quer. É por isso que eles nunca deixam o crisol humano, mergulhando no mais ardente da alma das revoluções.