Passagens sobre Amantes

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Na casa onde Aureliano José dormia a sesta, as moças da vizinhança recebiam os seus amantes casuais. “Você me empresta o quarto, Pilar”, diziam simplesmente, quando já estavam dentro dele. “Claro”, dizia Pilar. E se alguém estivesse presente, explicava:
— Fico feliz sabendo que as pessoas estão felizes na cama. Jamais cobrava o serviço. Jamais negava o favor, como não o negara aos inumeráveis homens que a procuraram até o crepúsculo da sua maturidade, sem lhe proporcionar nem dinheiro nem amor, apenas, algumas vezes, prazer.

Amor sem Amar

Os amantes arrependem-se do bem que fizeram, quando o seu desejo já se exinguiu, ao passo que aqueles que não têm amor nunca tiveram a oportunidade de se arrepender; pois não é sob o jugo da paixão, mas voluntariamente, e conduzindo bem os seus interesses, sem ultrapassar os limites dos seus próprios recursos, que eles fazem bem ao amigo. Além disso, os amantes repassam na mente os danos que o amor lhes causou nos negócios e as liberalidades que eles fizeram, e, acrescentando a isso a dor que sentiram, julgam que há muito tempo que têm vindo a pagar o preço dos favores obtidos. Já aqueles que não estão apaixonados não podem nem usar como pretexto os seus negócios negligenciados por causa do amor, nem alegar as intrigas dos familiares, de modo que, isentos de todos esses aborrecimentos, eles só têm que se empenhar em fazer tudo o que acham que deve agradar ao seu bem-amado.

Sempre considerei esta antecâmara do amor, este bem-estar incerto, os indícios de um sentimento recíproco, o período mais proveitoso das relações entre homem e mulher e a prova disso é que, depois de quebrado o mistério, quando as certezas do corpo se afirmam sobre as suspeitas do espírito, os amantes tentam sempre regressar a esse momento inicial da inocência possível.

Tremo Quando te Escrevo

Meu amor adorado: a tua querida cartinha ao chegar-me hoje às mãos veio dar-me o primeiro momento de alegria desde que partiste. O que eu sinto corresponde exactamente – ai de mim – aos sentimentos que expressas, mas é-me muito difícil responder na tua bela língua a essas doces expressões, que merecem uma resposta mais em actos do que em palavras. Espero, no entanto, que o teu coração seja capaz de sugerir tudo o que o meu gostaria de te dizer. Talvez que se te amasse menos não me custasse tanto exprimir o meu pensamento, pois tenho de vencer a dupla dificuldade de expor um sofrimento insuportável numa língua estranha. Desculpa os meus erros. Quanto mais bárbaro for o meu estilo, mais se assemelhará ao meu Destino longe de ti. Tu, o meu único e derradeiro amor – tu, minha única esperança – tu, que já me habituara a considerar só minha – partiste e eu fiquei sozinho e desesperado. Eis a nossa história em poucas palavras. É esta uma provação que suportaremos como outras suportámos, porque o amor nunca é feliz, mas devemos, tu e eu, sofrer mais ainda, pois tanto a tua situação como a minha são igualmente extraordinárias.

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Chuva De Fogo

Meus olhos vão seguindo incendiados
a chama da leveza nesta dança,
que mostra velho sonho acalentado
de ver a bailarina que me alcança

os sentidos em febre, inebriados,
cativos do delírio e dessa trança.
É sonho, eu sei. E chega enevoado
na mantilha macia da lembrança:

o palco antigo, as luzes da ribalta,
renascença da graça do seu corpo,
balé de sedução, mar que me falta

para o mergulho calmo de um amante,
que se sabe maduro de esperar
essa viva paixão e seu levante.

É sabido que nós homens não buscamos na esposa as qualidades que adoramos e desprezamos na amante.

A Laís

À ciprina Laís, de quem sou tributário.
A Laís que possui compridas tranças pretas,
P’lo meu escravo mandei, no seu aniversário,
Um cacho moscatel num cabaz de violetas.

Os amantes, que dão às suas namoradas
Fulgurantes anéis de riqueza estupenda,
Luminosos rocais e redes consteladas,
Hão-de sorrir, bem sei da minha humilde of’renda.

Pensei em dar-lhe, é certo, um precioso colar
E um anel com mais luz do que o incêndio de Tróia,
Mas reconsiderei de pronto, ao atentar
Que ainda ninguém viu dar jóias a uma jóia…

XII

Fatigado da calma se acolhia
Junto o rebanho à sombra dos salgueiros;
E o sol, queimando os ásperos oiteiros,
Com violência maior no campo ardia.

Sufocava se o vento, que gemia
Entre o verde matiz dos sovereiros;
E tanto ao gado, como aos pegureiros
Desmaiava o calor do intenso dia.

Nesta ardente estação, de fino amante
Dando mostras Daliso, atravessava
O campo todo em busca de Violante.

Seu descuido em seu fogo desculpava;
Que mal feria o sol tão penetrante,
Onde maior incêndio a alma abrasava.

A insconstância e o Amor são incompatíveis. O amante que muda, não muda. Começa ou acaba de amar.

LXXIII

Quem se fia de Amor, quem se assegura
Na fantástica fé de uma beleza,
Mostra bem, que não sabe, o que é firmeza,
Que protesta de amante a formosura.

Anexa a qualidade de perjura
Ao brilhante esplendor da gentileza,
Mudável é por lei da natureza,
A que por lei de Amor é menos dura.

Deste, ó Fábio, que vês, desordenado,
Ingrato proceder se é que examinas
A razão, eu a tenho decifrado:

São as setas de Amor tão peregrinas,
Que esconde no gentil o golpe irado;
Para lograr pacífico as ruínas.

Arrufos

Não há no mundo quem amantes visse
Que se quisessem como nos queremos;
Mas hoje uma questiúncula tivemos
Por um caprichosinho, uma tolice.

– Acabemos com isto! ela me disse,
E eu respondi-lhe assim: – Pois acabemos!
– E fiz o que se faz em tais extremos:
Peguei no meu chapéu com fanfarrice,

E, dando um gesto de desdém profundo,
Saí cantarolando. Está bem visto
Que a forma ali contradizia o fundo.

Ela escreveu. Voltei. Nem Jesus Cristo,
Nem minha Mãe, voltando agora ao mundo,
Foram capazes de acabar com isto!

Os olhos transmitem um código de comunicação que somente os amantes podem decifrar. Se você ama, deixe os olhos falarem. Um olhar apaixonado entre um homem e uma mulher pode conter mais palavras que um dicionário…

Nunca um amante, por eloquente que seja, crê ter dito o bastante no interesse do seu amor.

Enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança.

Soneto I – Leandro E Hero

O facho do Helesponto apaga o dia,
Sem que aos olhos de Hero o sono traga,
Que dentro de sua alma não se apaga
O fogo com que o facho se acendia.

Aflita o seu Leandro ao mar pedia,
Que abrandado por ela, a prece afaga,
E traz-lhe o morto amante numa vaga,
(Talvez vaga de amor, inda que fria).

Ao vê-lo pasma, e clama num transporte —
“Leandro!… és morto?!… Que destino infando
Te conduz aos meus braços desta sorte?!!

Morreste!… mas… (e às ondas se arrojando
Assim termina já sorvendo a morte)
Hei de, mártir de amor, morrer te amando.”

Cantares Bacantes IV

São Mateus bebo teu verbo
conjugado na tintura,
semi-breve partitura
na regência d’um Efebo.

Ocarina chora uvas
esmagadas no sermão,
e esconde no coração
gotas vermelhas de chuvas.

Um pombo pousa na taça
evangelho vivo de asas:
traz ao bico, verde salsa.

A boa nova rascante
que me entra pela boca
doce beijo da amante.

O homem, verdadeiramente amante, desconfia sempre de si, receia sempre a sua inferioridade para merecer recompensa da mulher que, muitas vezes, não exige grandes provas.