Passagens sobre Amigos

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Suportar a Adversidade

Das ocorrências indesejadas, falando de maneira genérica, algumas acarretam naturalmente dor e vexação, mas, na maior parte dos casos, é falsa a noção que nos habituou a nos enfadarmos com elas. Como específico contra este tipo de ocorrência, é conveniente ter à mão um dito de Menandro: «Nada te aconteceu de facto enquanto não te importares muito com o ocorrido». Isso quer dizer que não há motivo para o teu corpo e a tua alma se mostrarem afectados se, por exemplo, o teu pai é de baixa extracção, a tua mulher cometeu adultério, tu mesmo te viste privado de alguma coroa honorífica ou privilégio especial, pois nada disso te impede de prosperar de corpo ou alma.
Para a primeira categoria – doenças, privações, a morte de amigos ou filhos -, que parece acarretar naturalmente dor e vexação, esta linha de Eurípedes deve estar à mão: “Ai! por que ai? É o quinhão da mortalidade que nos coube”. Nenhum outro argumento lógico pode romper de forma tão efectiva a espiral descendente das nossas emoções, do que a reflexão de que somente através da compulsão comum da Natureza, um dos elementos da sua constituição física, é que o homem se torna vulnerável à Fortuna;

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Por Quê ?

Foi tudo uma surpresa, tudo de repente,
talvez nenhum de nós saiba explicar porque,
– você deixou de ser o que era antigamente
e o que era antigamente eu já não sou, se vê…

Eu era um seu amigo. E pra mim, você
por muito tempo foi a amiga e a confidente,
– deixei-a ler, assim como um cigano lê
nas mãos, toda a minha alma indiferentemente…

Por muito tempo, os dois, felizes, nos julgamos,
ate que certo dia… (e eu não lhe disse nada
nem você disse nada) nós nos afastamos…

Hoje você me evita… Hoje evito a você…
E seguimos então, cada um por sua estrada
sem que nenhum de nós saiba explicar porque…

Toda a gente é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada.

O Que Verdadeiramente Mata Portugal

O que verdadeiramente nos mata, o que torna esta conjuntura inquietadora, cheia de angústia, estrelada de luzes negras, quase lutuosa, é a desconfiança. O povo, simples e bom, não confia nos homens que hoje tão espectaculosamente estão meneando a púrpura de ministros; os ministros não confiam no parlamento, apesar de o trazerem amaciado, acalentado com todas as doces cantigas de empregos, rendosas conezias, pingues sinecuras; os eleitores não confiam nos seus mandatários, porque lhes bradam em vão: «Sede honrados», e vêem-nos apesar disso adormecidos no seio ministerial; os homens da oposição não confiam uns nos outros e vão para o ataque, deitando uns aos outros, combatentes amigos, um turvo olhar de ameaça. Esta desconfiança perpétua leva à confusão e à indiferença. O estado de expectativa e de demora cansa os espíritos. Não se pressentem soluções nem resultados definitivos: grandes torneios de palavras, discussões aparatosas e sonoras; o país, vendo os mesmos homens pisarem o solo político, os mesmos ameaços de fisco, a mesma gradativa decadência. A política, sem actos, sem factos, sem resultados, é estéril e adormecedora.

Quando numa crise se protraem as discussões, as análises reflectidas, as lentas cogitações, o povo não tem garantias de melhoramento nem o país esperanças de salvação.

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Se não compreendeis o vosso amigo em todas as circunstância, nunca sereis capaz de o compreender.

Parcialidade na Apreciação

Para saberes o que uma pessoa pensa, de facto, da tua política, pede a um homem de confiança que exprima diante dela as tuas próprias opiniões, fazendo-as passar por suas. Ou então, lê um texto que tu mesmo redigiste, mas dizendo que provém de outra fonte, e observa a sua reacção.
Muitas vezes a amizade torna-nos demasiado benevolentes, confundindo a nossa clareza de ideias. Não que os nossos amigos não sejam sinceros quando nos elogiam ou nos encorajam nos nossos empreendimentos, mas a sua boa vontade está muito longe do verdadeiro juízo, que consiste em felicitar o interessado depois de nos termos informado a seu respeito e ter estudado em pormenor as suas acções e os seus métodos.

Quem exige ajuda constante, e, do mesmo modo, quem nunca a presta, não é amigo. O primeiro quer comprar o nosso esforço com o seu afecto; o segundo nos rouba, para todo o futuro, a esperança consoladora.

Extravio

Onde começo, onde acabo,
se o que está fora está dentro
como num círculo cuja
periferia é o centro?

Estou disperso nas coisas,
nas pessoas, nas gavetas:
de repente encontro ali
partes de mim: risos, vértebras.

Estou desfeito nas nuvens:
vejo do alto a cidade
e em cada esquina um menino,
que sou eu mesmo, a chamar-me.

Extraviei-me no tempo.
Onde estarão meus pedaços?
Muito se foi com os amigos
que já não ouvem nem falam.

Estou disperso nos vivos,
em seu corpo, em seu olfato,
onde durmo feito aroma
ou voz que também não fala.

Ah, ser somente o presente:
esta manhã, esta sala.

Se você sente que tudo perdeu seu sentido, sempre haverá um te quero, sempre haverá um amigo. Um amigo é uma pessoa com quem se pode pensar em voz alta.

Eu gostaria de ser lembrado como um homem que teve um tempo tempo maravilhoso a viver a vida, um homem que teve bons amigos, uma boa família – e penso que não puderia pedir mais do que isso, afinal.

Os Amigos dos Outros

Faz grandes elogios de alguém na presença de um terceiro. Se este se mantém calado, é porque não é amigo do primeiro. O mesmo poderás adivinhar se ele desviar a conversa para outro assunto, se mal responde, se se esforça por moderar os teus elogios, se se diz mal informado acerca da pessoa em causa ou ainda se se lança no elogio de pessoas que nada têm que ver.
Podes igualmente mencionar um acto admirável praticado por essa pessoa – um acto acerca do qual sabes que o teu interlocutor está perfeitamente ao corrente – para veres se aproveita ou não para o valorizar. Reagirá, talvez, dizendo que, nesse caso, foi uma questão de sorte ou que a Divina Providência é, por vezes, muito pródiga. Ou então aproveitará para gabar proezas ainda mais notáveis de outros. Pode ainda afirmar que essa tua pessoa se limitou a seguir um bom conselho.

Este é o primeiro preceito da amizade: pedir aos amigos só aquilo que é honesto, e fazer por eles apenas aquilo que é honesto.