Passagens sobre AusĂȘncia

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Frases sobre ausĂȘncia, poemas sobre ausĂȘncia e outras passagens sobre ausĂȘncia para ler e compartilhar. Leia as melhores citaçÔes em Poetris.

Honestidade, sinceridade, simplicidade, humildade, pura generosidade, ausĂȘncia de vaidade, prontidĂŁo para servir os outros – qualidades que estĂŁo ao fĂĄcil alcance de toda a gente -, sĂŁo o fundamento da vida espiritual.

Um Rafeiro Fiel de um Pastor Triste

TĂł, Mondego, vem cĂĄ; pois tu somente
Alivias um pouco o meu cuidado;
Que em parte se consola um desgraçado,
Quando tem quem lhe escute o mal que sente.

Tu firme; tu leal; tu finalmente
Me tens na minha ausĂȘncia acompanhado:
Raro impulso de amor! Porque ao seu lado
Ninguém quer suportar um descontente.

Ora deixa, que em prémio da piedade,
Com que o teu zelo ao meu tormento assiste,
Farei teu nome emblema da amizade.

E os versos meus que um tempo alegre ouviste
CantarĂŁo, para exemplo da lealdade,
Um Rafeiro fiel de um Pastor triste.

Os Melhores Momentos do Amor

Nos transportes do amor, na conversa com a amada, nos favores que recebes dela, atĂ© nos mais extremos, vais mais em busca da felicidade do que Ă  tentação de provar isso de que o teu coração agitado sente uma grande falta, um nĂŁo-sei-quĂȘ de menos do que ele esperava, um desejo de algo, mesmo de muito mais. Os melhores momentos do amor sĂŁo aqueles de uma tranquila e doce melancolia em que choras e nĂŁo sabes porquĂȘ, e te resignas quase na quietude a um infortĂșnio que desconheces. Nessa quietude, a tua alma estĂĄ quase cumulada, e quase sente o gosto da felicidade. Assim como no amor, que Ă© o estado da alma mais rico de prazeres e ilusĂ”es, a melhor parte, a via mais correcta para o prazer e para uma sombra de felicidade Ă© a dor.
(…) Quando um homem concebe o amor, o mundo inteiro se dissipa aos seus olhos, ele nĂŁo vĂȘ nada alĂ©m do ser amado, estĂĄ no meio da multidĂŁo, das conversas, em plena solidĂŁo, abstraĂ­do, fazendo os gestos que lhe inspira esse pensamento sempre imĂłvel e muito poderoso, sem se preocupar com a surpresa nem com o desprezo alheios, ele se esquece de tudo e tudo lhe parece tedioso sem esse Ășnico pensamento,

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Faltava-lhe o jeito de se ajeitar. SĂł vagamente tomava conhecimento da espĂ©cie de ausĂȘncia que tinha de si em si mesma.

Quem parte treme, quem regressa teme. Tem-se medo de se ter sido vencido pelo Tempo, medo de que a ausĂȘncia tenha devorado as lembranças. A saudade Ă© um morcego cego que falhou fruto e mordeu a noite.

A nĂŁo-violĂȘncia absoluta Ă© a ausĂȘncia absoluta de danos provocados a todo o ser vivo. A nĂŁo-violĂȘncia, na sua forma activa, Ă© uma boa disposição para tudo o que vive. É o amor na sua perfeição.

NĂŁo hĂĄ nada mais triste que uma ausĂȘncia (…), sĂł fica uma pungente melancolia, esta que faz (…) sentar ao cravo e tocar um pouco, quase nada, apenas passando os dedos pelas teclas como se estivessem olhando um rosto quando jĂĄ as palavras foram ditas ou sĂŁo de menos.

Amei-te sem Saberes

No avesso das palavras
na contrĂĄria face
da minha solidĂŁo
eu te amei
e acariciei
o teu imperceptĂ­vel crescer
como carne da lua
nos nocturnos lĂĄbios entreabertos

E amei-te sem saberes
amei-te sem o saber
amando de te procurar
amando de te inventar

No contorno do fogo
desenhei o teu rosto
e para te reconhecer
mudei de corpo
troquei de noites
juntei crepĂșsculo e alvorada

Para me acostumar
Ă  tua intermitente ausĂȘncia
ensinei Ă s timbilas
a espera do silĂȘncio

Confrontem-se com um cadĂĄver pelo menos uma vez. A ausĂȘncia absoluta de vida Ă© o confronto mais perturbador e desafiante que alguma vez irĂŁo ter.

Depender de Alguém

Depender de alguĂ©m, das ideias dos outros ou das filosofias das massas Ă© negar a nossa prĂłpria existĂȘncia, Ă© abdicar totalmente do poder que nos foi concedido Ă  nascença e a mais profunda ingratidĂŁo para com a oportunidade que nos foi dada de aqui estar. Como jĂĄ o disse, cada um de nĂłs Ă© um ser especial e precioso, com responsabilidades pessoais e sociais diferentes de todos os outros. Cada um de nĂłs pode fazer a diferença.
Quantas vezes jå deixaste de arriscar porque não to permitiram? Quantas vezes jå sonhaste com algo diferente daquilo que te foi imposto ou ensinado e por isso desististe? Quantas vezes foste feliz por depender de algo ou alguém?
Muitas pessoas optam, conscientemente, pela dependĂȘncia por acharem que a vida se torna mais fĂĄcil nesse estado de submissĂŁo. Na verdade nĂŁo lhes Ă© exigido que lutem por nada, por ninguĂ©m e, muito menos, por elas. Agora, pergunto eu, que interesse Ă© que isto tem? Esta gente, apesar de respirar e dar ares da sua graça, jĂĄ morreu e sĂł anda aqui a fazer figura de corpo presente, pois as suas vidas jĂĄ nĂŁo sĂŁo desafiantes. Ser dependente Ă© ter medo de assumir o risco das suas paixĂ”es,

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A Arte de Escutar

Quando escutares outra pessoa, nĂŁo escutes apenas com a tua mente, escuta com o teu corpo todo. Sente o campo de energia do teu corpo interior enquanto escutas. Isso afastarĂĄ a tua atenção do pensar e criarĂĄ um espaço de quietação que te permitirĂĄ escutares verdadeiramente sem que a tua mente interfira. EstarĂĄs a dar espaço Ă  outra pessoa – espaço para ser. É a prenda mais valiosa que podes oferecer. A grande maioria das pessoas nĂŁo sabe escutar porque a maior parte da sua atenção Ă© tomada pelo pensar. Prestam-lhe mais atenção do que Ă quilo que a outra pessoa estĂĄ a dizer, e absolutamente nenhuma ao que realmente interessa: o Ser da outra pessoa por baixo das palavras e da mente. É evidente que tu nĂŁo podes sentir o Ser de alguĂ©m excepto atravĂ©s do teu prĂłprio Ser. Isto Ă© o princĂ­pio da compreensĂŁo da unicidade, que Ă© amor. Ao nĂ­vel mais profundo do Ser, tu Ă©s uno com tudo o que Ă©.

A maioria dos relacionamentos humanos consiste principalmente em mentes a interagir umas com as outras, e nĂŁo de seres humanos a comunicar, a entrar em comunhĂŁo. Nenhum relacionamento pode florescer dessa maneira, e Ă© por isso que existem entre eles tantos conflitos.

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A Vulgaridade Intelectual

Hoje, (…) o homem mĂ©dio tem as «ideias» mais taxativas sobre quanto acontece e deve acontecer no universo. Por isso perdeu o uso da audição. Para quĂȘ ouvir, se jĂĄ tem dentro de si o que necessita? JĂĄ nĂŁo Ă© Ă©poca de ouvir, mas, pelo contrĂĄrio, de julgar, de sentenciar, de decidir. NĂŁo hĂĄ questĂŁo de vida pĂșblica em que nĂŁo intervenha, cego e surdo como Ă©, impondo as suas «opiniĂ”es».
Mas não é isto uma vantagem? Não representa um progresso enorme que as massas tenham «ideias», quer dizer, que sejam cultas? De maneira alguma. As «ideias» deste homem médio não são autenticamente ideias, nem a sua posse é cultura. A ideia é um xeque-mate à verdade. Quem queira ter ideias necessita antes de dispor-se a querer a verdade, e aceitar as regras do jogo que ela imponha. Não vale falar de ideias ou opiniÔes onde não se admite uma instùncia que as regula, uma série de normas às quais na discussão cabe apelar. Estas normas são os princípios da cultura. Não me importa quais são. O que digo é que não hå cultura onde não hå normas. A que os nossos próximos possam recorrer.
NĂŁo hĂĄ cultura onde nĂŁo hĂĄ princĂ­pios de legalidade civil a que apelar.

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Se me Aparto de ti, Deus da Bondade

Se me aparto de ti, Deus da bondade,
Que ausĂȘncia tĂŁo cruel! Como Ă© possĂ­vel
Que me leve a um abismo tĂŁo terrĂ­vel
O pendor infeliz da humanidade!

Conforta-me, Senhor, que esta saudade
Me despedaça o coração sensível;
Se a teus olhos na cruz sou desprezĂ­vel,
NĂŁo olhes para a minha iniquidade!

À suave esperança me entregaste,
E o preço de teu sangue precioso
Me afiança que não me abandonaste.

Se, justo, castigar-me te é forçoso,
lembra-te que te amei, e me criaste
para habitar contigo o CĂ©u lustroso!

Visita-me Enquanto não Envelheço

visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado

tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores

ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcĂŁo a lava do desejo
subindo Ă  boca sulfurosa dos espelhos

antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne HĂ©buterne a paixĂŁo
derrama-se quando tua ausĂȘncia se prende Ă s veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marĂ­timas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindĂĄvel ĂĄgua

com teu sabor de açĂșcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te

Morrer por vontade prĂłpria supĂ”e que se reconheceu, mesmo instintivamente, o carĂĄter ridĂ­culo desse costume, a ausĂȘncia de qualquer motivo profundo para viver, o carĂĄter insensato da agitação cotidiana e a inutilidade do sofrimento. (p. 19)