Passagens sobre AusĂȘncia

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Frases sobre ausĂȘncia, poemas sobre ausĂȘncia e outras passagens sobre ausĂȘncia para ler e compartilhar. Leia as melhores citaçÔes em Poetris.

Confrontem-se com um cadĂĄver pelo menos uma vez. A ausĂȘncia absoluta de vida Ă© o confronto mais perturbador e desafiante que alguma vez irĂŁo ter.

Depender de Alguém

Depender de alguĂ©m, das ideias dos outros ou das filosofias das massas Ă© negar a nossa prĂłpria existĂȘncia, Ă© abdicar totalmente do poder que nos foi concedido Ă  nascença e a mais profunda ingratidĂŁo para com a oportunidade que nos foi dada de aqui estar. Como jĂĄ o disse, cada um de nĂłs Ă© um ser especial e precioso, com responsabilidades pessoais e sociais diferentes de todos os outros. Cada um de nĂłs pode fazer a diferença.
Quantas vezes jå deixaste de arriscar porque não to permitiram? Quantas vezes jå sonhaste com algo diferente daquilo que te foi imposto ou ensinado e por isso desististe? Quantas vezes foste feliz por depender de algo ou alguém?
Muitas pessoas optam, conscientemente, pela dependĂȘncia por acharem que a vida se torna mais fĂĄcil nesse estado de submissĂŁo. Na verdade nĂŁo lhes Ă© exigido que lutem por nada, por ninguĂ©m e, muito menos, por elas. Agora, pergunto eu, que interesse Ă© que isto tem? Esta gente, apesar de respirar e dar ares da sua graça, jĂĄ morreu e sĂł anda aqui a fazer figura de corpo presente, pois as suas vidas jĂĄ nĂŁo sĂŁo desafiantes. Ser dependente Ă© ter medo de assumir o risco das suas paixĂ”es,

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A Arte de Escutar

Quando escutares outra pessoa, nĂŁo escutes apenas com a tua mente, escuta com o teu corpo todo. Sente o campo de energia do teu corpo interior enquanto escutas. Isso afastarĂĄ a tua atenção do pensar e criarĂĄ um espaço de quietação que te permitirĂĄ escutares verdadeiramente sem que a tua mente interfira. EstarĂĄs a dar espaço Ă  outra pessoa – espaço para ser. É a prenda mais valiosa que podes oferecer. A grande maioria das pessoas nĂŁo sabe escutar porque a maior parte da sua atenção Ă© tomada pelo pensar. Prestam-lhe mais atenção do que Ă quilo que a outra pessoa estĂĄ a dizer, e absolutamente nenhuma ao que realmente interessa: o Ser da outra pessoa por baixo das palavras e da mente. É evidente que tu nĂŁo podes sentir o Ser de alguĂ©m excepto atravĂ©s do teu prĂłprio Ser. Isto Ă© o princĂ­pio da compreensĂŁo da unicidade, que Ă© amor. Ao nĂ­vel mais profundo do Ser, tu Ă©s uno com tudo o que Ă©.

A maioria dos relacionamentos humanos consiste principalmente em mentes a interagir umas com as outras, e nĂŁo de seres humanos a comunicar, a entrar em comunhĂŁo. Nenhum relacionamento pode florescer dessa maneira, e Ă© por isso que existem entre eles tantos conflitos.

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A Vulgaridade Intelectual

Hoje, (…) o homem mĂ©dio tem as «ideias» mais taxativas sobre quanto acontece e deve acontecer no universo. Por isso perdeu o uso da audição. Para quĂȘ ouvir, se jĂĄ tem dentro de si o que necessita? JĂĄ nĂŁo Ă© Ă©poca de ouvir, mas, pelo contrĂĄrio, de julgar, de sentenciar, de decidir. NĂŁo hĂĄ questĂŁo de vida pĂșblica em que nĂŁo intervenha, cego e surdo como Ă©, impondo as suas «opiniĂ”es».
Mas não é isto uma vantagem? Não representa um progresso enorme que as massas tenham «ideias», quer dizer, que sejam cultas? De maneira alguma. As «ideias» deste homem médio não são autenticamente ideias, nem a sua posse é cultura. A ideia é um xeque-mate à verdade. Quem queira ter ideias necessita antes de dispor-se a querer a verdade, e aceitar as regras do jogo que ela imponha. Não vale falar de ideias ou opiniÔes onde não se admite uma instùncia que as regula, uma série de normas às quais na discussão cabe apelar. Estas normas são os princípios da cultura. Não me importa quais são. O que digo é que não hå cultura onde não hå normas. A que os nossos próximos possam recorrer.
NĂŁo hĂĄ cultura onde nĂŁo hĂĄ princĂ­pios de legalidade civil a que apelar.

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Se me Aparto de ti, Deus da Bondade

Se me aparto de ti, Deus da bondade,
Que ausĂȘncia tĂŁo cruel! Como Ă© possĂ­vel
Que me leve a um abismo tĂŁo terrĂ­vel
O pendor infeliz da humanidade!

Conforta-me, Senhor, que esta saudade
Me despedaça o coração sensível;
Se a teus olhos na cruz sou desprezĂ­vel,
NĂŁo olhes para a minha iniquidade!

À suave esperança me entregaste,
E o preço de teu sangue precioso
Me afiança que não me abandonaste.

Se, justo, castigar-me te é forçoso,
lembra-te que te amei, e me criaste
para habitar contigo o CĂ©u lustroso!

Visita-me Enquanto não Envelheço

visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado

tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores

ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcĂŁo a lava do desejo
subindo Ă  boca sulfurosa dos espelhos

antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne HĂ©buterne a paixĂŁo
derrama-se quando tua ausĂȘncia se prende Ă s veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marĂ­timas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindĂĄvel ĂĄgua

com teu sabor de açĂșcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te

Morrer por vontade prĂłpria supĂ”e que se reconheceu, mesmo instintivamente, o carĂĄter ridĂ­culo desse costume, a ausĂȘncia de qualquer motivo profundo para viver, o carĂĄter insensato da agitação cotidiana e a inutilidade do sofrimento. (p. 19)

A solidĂŁo nĂŁo Ă© e nunca serĂĄ a ausĂȘncia dos outros, mas sim a falta que te fazes a ti prĂłprio.

Morte nĂŁo Ă© coisa alguma. É a ausĂȘncia de presença, nada mais… O tempo sem fim, de nunca voltar atrĂĄs… um buraco que vocĂȘ nĂŁo pode ver, e quando o vento sopra nĂŁo faz nenhum som.

As Vantagens de se Ser um Pobre-Diabo

Para aquele que nĂŁo Ă© nobre, mas dotado de algum talento, ser um pobre-diabo Ă© uma verdadeira vantagem e uma recomendação. Pois o que cada um mais procura e aprecia, nĂŁo apenas na simples conversação, mas sobretudo no serviço pĂșblico, Ă© a inferioridade do outro. Ora, sĂł um pobre-diabo estĂĄ convencido e compenetrado em grau suficiente da sua completa, profunda, decisiva, total inferioridade e da sua plena insignificĂąncia e ausĂȘncia de valor, tal como exige o caso. Apenas ele, portanto, inclina-se amiĂșde e por bastante tempo, e apenas a sua reverĂȘncia atinge plenos noventa graus; apenas ele suporta tudo e ainda sorri; apenas ele conhece como obras-primas, em pĂșblico, em voz alta ou em grandes caracteres, as inĂ©pcias literĂĄrias dos seus superiores ou dos homens influentes em geral; apenas ele sabe como mendigar; por conseguinte, apenas ele se pode tornar um iniciado, a tempo, portanto, na juventude, naquela verdade oculta que Goethe nos revelou nos seguintes termos:

Sobre a baixeza

Que ninguém se lamente:

Pois ela Ă© a potĂȘncia,

NĂŁo importa o que te digam.
Em contrapartida, quem jĂĄ nasceu com uma fortuna que lhe garanta a existĂȘncia irĂĄ posicionar-se, na maioria das vezes,

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Como se Morre de Velhice

Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
nĂŁo tem eco, na ausĂȘncia imensa.

Na ausĂȘncia, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estĂ­mulo ou recompensa
onde o amor equivale Ă  ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(JĂĄ nĂŁo se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

AusĂȘncia

Por muito tempo achei que a ausĂȘncia Ă© falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje nĂŁo a lastimo.
NĂŁo hĂĄ falta na ausĂȘncia.
A ausĂȘncia Ă© um estar em mim.
E sinto-a, branca, tĂŁo pegada, aconchegada nos meus
[braços,
que rio e danço e invento exclamaçÔes alegres,
porque a ausĂȘncia, essa ausĂȘncia assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Que Amor Fez sem Remédio, o Tempo, os Fados?

Depois de tantos dias mal gastados,
Depois de tantas noites mal dormidas,
Depois de tantas lĂĄgrimas vertidas,
Tantos suspiros vĂŁos vĂŁmente dados,

Como nĂŁo sois vĂłs jĂĄ desenganados,
Desejos, que de cousas esquecidas
Quereis remediar mortais feridas,
Que amor fez sem remédio, o tempo, os Fados?

Se nĂŁo tivĂ©reis jĂĄ longa exp’riĂȘncia
Das sem-razÔes de Amor a quem servistes,
Fraqueza fora em vĂłs a resistĂȘncia.

Mas pois por vosso mal seus males vistes,
Que o tempo nĂŁo curou, nem larga ausĂȘncia,
Qual bem dele esperais, desejos tristes?