Barriga inchada nĂŁo Ă© fartura.
Passagens sobre Barriga
37 resultadosBarriga quente, pé dormente.
Barriga farta, pé dormente.
Barriga vazia nĂŁo tem ouvidos.
Barriga de moço, não tem osso.
O Amor Era a Festa do Inimitável
O amor, outrora, era a festa do individual, do inimitável, a glória do que é único, do que não suporta qualquer repetição. Mas o umbigo não só não se revolta contra a repetição, é um apelo às repetições! Vamos viver, no nosso milénio, sob o signo do umbigo. Sob este signo, somos todos, tanto um como outro, soldados do sexo, com o mesmo olhar fixo não sobre a mulher amada mas sobre o mesmo pequeno buraco no meio da barriga que representa o único sentido, o único fim, o único futuro de todo o desejo erótico.
A decisão será melhor quando tiveres enchido a barriga.
Barriga cheia, pé dormente.
A barriga faz a perna andar.
PĂŁo comprado nĂŁo enche barriga.
Barriga vazia, nĂŁo tem alegria.
Dos quarenta anos para riba, nĂŁo molhes a barriga.
Por mais talentos com que tenhas sido dotado, nem sempre consegues encher a barriga, ao passo que, se tiveres um instinto apurado, isso garante-te que nunca passarás fome.
O Mar Da Minha Aldeia É Doce E Calmo
O mar da minha aldeia Ă© doce e calmo
mas se alimenta no sal dos meus olhos.
NĂŁo Ă© azul e reza em negro salmo
quando essas águas tragam o fumo eólioAs almas que o conhecem palmo a palmo
sabem do escasso peixe em seu espĂłlio
Ah, várzeas alagadas! Onda e espasmo
nessas barrigas d’águas-promontóriosCrianças se alimentam dessa argila
em cuias com chibé de mandioca
farinha de um maná que a fé ventilaDo barro vem barroca que se espoca
na lama de uma origem que destila
febres palustres, fome que se estoca
Barriga cheia, companhia desfeita.
Um Homem Possui TrĂŞs EstĂ´magos
– Há muitos tipos dc comida — disse o coronel Mõller enquanto abanava o filho.- Um homem possui trĂŞs estĂ´magos: um na barriga, outro no peito e outro na cabeça. O da barriga, toda a gente sabe para que serve; o do peito mastiga a respiração, que Ă© a nossa comida mais urgente. Uma pessoa morre sem ar muito mais depressa do que sem água e pĂŁo. E por fim há o estĂ´mago da cabeça, que se alimenta de palavras e de letras. Os primeiros dois estĂ´magos do homem alimentam-se atravĂ©s da boca c do nariz, ao passo que o terceiro estĂ´mago se alimenta principalmente atravĂ©s dos olhos e dos ouvidos, apesar de usar tudo o resto dc um modo mais subtil.
— Para mim — disse o mordomo —, as palavras são uma grande palermice.
O Homem Amesquinhado
Apesar do quadro negro de uma cĂşpula polĂtica e intelectual desvairada e grossa e de um povo abandonado a seu prĂłprio destino, ainda havia ali, no paĂs, naquele espantoso verĂŁo de 1955, uma considerável energia vital, uma exaltada alegria de viver, acentuada, em alguns lugares e num ou noutro indivĂduo, ainda mais possuĂdo do gozo pleno de um extraodinário senso lĂşdico tropical. Estávamos, poderĂamos nos considerar como estando, num dos Ăşltimos redutos do ser humano. Depois disso viria o fim, nĂŁo, como todos pensavam, com um estrondo, mas com um soluço. A densa nuvem desceria, nĂŁo, como todos pensavam, feita de molĂ©culas radioativas, mas da grosseria de todos os dias, acumulada, aumentada, transmitida, potenciada. O homem se amesquinharia, vĂtima da mesquinharia do seu semelhante, cada dia menos atento a um gesto de gentileza, a um ato de beleza, a um olhar de amor desinteressado, a uma palavra dita com uma precisa propriedade. E tudo começou a ficar densamente escuro, porque tudo era terrivelmente patrocinado por enlatadores de banha, fabricantes de chouriço e vendedores de desodorante, de modo que toda a pretensa graça da vida se dirigia apenas Ă barriga dos gordos, Ă tripa dos porcos, ou, no máximo de finura e elegância,
Sol bem alto, barriga bem cheia.
Controlar a Timidez
Nunca consegui controlar a timidez. Quando tive que enfrentar em carne viva a incumbĂŞncia que nos deixou o pai errante, aprendi que a timidez Ă© um fantasma invencĂvel. De cada vez que tinha que solicitar um crĂ©dito, mesmo dos combinados de antemĂŁo em lojas de amigos, demorava horas em redor da casa, reprimindo a vontade de chorar e as contracções da barriga, atĂ© que me atrevia por fim, com as mandĂbulas tĂŁo apertadas que nĂŁo me saĂa a voz. Havia sempre algum comerciante sem coração para me atrapalhar ainda mais: «MiĂşdo parvo, nĂŁo se pode falar com a boca fechada.» Mais de uma vez regressei a casa com as mĂŁos vazias e uma desculpa inventada por mim. Mas nunca mais tornei a ser tĂŁo desgraçado como da primeira vez que quis falar pelo telefone na loja da esquina. O dono ajudou-me com a operadora, pois ainda nĂŁo existia o serviço automático. Senti o sopro da morte quando me deu o auscultador. Esperava uma voz serviçal e o que ouvi foi o latido de alguĂ©m que falava no escuro ao mesmo tempo que eu. Pensei que o meu interlocutor tambĂ©m nĂŁo me ouvia e levantei a voz tanto quanto pude. O outro,
Barriga cheia, cara alegre.