Passagens sobre CalĂșnia

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Os homens sĂł me lisonjeiam enquanto nĂŁo me torno incĂłmodo para eles. Se tento, no entanto, servir algum fim que julguem prejudicĂĄ-los, passam imediatamente ao ultraje e Ă  calĂșnia sĂł para defenderem os seus interesses. E aqueles que nĂŁo tomam parte activa, geralmente curvam-se por cobardia.

HĂĄ numerosos indivĂ­duos civilizados que recuariam aterrados perante a ideia do assassĂ­nio ou do incesto, mas que nĂŁo desdenham satisfazer a sua cupidez, a sua agressividade, as suas cobiças sexuais, que nĂŁo hesitam em prejudicar os seus semelhantes por meio da mentira, do engano, da calĂșnia, contanto que o possam fazer com impunidade.

Testemunhas Aparentes

NĂŁo me preocupa tanto qual eu seja para outrem como me preocupa qual eu seja em mim mesmo. Quero ser rico por mim, nĂŁo por emprĂ©stimo. Os estranhos vĂȘem apenas os acontecimentos e as aparĂȘncias externas; cada qual pode ter um ar alegre exteriormente e por dentro estar cheio de febre e receio. Eles nĂŁo vĂȘem o meu coração; vĂȘem apenas o meu comportamento. Tem-se razĂŁo em depreciar a hipocrisia que existe na guerra; pois o que Ă© mais fĂĄcil para um homem oportunista do que esquivar-se dos perigos e fazer-se de bravo, tendo o Ăąnimo repleto de frouxidĂŁo? HĂĄ tantos meios de evitar as ocasiĂ”es de arriscar-se pessoalmente que teremos enganado o mundo mil vezes antes de encetarmos um passo perigoso; e mesmo entĂŁo, vendo-nos entravados, nesse momento bem sabemos encobrir o nosso jogo com um ar alegre e uma palavra serena, embora a alma nos trema interiormente.
E se alguĂ©m pudesse usar o anel de PlatĂŁo, que tornava invisĂ­vel quem o levasse no dedo e o virasse para a palma da mĂŁo, muitas pessoas amiĂșde se esconderiam quando mais Ă© preciso apresentar-se e se arrependeriam de estar colocadas num lugar tĂŁo honroso, no qual a necessidade as torna seguras: Quem pode alegrar-se com falsas honrarias e temer a calĂșnia,

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A Cada Virtude Corresponde um VĂ­cio

Habituo-me a sĂł pensar bem dos meus amigos, a confiar-lhe os meus segredos e o meu dinheiro; nĂŁo tarda que me traiam. Se me revolto contra uma perfĂ­dia sou eu, sempre, a sofrer o castigo. Esforço-me por amar os homens em geral; faço-me cego aos seus erros e deixo, indulgente ao mĂĄximo, passar infĂąmias e calĂșnias: uma bela manhĂŁ acordo cĂșmplice. Se me afasto de uma sociedade que considero mĂĄ, bem depressa sou atacado pelos demĂłnios da solidĂŁo; e procurando amigos melhores, acho os piores.
Mesmo depois de vencer as paixĂ”es mĂĄs e chegar, pela abstinĂȘncia, a uma certa tranquilidade de espĂ­rito, sinto uma auto-satisfação que me eleva acima do prĂłximo; e temos Ă  vista o pecado mortal, a vaidade imediatamente castigada.

Aos Mesmos

De insĂ­pida sessĂŁo no inĂștil dia
Juntou-se do Parnaso a galegage;
Em frase hirsuta, em gĂłtica linguage,
Belmiro um ditirambo principia.

Taful que o portuguĂȘs nĂŁo lhe entendia,
Nem ao resto da cĂŽmica salsage,
Saca o soneto que lhe fez Bocage,
E conheceu-se nele a Academia.

Dos sĂłcios o pior silvou qual cobra,
Desatou-se em trovÔes, desfez-se em raios,
Dando ao triste Bocage o que lhe sobra.

Fez na calĂșnia vil cruĂ©is ensaios,
E jaz com grandes créditos a obra
Entre mĂŁos de marujos e lacaios.

A lĂ­ngua que calunia mata trĂȘs pessoas ao mesmo tempo: a que profere a calĂșnia, a que escuta, e a pessoa sobre a qual se fala.

A calĂșnia Ă© como uma moeda falsa: muitos que nĂŁo gostariam de a ter emitido, fazem-na circular sem escrĂșpulos.

Inominado Nome

Persigo-o no ininteligĂ­vel arbĂ­trio
dos astros, na clandestina linfa
que percorre os tĂșrgidos corredores
do indecifrĂĄvel, nos falsos indĂ­cios
que, de fogos fĂĄtuos, escurecem

a persistente incĂłgnita do nome.
Em persegui-lo persisto onde, bem
sei, nĂŁo lograrei achĂĄ-lo, que nunca
achado serå em tempo ou espaço
que excedam meu limite e dimensĂŁo.

Um nome, ainda obscuro, pressinto
no sal da boca amarga, Conheço-lhe
o rosto familiar, desfocado embora,
no halo do tempo e da distĂąncia.
É, creio, a face indefectível de tudo

quanto tenho de calar. Este nome
(este rosto) habita-me silente, contra
a recusa, a mentira, ou a calĂșnia.
Na epiderme, nos nervos e na carne,
sobre a lĂ­ngua e o palato, adivinho-lhe

forma, sabor e propósito. Ouço-o
dentro de mim, mau grado
o queira ou nĂŁo, que em mim
sĂł estĂĄ sofrĂȘ-lo porque em mim
vive e dura, enquanto eu dure e viva.

E nĂŁo por meu mal, que meu
mal seria, mais que perdĂȘ-lo,
sem ele viver.
Um rosto persigo,
um nome guardo no sal da boca

amarga,

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O Amor como Factor Civilizador

As provas da psicanĂĄlise demonstram que quase toda relação emocional Ă­ntima entre duas pessoas que perdura por certo tempo — casamento, amizade, as relaçÔes entre pais e filhos — contĂ©m um sedimento de sentimentos de aversĂŁo e hostilidade, o qual sĂł escapa Ă  percepção em consequĂȘncia da repressĂŁo. Isso acha-se menos disfarçado nas altercaçÔes comuns entre sĂłcios comerciais ou nos resmungos de um subordinado em relação ao seu superior. A mesma coisa acontece quando os homens se reĂșnem em unidades maiores. Cada vez que duas famĂ­lias se vinculam por matrimĂłnio, cada uma delas se julga superior ou de melhor nascimento do que a outra. De duas cidades vizinhas, cada uma Ă© a mais ciumenta rival da outra; cada pequeno cantĂŁo encara os outros com desprezo. Raças estreitamente aparentadas mantĂȘm-se a certa distĂąncia uma da outra: o alemĂŁo do sul nĂŁo pode suportar o alemĂŁo setentrional, o inglĂȘs lança todo tipo de calĂșnias sobre o escocĂȘs, o espanhol despreza o portuguĂȘs. NĂŁo ficamos mais espantados que diferenças maiores conduzam a uma repugnĂąncia quase insuperĂĄvel, tal como a que o povo gaulĂȘs sente pelo alemĂŁo, o ariano pelo semita.
Quando essa hostilidade se dirige contra pessoas que de outra maneira sĂŁo amadas,

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O triunfo de um ideal moral Ă© obtido usando os mesmos meios imorais utilizados para obter qualquer outro triunfo: a violĂȘncia, a mentira, a calĂșnia, a injustiça.

A calĂșnia Ă© sem dĂșvida, o pior dos flagelos, visto que faz dois culpados e uma vĂ­tima.

A calĂșnia Ă© como uma vespa que o importuna e, contra a qual, nĂŁo se deve fazer qualquer movimento, a nĂŁo ser que se tenha a certeza de a matar.

Os Artistas Verdadeiros nĂŁo TĂȘm Ideologia

Dia entre pescadores. Eles a pescarem sardinha para a fome orgĂąnica do corpo, e eu a pescar imagens para uma necessidade igual do espĂ­rito. Tisnados de saĂșde, os homens olham-me; e eu, amarelo de doença, olho-os tambĂ©m. Certamente que se julgam mais justificados do que eu, e que o mundo inteiro lhes dĂĄ razĂŁo. Mas da mesma maneira que eles, sem que ninguĂ©m lhes peça sardinha, se metem Ă s ondas, tambĂ©m eu, sem que ninguĂ©m me peça poesia, me lanço a este mar da criação. HĂĄ uma coisa que nenhuma ideologia pode tirar aos artistas verdadeiros: Ă© a sua consciĂȘncia de que sĂŁo tĂŁo fundamentais Ă  vida como o pĂŁo. Podem acusĂĄ-los de servirem esta ou aquela classe. Pura calĂșnia. É o mesmo que dizer que uma flor serve a princesa que a cheira. O mundo nĂŁo pode viver sem flores, e por isso elas nascem e desabrocham. Se olhos menos avisados passam por elas e as nĂŁo podem ver, a traição nĂŁo Ă© delas, mas dos olhos, ou de quem os mantĂ©m cegos e incultos.

Ode Ă  Amizade

Se depois do infortĂșnio de nascermos
Escravos da Doença e dos Pesares
Alvos de Invejas, alvos de CalĂșnias
Mostrando-nos a campa
A cada passo aberta o Mar e a Terra;
Um raio despedido, fuzilando
Terror e morte, no rasgar das nuvens
O tenebroso seio
A Divina Amizade nĂŁo viera
Com piedosa mĂŁo limpar o pranto,
Embotar com dulcĂ­ssono conforto
As lanças da Amargura;
O Såbio espedaçara os nós da vida
Mal que a RazĂŁo no espelho da ExperiĂȘncia
Lhe apontasse apinhados inimigos
C’o as cruas mĂŁos armadas;
Terna Amizade, em teu altar tranquilo
Ponho — por que hoje, e sempre arda perene
O vago coração, ludíbrio e jogo
Do zombador Tirano.
Amor me deu a vida: a vida enjeito,
Se a Amizade a nĂŁo doura, a nĂŁo afaga;
Se com mais fortes nĂłs, que a Natureza,
Lhe nĂŁo ata os instantes.
Que só ditosos são na aberta liça
Dois mortais, que nos braços da Amizade,
Estreitos se unem, bebem de teu seio
NectĂĄrea valentia.
Tu cerceias o mal, o bem dilatas,
E as almas que cultivas cuidadosa,

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