Esquecemos mil vezes e morremos mil vezes, o que nos permite continuar vivos.
Passagens de Carlos Drummond de Andrade
1088 resultadosHá uma espécie de pudor tão refolhado que nos impede de confessar a nós mesmos nossos desejos e intenções.
O criador
A mão de meu irmão desenha um jardim
e ele surge da pedra. Há uma estrela no pátio.
Uma estrela de rosa e de gerânio.
Mas seu perfume não me encanta a mim.
O que respiro é a glória de meu mano.
O cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustar-se-á quem pensar que nele encontrará riqueza.
Contrariando Voltaire, o feio não ama o feio — e isto é trágico.
O melhor remédio contra a saudade é a falta de memória.
A vida do homem pode resumir-se num passeio ao longo das mulheres que ele amou ou que não entendeu.
Até a cor do arrependimento desbota com o tempo.
Há muitas razões para duvidar e uma só para crer.
Procuramos no cadáver o traço que nos diferencia dele.
A contracultura não carece de justificativa, mas a cultura a exige.
O povo bom e simples, suas cores vistosas, pelo campo… Tão Brasil!
Sentimos falta até do que não existiu, e dói muito.
A surdez é bálsamo que poucos sabem usar.
O mal da fraternidade é elevar ao infinito o número de nossos irmãos.
Não se sabe por que os irracionais falam tão pouco, e os racionais tanto.
O caminho aguarda os pés, que enveredam por outro caminho.
A criança julga-se proprietária do mundo, e às vezes o é, de berço.
No mármore de tua bunda No mármore de tua bunda gravei o meu epitáfio. Agora que nos separamos, minha morte já não me pertence. Tu a levaste contigo.
Há no macaco uma inteligência não aproveitada que faz falta a muita gente.