– O senhor cultiva epigramas? – Não, só a grama do meu jardim.
Passagens de Carlos Drummond de Andrade
1088 resultadosNão há invejosos; há admiradores vesgos.
Os tiranos acabam se tiranizando a si próprios, e só a revolução os salva.
Há quem se arrependa dos pecados não cometidos.
Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado.
O futuro pertence a Deus, que não sabe onde o escondeu.
A culinária é a arte de fazer obras-primas que logo se desfazem.
A medalha serve para fazer História sem documentação.
Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes.
O olho é fiscal da realidade e sua vítima.
A paixão extinta leva à reconstituição da vida como material de suas cinzas.
Para suprimir o racismo seria necessário suprimir a noção de raça.
Não me julguem pelos meus pensamentos secretos; até a mim eles assustam.
A malícia de Deus foi criar o homem à sua semelhança, mas finito e limitado, para evitar competição.
Todos têm interiormente uma ilha para se refugiarem do próximo, mas nem todos sabem desfrutá-la.
É próprio da mulher o sorriso que nada promete e permite imaginar tudo.
Não é difícil ser amado por duas pessoas; difícil é amar as duas.
A casa deve ser complemento e negação da rua.
A morte ri de quem se finge de morto, e chega para dar-lhe crédito.
O suicida espera provar que não ser é superior a ser.