A Grandiosidade do Homem Depende da Mulher, mas Só Enquanto não a Possui…
O homem deve à mulher tudo quanto fez de belo, de insigne, de espantoso, porque da mulher recebeu o entusiasmo; ela é o ser que exalta. Quantos moços imberbes, tocadores de flauta, não celebraram já o tema? E quantas pastoras ingénuas não o ouviram também? Confesso a verdade quando digo que a minha alma está isenta de inveja e cheia de gratidão para com Deus; antes quero ser homem pobre de qualidades, mas homem, do que mulher – grandeza imensurável, que encontra a sua felicidade na ilusão. Vale mais ser uma realidade, que ao menos possui uma significação precisa, do que ser uma abstracção susceptível de todas as interpretações. É, pois, bem verdade: graças à mulher é que a idealidade aparece na vida; que seria do homem, sem ela? Muitos chegaram a ser génios, heróis, e outros santos, graças às mulheres que amaram; mas nenhum homem chegou a ser génio por graça da mulher com quem casou; por essa, quando muito, consegue o marido ser conselheiro de Estado; nenhum homem chegou a ser herói pela mulher que conquistou, porque essa apenas conseguiu que ele chegasse a general; nenhum homem chegou a ser poeta inspirado pela companheira de seus dias, porque essa apenas conseguiu que ele fosse pai;
Passagens sobre Casados
94 resultadosEstranho dizer que prazer, nós, pessoas casadas, temos em ver esses pobres tolos caindo na mesma armadilha que nós.
Estranho dizer o prazer que nós, pessoas casadas, temos em ver esses pobres tolos caindo na mesma armadilha que nós.
No Amor Somos Todos Meninos
No amor, somos todos meninos. Meninas, pequenos, pequeninos. Sentimo-nos coisas poucas perante a glória descarada de quem amamos. Quem ama não passa de um recém-nascido, que recém-nasce todos os dias.
Hoje não é diferente. Hoje é o dia, no ano de 2000, em que tive a sorte de me casar com a Maria João, cega, linda e enganada nesse momento como até agora, graças a um Deus que privilegia os que não merecem.
Os casamentos estão para os números e para a sorte como as rifas e as lotarias. Havendo amor, passa-se a semana a pensar que se vai ganhar e depois há um dia em que se perde – quando há discussões – seguido de mais uma semana com uma nova esperança. O amor está lá sempre, quer se ganhe ou se perca. O amor corresponde ao jogo em si. Há jogos sucessivos com resultados diferentes, mas o jogo é sempre o mesmo. Aos jogadores apenas se pede o impossível, facilmente concedido: acreditar que podem ganhar. Estamos casados há 11 anos. Passaram num instante. Pareceram mais do que 11 dias, mas menos, muito menos do que 11 meses.
Dizem que os números não querem dizer nada.
Um Segredo de um Casamento Feliz
Desde que a Maria João e eu fizemos dez anos de casados que estou para escrever sobre o casamento. Depois caí na asneira de ler uns livros profissionais sobre o casamento e percebi que eu não percebo nada sobre o casamento.
Confesso que a minha ambição era a mais louca de todas: revelar os segredos de um casamento feliz. Tendo descoberto que são desaconselháveis os conselhos que ia dar, sou forçado a avisar que, quase de certeza, só funcionam no nosso casamento.
Mas vou dá-los à mesma, porque nunca se sabe e porque todos nós somos muito mais parecidos do que gostamos de pensar.
O casamento feliz não é nem um contrato nem uma relação. Relações temos nós com toda a gente. É uma criação. É criado por duas pessoas que se amam.
O nosso casamento é um filho. É um filho inteiramente dependente de nós. Se nós nos separarmos, ele morre. Mas não deixa de ser uma terceira entidade.
Quando esse filho é amado por ambos os casados – que cuidam dele como se cuida de um filho que vai crescendo -, o casamento é feliz. Não basta que os casados se amem um ao outro.
Apaixonados somos poetas, casados somos filósofos.
Muitos homens preferem pagar, exactamente para não terem afecto nem sentimento, exactamente para humilharem e serem humilhados. A fuga ao amor é um facto. Paga-se para fugir. Até homem casado gosta, às vezes, de sustentar a casa para transformar a esposa em objecto pago.
És Música e a Música Ouves Triste?
És música e a música ouves triste?
Doçura atrai doçura e alegria:
porque amas o que a teu prazer resiste,
ou tens prazer só na melancolia?se a concórdia dos sons bem afinados,
por casados, ofende o teu ouvido,
são-te branda censura, em ti calcados,
porque de ti deviam ter nascido.Vê que uma corda a outra casa bem
e ambas se fazem mútuo ordenamento,
como marido e filho e feliz mãeque, todos num, cantam de encantamento:
É canção sem palavras, vária e em
uníssono: “só não serás ninguém”.
Filha casada, não faltam casões.
O Casamento é a Mais Rica Aventura Humana
Meu caro leitor!
Se não tens tempo nem oportunidade para consagrar uma dezena de anos da tua vida a uma viagem em volta do mundo para observar tudo o que um circunavegador pode aprender; se te falta, por não teres estudado por muito tempo as línguas estrangeiras, os dons e os meios de te iniciar nas mentalidades diversas dos povos que se revelam aos cientistas; se não pensas em descobrir um novo sistema astronómico que suprima o de Copérnico, bem como o de Ptolomeu – então, casa-te; e mesmo que tenhas tempo para viajar, dons para os estudos e a esperança de fazer descobertas, casa-te do mesmo modo. Tu não te arrependerás, ainda que isso te impeça de conheceres todo o Globo terrestre, de te exprimires em muitas línguas e de compreenderes o espaço celeste; pois o casamento é e continuará a ser a viagem da descoberta mais importante que o homem pode empreender; qualquer outro conhecimento da vida, comparado ao de um homem casado, é superficial, pois ele e só ele penetrou verdadeiramente na existência.
Douto, Prudente, Nobre, Humano, Afável
Ao desembargador Belchior da Cunha Brochado, casado com uma filha de Sebastião Barbosa, Capitão de infantaria do III da Praça da Bahia.
Douto, prudente, nobre, humano, afável.
Reto, ciente, benigno e aprazível.
Único, singular, raro, inflexível.
Magnífico, preclaro, incomparável.Do mundo grave juiz. Inimitável.
Admirado, gozais aplauso incrível,
Pois a trabalho tanto e tão terrível,
Dais pronto execução sempre incansável.Vossa fama, senhor, seja notória
Lá no clima onde nunca chega o dia.
Onde do Erebo só se tem memóriaPara que garbo tal, tanta energia!
Pois de toda esta terra é gentil glória,
Da mais remota seja uma alegria.
Um homem apaixonado é incompleto até que ele tenha se casado. Aí então, ele está acabado.
Os rituais são importantes. Hoje em dia, está na moda não ser casado. Eu não tenho interesse em estar na moda.
Muitas vezes, a única coisa que separa um homem encantador de uma mulher encantadora é serem casados um com o outro.
O homem casado é o mais paciente dos animais domésticos.
O Mundo dos Solteiros
Agora a sério: você conhece algum solteiro verdadeiramente satisfeito com a sua condição de solteiro? Eu não. Conheço vários solteiros que se dizem satisfeitos com a sua condição de solteiros, mas que de bom grado imediatamente se casariam. Não se casam por inércia, por cobardia, muitas vezes por falta de sorte – mas é por uma vida a dois que suspiram. É da natureza humana. Uma coisa é estar entre casamentos. Outra é ser solteiro. E o solteiro cool é uma construção tão artificial como o da gordinha «muito» simpática. Você conhece alguma gordinha «muito» simpática em que essa tão óbvia simpatia não seja excessiva, provavelmente fabricada – e mensageira sobretudo de uma profunda solidão? Eu não.
(…) É um mundo sombrio, o mundo dos solteiros – um mundo de ansiedades, de cinismo, de ressentimento, de egoísmo. Se os solteiros solitários são tristes, aliás, os solteiros gregários são-no ainda mais. Você já foi a algum jantar em que os presentes fossem maioritariamente solteiros? Eu já. E, sempre que fui, voltei deprimido. Ia deprimido – e deprimido voltei. Íamos deprimidos – e deprimidos voltámos. Todos. Fizemos o que pudemos, claro: trocámos palavras, trocámos solidariedades, trocámos mimos. No fim, nada.
O Casal Comum
Depois da época de palavras de amor, de palavras de raiva, de palavras, as relações entre os dois tornaram-se aos poucos impossíveis de resultar numa frase ou numa realidade clara. À medida que estavam casados há tanto tempo, as divergências, as desconfianças, certa rivalidade jamais chegavam à tona, embora elas existissem entre eles como o plano dentro do qual se entendiam. Esse estado quase impedia uma ofensa e uma defesa, e jamais uma explicação. Formavam o que se chama um casal comum.
Felizmente, até na Igreja os tempos estão mudados. Porque eu recordo, quando era criança, que se ouvia dizer nas famílias católicas, e também na minha: «Não, a casa deles não se pode ir, porque não são casados pela Igreja.» Era como uma exclusão. Não, não se podia ir! Ou porque eram socialistas ou ateus, dizia-se: «Não se pode ir a casa deles!» Hoje em dia, graças a Deus, já não se diz.
Eu não sei nada sobre sexo, porque eu sempre estou casada.
A lua-de-mel é mais longa para os amantes que para os casados.