Passagens sobre Cavalos

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Frases sobre cavalos, poemas sobre cavalos e outras passagens sobre cavalos para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Circo. Um lugar em que cavalos, pôneis e elefantes podem assistir a homens, mulheres e crianças bancando os idiotas.

Porque o Melhor, Enfim

Porque o melhor, enfim,
É nĂŁo ouvir nem ver…
Passarem sobre mim
E nada me doer!

_ Sorrindo interiormente,
Co’as pálpebras cerradas,
Às águas da torrente
Já tão longe passadas. _

Rixas, tumultos, lutas,
NĂŁo me fazerem dano…
Alheio Ă s vĂŁs labutas,
Às estações do ano.

Passar o estio, o outono,
A poda, a cava, e a redra,
E eu dormindo um sono
Debaixo duma pedra.

Melhor até se o acaso
O leito me reserva
No prado extenso e raso
Apenas sob a erva

Que Abril copioso ensope…
E, esvelto, a intervalos
Fustigue-me o galope
De bandos de cavalos.

Ou no serrano mato,
A brigas tĂŁo propĂ­cio,
Onde o viver ingrato
Dispõe ao sacrifício

Das vidas, mortes duras
Ruam pelas quebradas,
Com choques de armaduras
E tinidos de espadas…

Ou sob o piso, até,
Infame e vil da rua,
Onde a torva ralé
Irrompe, tumultua,

Se estorce, vocifera,
Selvagem nos conflitos,
Com Ă­mpetos de fera
Nos olhos,

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A Idade da Derrota Aceite

Tenho sessenta anos. Não te iludas: não estou ainda bastante fraco para ceder às imaginações do medo, quase tão absurdas como as da esperança e seguramente muito mais penosas. Se fosse preciso enganar-me a mim mesmo, preferia que fosse no sentido da confiança; não perderia mais com isso e sofreria menos. Este fim tão próximo não é necessariamente imediato; deito-me ainda, todas as noites, com a esperança de chegar à manhã seguinte. Adentro dos limites intransponíveis de que te falei há pouco, posso defender a minha posição passo a passo e recuperar mesmo algumas polegadas do terreno perdido. Não deixo por isso de ter chegado à idade em que a vida se torna, para cada homem, uma derrota aceite. Dizer que os meus dias estão contados não significa nada; sempre assim foi; é assim para todos nós. Mas a incerteza do lugar, do tempo e do modo, que nos impede de distinguir bem o fim para o qual avançamos sem cessar, diminui para mim à medida que a minha doença mortal progride. Qualquer pessoa pode morrer de um momento para o outro, mas o doente sabe que passados dez anos já não será vivo.
A minha margem de hesitação já não se alonga em anos,

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Nada Pode Haver de mais Belo

Amigo Bernardo, dos desertos do RoncĂŁo d’el-Rei, na mais bela poĂ©tica noite de luar que ver se possa, te escreve este teu amigo. Nada pode haver de mais belo; os rouxinĂłis cantam Ă  desgarrada, o ar rescende dos milhares de loendros (laurier-rose) que cobrem as encostas alcantiladas do Guadiana. Que maravilha, que encanto, que tristeza (tu, com certeza, aqui choravas)! Neste momento, houve-se o sinistro roncar da coruja e o longĂ­nquo uivar dos lobos, misturado com o forte ladrar dos rafeiros e os nossos cavalos relincham inquietos nas quadras… É Ă  luz dum prosaico castiçal (uma garrafa com uma vela) que te escrevo estas sentidas regras, que espraio sobre este branco papel as ondas da minha melancolia. E como nĂŁo estar melancĂłlico se acabamos de fazer dezasseis lĂ©guas a cavalo em oito horas e nĂŁo descansámos e nĂŁo dormimos a noite passada senĂŁo uma mĂ­sera hora e vemos apenas diante de nĂłs umas velhas esteiras, as nossas mantas, e os aparelhos dos nossos cavalos como travesseiros, para passarmos umas noites.

Acreditei que Podia Dar-te um CĂ©u para Brincares

Filho. Gostava que houvesse uma aragem qualquer que me explicasse esse teu sorriso e outra que te explicasse, sem te magoar, o meu silêncio. Gostava de aprender o trejeito dos teus lábios, a maneira dos teus olhos, e to lembrar quando tivesses a minha idade. Fui um dia a tua inocência. E dela ficou-me a grande inocência de acreditar.
Acreditei que podia dar-te um céu para brincares e que a vida seria o que nós quiséssemos. Assim. Bastaria querermos, esforçarmo-nos muito, trabalharmos, e teríamos então o que desejássemos. Não digo coisas majestosas, roupas bonitas ou charretes, mas comida, comida gostosa e bem temperada, e um cavalo de cartão novo, se por acaso esquecesses o teu no quintal numa noite de chuva. Acreditei que a felicidade dos teus olhos a sorrir podia voltar aos olhos da tua mãe, aos meus e perdurar intocada nos teus. Acreditei em tantas coisas. Sabes, aproximo-me da vila e o que me espera é morrer um pouco mais. Preferia que não o soubesses, mas infelizmente nem isso posso esconder-te, porque um dia, quando te contarem a história da tua vida, dir-te-ão que numa noite de estrelas, o teu pai foi à vila e levou uma sova;

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A Ăšnica Qualidade EspecĂ­fica do Homem

Esforça-te por que nĂŁo te suceda o mesmo que a mim: começar os estudos na velhice. E esforça-te tanto mais quanto enveredaste por um estudo que dificilmente chegarás a dominar mesmo na velhice. «AtĂ© que ponto poderei progredir?» – perguntas-me. AtĂ© ao ponto onde chegarem os teus esforços. De que estás Ă  espera? O saber nĂŁo se obtĂ©m por obra do acaso. O dinheiro pode cair-te em sorte, as honras serem-te oferecidas, os favores e os altos cargos poderĂŁo talvez acumular-se sobre ti: a virtude, essa, nĂŁo virá ter contigo! NĂŁo Ă© sem custo, sem grandes esforços, que chegamos a conhecĂŞ-la; mas vale bem a pena o esforço, porquanto de uma sĂł vez se obtĂŞm todos os bens possĂ­veis. De facto, o Ăşnico bem Ă© aquele que Ă© conforme Ă  moral; nos valores aceites pela opiniĂŁo comum nĂŁo encontrarás a mĂ­nima parcela de verdade ou de certeza.
(…) Cada coisa Ă© avaliada por uma qualidade especĂ­fica. O valor da videira está na sua produtividade, o do vinho no seu sabor, o do veado na sua rapidez; o que nos interessa nas bestas de carga Ă© a sua força, pois elas apenas servem para isso mesmo: transportar carga. Num cĂŁo a primeira qualidade Ă© o faro,

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Pára-me de Repente o Pensamento

Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz, do esquecimento…

Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára m cavalo alucinado
Ante um abismo sĂşbito rasgado…
Pára e fica e demora-se um momento.

Pára e fica na doida correria…
Pára à beira do abismo e se demora
E mergulha na noite escura e fria

Um olhar de aço que essa noite explora…
Mas a espora da dor seu flanco estria
E ele galga e prossegue sob a espora.

As Pessoas nĂŁo Sabem o que Querem Antes de lho Mostrarmos

A minha paixão tem sido construir uma empresa duradoura onde as pessoas se sintam motivadas para grandes produtos. Tudo o mais era secundário. Claro que era bom ter lucros, pois só assim era possível fazer grandes produtos. Mas o principal factor de motivação eram os produtos, não o lucro. Sculley deslocou estas prioridades para o objectivo de fazer dinheiro. Trata-se de uma diferença subtil, mas que acaba por fazer toda a diferença: as pessoas que contratamos, quem é promovido, os assuntos que discutimos nas reuniões.
Algumas pessoas dizem: “DĂŞem aos clientes o que eles querem.” Mas essa nĂŁo Ă© a minha abordagem. A nossa missĂŁo consiste em antecipar aquilo que eles vĂŁo querer. Penso que o Henri Ford teria dito uma vez que se perguntasse aos clientes aquilo que eles queriam, a resposta teria sido: “Um cavalo mais rápido!”. As pessoas nĂŁo sabem o que querem antes de lho mostrarmos. É por isso que nĂŁo confio nos estudos de mercado. A nossa missĂŁo consiste em ler as coisas antes de elas terem sido escritas.

O Ferrador de Cavalos

Em que lĂ­ngua falarei
ao ferrador de cavalos?
Por que, na minha lĂ­ngua
de assombro e vogal,
sĂł falo a mim mesmo
— ao meu nada e ao meu tudo —
e nem sequer disponho
do gesto dos mudos?
Se as palavras morrem
Ă  mĂ­ngua como os homens
e se o silĂŞncio fala
seu prĂłprio idioma
em que lĂ­ngua direi
ao homem diferente
que ele Ă© meu semelhante
quando o vejo ferrar
o casco de um cavalo?
Empunhando o martelo
ele me conta histĂłrias
de cravos perdidos
e cavalos mancos.
Palavras que se perdem
como ferraduras
no caminho do pasto.

Saberei Conquistá-la Através de Todos os Sacrifícios

Perdoe-me se me apaixonei a este ponto de si. Mas nĂŁo passarei daqui, nem ninguĂ©m me verá! Fechado num quarto da pousada, espero a sua resposta. Esperarei seis horas por umas linhas suas e depois volto para Paris. Já nem sei viver, vagueio por aĂ­, ferido de morte. Prefiro cansar-me em longos passeios a cavalo, a consumir-me na solidĂŁo, ou no meio de pessoas que deixaram de me entender… Ordene-me que parta e nĂŁo tornará a ser atormentada por um homem a quem um mĂŞs bastou para perder a razĂŁo.
Muito gostaria de surpreender o seu primeiro pensamento ao acordar; não posso descrever-lhe o reconhecimento que me enche o coração, este coração que reclama apenas a sua amizade, que saberá conquistá-la através de todos os sacrifícios, que é completamente vosso até ao seu último alento.
NĂŁo me conformo com a ideia de ser abandonado. O seu interesse Ă©-me mil vezes mais preciso do que a prĂłpria vida, mas saberei moderar a expressĂŁo dos meus sentimentos e nĂŁo terei outras aspirações do que as que me forem permitidas; tambĂ©m saberei esconder-lhe os meus temores; respeitarei o seu repouso – mas vĂŞ-la-ei, e nunca mais haverá felicidade na minha vida se nĂŁo puder consagrar-lha inteiramente.

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A Cidade Bela

Quanto Ă© bela Ulisseia! E quanto Ă© grata
Dos sete montes seus ao longe a vista!
Das altas torres, pĂłrticos soberbos
Quanto Ă© grande, magnĂ­fico o prospecto!
Humilde e bonançoso o flavo Tejo,
Sobre areias aurĂ­feras correndo,
As praias lhe enriquece, as plantas beija.
QuĂŁo denso bosque de cavalos pinhos
Sobre a espádua sustenta! Do Oriente
Rubins acesos, fugidas safiras,
E da opulenta América os tesouros,
Cortando os mares lĂ­quidos, trouxeram.
Nela Ă© mais puro o ar; e o CĂ©u se esmalta
De mais sereno azul. O Sol brilhante,
Correndo o vasto CĂ©u, se apraz de vĂŞ-la.
E quase se suspende, e, meigo, envia
Sobre ela o raio extremo, quando acaba
A lĂşcida carreira, a frente de ouro
No seio esconde das cerĂşleas ondas.