Passagens sobre CĂ©u

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Frases sobre céu, poemas sobre céu e outras passagens sobre céu para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Os Amigos Infelizes

Andamos nus, apenas revestidos
Da mĂşsica inocente dos sentidos.

Como nuvens ou pássaros passamos
Entre o arvoredo, sem tocar nos ramos.

No entanto, em nĂłs, o canto Ă© quase mudo.
Nada pedimos. Recusamos tudo.

Nunca para vingar as prĂłprias dores
Tiramos sangue ao mundo ou vida Ă s flores.

E a noite chega! Ao longe, morre o dia…
A Pátria Ă© o CĂ©u. E o CĂ©u, a Poesia…

E há mãos que vêm poisar em nossos ombros
E somos o silĂŞncio dos escombros.

Ă“ meus irmĂŁos! em todos os paĂ­ses,
Rezai pelos amigos infelizes!

Os críticos podem dizer que determinado poema, longamente ritmado, não quer, afinal, dizer senão que o dia está bom. Mas dizer que o dia está bom é difícil, e o dia bom, ele mesmo, passa. Temos pois que conservar o dia bom em memória florida e prolixa, e assim constelar de novas flores ou de novos astros os campos ou os céus da exterioridade vazia e passageira.

Feliz como uma Criança

Oh! A idade venturosa da infância! Onde há outra mais feliz e mais tranquila, mais sorridente – isto Ă©, mais egoĂ­sta?… Em volta de nĂłs podem suceder as piores catástrofes. Se elas nos nĂŁo arrancam nem os brinquedos nem os bolos, nĂŁo nos atingem de forma alguma… nĂŁo as compreendemos sequer…
Quando muito, correm-nos lágrimas vendo chorar as nossas mĂŁes. No entanto, Ă© sĂł ainda vagamente que percebemos a dor humana. Por isso as nossas lágrimas secam depressa diante dos brinquedos. E se o quadro em que nos agitamos Ă© risonho, a infância tansforma-se-nos entĂŁo num jardim maravilhoso. Para as crianças felizes, sĂł para elas, existe realmente um cĂ©u – o ceĂş dos seus primeiros anos.

VĂŁo Arrebatamento

Partes um dia das Curiosidades
Do teu ser singular, partes em busca
De alamas irmĂŁs, cujo esplendor ofusca
As celestes, divinas claridades.

Rasgas terras e céus, imensidades,
Dos perigos da Vida a vaga brusca,
Queima-te o sol que na AmplidĂŁo corusca
E consola-te a lua das saudades.

Andas por toda a parte, em toda a parte
A sedução das almas a falar-te,
Como da Terra luminosos marcos.

E a sorrir e a gemer e soluçando
Ah! Sempre em busca de almas vais andando
Mas em vez delas encontrando charcos!

Minh’alma Está Agora Penetrando

Minh’alma está agora penetrando
Lá na etérea plaga, cristalina!
Que mĂşsica meu Deus febril, divina
Nos páramos azuis vai retumbando!

AlĂ©m, d’áureo dossel se está rasgando
Custosa, de primor, esmeraldina
Diáfana, sutil, longa cortina
Enquanto céus se vão duplando!

Em grande pedestal marmorizado
De Paiva se divisa o busto enorme
Soberbo como o sol, de luz croado

De um lado o porvir — Antheu disforme
Dos lábios faz soltar pujante brado
Hosanas! nĂŁo morreu! apenas dorme.

Vós, Crédulos Mortais, Alucinados

Vós, crédulos mortais, alucinados
de sonhos, de quimeras, de aparĂŞncias
colheis por uso erradas consequĂŞncias
dos acontecimentos desastrados.

Se à perdição correis precipitados
por cegas, por fogosas, impaciĂŞncias,
indo a cair, gritais que sĂŁo violĂŞncias
de inexoráveis céus, de negros fados.

Se um celeste poder tirano e duro
Ă s vezes extorquisse as liberdades,
que prestava, Ăł RazĂŁo, teu lume puro?

Não forçam corações as divindades,
fado amigo não há nem fado escuro:
fados são as paixões, são as vontades.

Alucinação

Ă“ solidĂŁo do Mar, Ăł amargor das vagas,
Ondas em convulsões, ondas em rebeldia,
Desespero do Mar, furiosa ventania,
Boca em fel dos tritões engasgada de pragas.

Velhas chagas do sol, ensangĂĽentadas chagas
De ocasos purpurais de atroz melancolia,
Luas tristes, fatais, da atra mudez sombria
Da trágica ruína em vastidões pressagas.

Para onde tudo vai, para onde tudo voa,
Sumido, confundido, esboroado, Ă -toa,
No caos tremendo e nu dos tempo a rolar?

Que Nirvana genial há de engolir tudo isto –
– Mundos de Inferno e CĂ©u, de Judas e de cristo,
Luas, chagas do sol e turbilhões do Mar?!

O céu ainda não está acabado. São as mulheres que, desde há milénios, vão tecendo esse infinito véu.

Como Lidar com as Perturbações

Não pretendem os estóicos que a alma do seu sábio possa resistir às primeiras visões e fantasias que lhe sobrevêm; antes, como a uma sujeição natural, consentem que ele ceda ao grande barulho do céu ou de um desabamento, por exemplo, até à palidez e à contracção. Assim também nas outras paixões (impressões penosas), contanto que o seu julgamento permaneça salvo e íntegro e que a disposição do seu raciocínio não sofra dano nem qualquer alteração, e que ele não dê a menor aquiescência ao seu terror e sofrimento.
Para aquele que não é sábio acontece o mesmo na primeira parte, mas coisa muito diferente na segunda; pois nele a impressão das paixões não permanece superficial, mas vai penetrando até à sede da razão, infectando-a e corrompendo-a. Ele julga segundo as paixões e a elas se conforma. Vede muito eloquente e claramente o estado do sábio estóico: Inutilmente as suas lágrimas rolam: a sua alma é inflexível (Virgílio). O sábio peripatético não se isenta das perturbações, e sim modera-as.

Os pensamentos mais belos e as ideias mais baixas não alteram o aspecto eterno da nossa alma, como os Himalaias ou os precipícios não modificam, no meio das estrelas do céu, o aspecto da nossa terra.

Quanta Tristeza e Amargura

Quanta tristeza e amargura afoga
Em confusĂŁo a ‘streita vida!
Quanto InfortĂşnio mesquinho
Nos oprime supremo!
Feliz ou o bruto que nos verdes campos
Pasce, para si mesmo anĂ´nimo, e entra
Na morte como em casa;
Ou o sábio que, perdido
Na ciĂŞncia, a fĂştil vida austera eleva
Além da nossa, como o fumo que ergue
Braços que se desfazem
A um céu inexistente.

A Jovem Cativa

(André Chenier)

— “Respeita a foice a espiga que desponta;
Sem receio ao lagar o tenro pâmpano
Bebe no estio as lágrimas da aurora;
Jovem e bela também sou; turvada
A hora presente de infortúnio e tédio
Seja embora: morrer nĂŁo quero ainda!

De olhos secos o estĂłico abrace a morte;
Eu choro e espero; ao vendaval que ruge
Curvo e levanto a tímida cabeça.
Se há dias maus, também os há felizes!
Que mel nĂŁo deixa um travo de desgosto?
Que mar nĂŁo incha a um temporal desfeito?

Tu, fecunda ilusĂŁo, vives comigo.
Pesa em vão sobre mim cárcere escuro,
Eu tenho, eu tenho as asas da esperança:
Escapa da prisĂŁo do algoz humano,
Nas campinas do céu, mais venturosa,
Mais viva canta e rompe a filomela.

Deve acaso morrer ? TranqĂĽila durmo,
TranqĂĽila velo; e a fera do remorso
NĂŁo me perturba na vigĂ­lia ou sono;
Terno afago me ri nos olhos todos
Quando apareço, e as frontes abatidas
Quase reanima um desusado jĂşbilo.

Desta bela jornada Ă© longe o termo.

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Musa Infeliz

Todo o cuidado nestas rimas ponho;
Musa, peço-te, pois, que me remetas
Versos que tenham rĂştilas facetas,
E nĂŁo revelem trovador bisonho.

Meia noite bateu. Sai risonho…
Brilhava – oh, musa, nĂŁo me comprometas! –
O mais belo de todos os planetas
N’um cĂ©u que parecia um cĂ©u de sonho.

O mais belo de todos os prazeres
Gozei, Ă  doce luz dos olhos pretos
Da mais bela de todas as mulheres!

Pobres quartetos! mĂ­seros tercetos!…
Musa, musa infeliz, dar-me nĂŁo queres.
O mais belo de todos os sonetos!…

A um Retrato

Amo-te, flor! Se te amo, Deus que o sabe
Que o diga a teus irmĂŁos, que o CĂ©u povoam
E ébrios de glória cânticos entoam
A quem no mar, na Terra e CĂ©us nĂŁo cabe.

Se te amo, flor! que o diga o mar que expele
Quanto Ă© domĂ­nio, e beija humilde a praia…
Se mal que a Lua lá das ondas saia
Nas rochas me nĂŁo vĂŞ gemer com ele!

Amo-te, flor! Se te amo, o Sol que o diga:
Quando lá da montanha aos Céus se eleva,
Se entre os vermes do pĂł, que o vento leva,
Me banha a mim também na luz amiga.

Se te amo, flor? Sem ti… que noite escura,
Meu céu, meu campo em flor, meu dia e tudo!
Diga-te a noite minha se te iludo,
Se em vida já sem ti sonhei ventura!

O anjo que no berço humilde e escasso
Do CĂ©u me veio alumiar piedoso
E em lágrimas e riso, pranto e gozo,
Desde entĂŁo me acompanha passo a passo;

És tu! Amo-te e muito!

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Divisamos assim o Adolescente

Divisamos assim o adolescente,
A rir, desnudo, em praias impolutas.
Amado por um fauno sem presente
E sem passado, eternas prostitutas
Velam por seu sono. Assim, pendente
O rosto sobre um ombro, pelas grutas
Do tempo o contemplamos, refulgente
Segredo de uma concha sem volutas.
Infância e madureza o cortejavam,
Velhice vigilante o protegia.
E loucos e ladrões acalentavam
Seu sonho suave, até que um deus fendia
O céu, buscando arrebata-lo, enquanto
Durasse ainda aquele breve encanto.

Elegia do Amor

Lembras-te, meu amor,
Das tardes outonais,
Em que Ă­amos os dois,
Sozinhos, passear,
Para fora do povo
Alegre e dos casais,
Onde sĂł Deus pudesse
Ouvir-nos conversar?
Tu levavas, na mĂŁo,
Um lĂ­rio enamorado,
E davas-me o teu braço;
E eu, triste, meditava
Na vida, em Deus, em ti…
E, além, o sol doirado
Morria, conhecendo
A noite que deixava.
Harmonias astrais
Beijavam teus ouvidos;
Um crepĂşsculo terno
E doce diluĂ­a,
Na sombra, o teu perfil
E os montes doloridos…
Erravam, pelo Azul,
Canções do fim do dia.
Canções que, de tão longe,
O vento vagabundo
Trazia, na memĂłria…
Assim o que partiu
Em frágil caravela,
E andou por todo o mundo,
Traz, no seu coração,
A imagem do que viu.

Olhavas para mim,
Ă€s vezes, distraĂ­da,
Como quem olha o mar,
Ă€ tarde, dos rochedos…
E eu ficava a sonhar,
Qual névoa adormecida,
Quando o vento também
Dorme nos arvoredos.
Olhavas para mim…
Meu corpo rude e bruto
Vibrava,

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As gralhas afirmam que basta uma para destruir o céu. Não há dúvida quanto a isso, mas não prova nada contra o céu, pois os céus significam justamente: impossibilidade de gralhas.

Horas De Sombra

Horas de sombra, de silĂŞncio amigo
Quando há em tudo o encanto da humildade
E que o anjo branco e belo da saudade
Roga por nĂłs o seu perfil antigo.

Horas que o coração não vê perigo
De gozar, de sentir com liberdade…
Horas da asa imortal da Eternidade
Aberta sobre tumular jazigo.

Horas da compaixĂŁo e da clemĂŞncia,
Dos segredos sagrados da existĂŞncia,
De sombras de perdĂŁo sempre benditas.

Horas fecundas, de mistério casto,
Quando dos céus desce, profundo e vasto,
O repouso das almas infinitas.

Branco e Vermelho

A dor, forte e imprevista,
Ferindo-me, imprevista,
De branca e de imprevista
Foi um deslumbramento,
Que me endoidou a vista,
Fez-me perder a vista,
Fez-me fugir a vista,
Num doce esvaimento.
Como um deserto imenso,
Branco deserto imenso,
Resplandecente e imenso,
Fez-se em redor de mim.

Todo o meu ser, suspenso,
Não sinto já, não penso,
Pairo na luz, suspenso…
Que delĂ­cia sem fim!
Na inundação da luz
Banhando os céus a flux,
No ĂŞxtase da luz,
Vejo passar, desfila
(Seus pobres corpos nus
Que a distancia reduz,
Amesquinha e reduz
No fundo da pupila)
Na areia imensa e plana
Ao longe a caravana
Sem fim, a caravana
Na linha do horizonte
Da enorme dor humana,
Da insigne dor humana…
A inĂştil dor humana!
Marcha, curvada a fronte.
Até o chão, curvados,
Exaustos e curvados,
VĂŁo um a um, curvados,
Escravos condenados,
No poente recortados,
Em negro recortados,
Magros, mesquinhos, vis.
A cada golpe tremem
Os que de medo tremem,

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