Então! Disfarçar minha dor Eu não consigo dizer: Somos sempre bons amigos É muita mentira para mim…
Passagens de Chico Buarque
140 resultadosAo povo nossas carícias Ao povo nossas carências Ao povo nossas delícias E nossas doenças
Eu por mim sonhava com você em todas as cores, mas meus sonhos são que nem cinema mudo, e os atores já morreram há tempos.
Eu gostava de falar mal do governo quando os jornais não o faziam.
Acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus, ou quando sua risada se confunde com a minha.
Já passou, já passou. Se você quer saber, eu já sarei, já curou. Me pegou de mal jeito mas não foi nada, estancou.
Talvez seja da minha natureza não me sentir pertencendo totalmente a lugar nenhum, em lugar nenhum.
Porque nesses seis meses tudo o que falamos antes virou barulho, fica difícil retomar a conversa.
Ela esquenta a papa do neto Ele quase que fez fortuna Vão viver sob o mesmo teto até que a morte os una até que a morte os una
Foi bonita a festa, pá Fiquei contente Ainda guardo renitente Um velho cravo para mim Já murcharam tua festa, pá Mas certamente Esqueceram uma semente Nalgum canto de jardim
Como é difícil acordar calado. Se na calada da noite eu me dano. Quero lançar um grito desumano.
Tem dias que a gente se sente Como quem partiu ou morreu A gente estancou de repente Ou foi o mundo então que cresceu
A dor da gente não sai no jornal
Menino quando morre vira anjo; Mulher vira uma flor no céu; Malandro quando morre vira samba.
Quem sabe um dia, por descuido ou poesia, você goste de ficar?
Vou colecionar mais um soneto Outro retrato em branco e preto A maltratar meu coração
Também acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus.
Prefiro, então, partir A tempo de poder A gente se desvencilhar da gente.
Seu homem foi-se embora Prometendo voltar já Mas as ondas não tem hora, morena De partir ou de voltar
Vejo a multidão fechando todos os meus caminhos, mas a realidade é que sou eu o incómodo no caminho da multidão.