Começo e Fim
Não basta começar bem, não adianta mediar bem; de pouco servem bons começos e melhores meios, se os fins não se mostram bem sucedidos.
(…) Uma vez começadas, as coisas não devem ser esquecidas nem deixadas antes de ser acabadas, pois é sinal de pouca prudência começar muitos actos e não acabar nenhum.
Passagens sobre Começo
183 resultadosPor onde começar para melhorar a nossa ética quotidiana e fazê-la tornar-se uma «ética da doação»?
Por onde? Por ti e por mim! Cada qual, mais uma vez em silêncio, pergunte a si mesmo: «Se devo começar por mim. por onde começo?» Abra cada um o seu coração para que jesus lhe diga por onde começar.+
Sinto que progrido na medida em que começo a não entender nada de nada.
Primeiramente
Acordo sem o contorno do teu rosto na minha almofada, sem o teu peito liso e claro como um dia de vento, e começo a erguer a madrugada apenas com as duas mãos que me deixaste, hesitante nos gestos, porque os meus olhos partiram nos teus.
E é assim que a noite chega, e dentro dela te procuro, encostado ao teu nome, pelas ruas álgidas onde tu não passas, a solidão aberta nos dedos como um cravo.
Meu amor, amor de uma breve madrugada de bandeiras, arranco a tua boca da minha e desfolho-a lentamente, até que outra boca — e sempre a tua boca — comece de novo a nascer na minha boca.
Que posso eu fazer senão escutar o coração inseguro dos pássaros, encostar a face ao rosto lunar dos bêbados e perguntar o que aconteceu.
O começo de todas as ciências é o espanto de as coisas serem o que são.
O meio mais eficaz para destruir uma lei é começar por aceitá-la; aceitar algo como mal necessário é o começo da sua eliminação.
É mais sensual uma mulher vestida do que uma mulher despida. A sensualidade é o intervalo entre a luva e o começo da manga.
O egoísmo social é um começo de sepulcro.
Amar a si mesmo é o começo de um romance para toda a vida
Um Autêntico Sonho de Amor
Orgulho, vaidade, despeito, rancor, tudo passa, se verdadeiramente o homem tem dentro de si um autêntico sonho de amor. Essas pequenas misérias são fatais apenas no começo, na puberdade, quando se olha uma janela e se desflora quem está lá dentro. Depois, não. Depois, sofre-se é pelo homem, é pela estupidez colectiva, é por não se poder continuar alegremente num mundo povoado, e se desejar um deserto de asceta. O ascetismo é a desumanização, é o adeus à vida, e é duro ser uma espécie de fantasma da cultura cercado de areias.
O começo e a terminação do amor defrontam-se uma à outra, como enigmas.
Civilização Racional
O nosso conhecimento do valor histórico de certas doutrinas religiosas aumenta o nosso respeito por elas, mas não invalida a nossa posição, segundo a qual devem deixar de ser apresentadas como os motivos para os preceitos da civilização. Pelo contrário! Esses resíduos históricos auxiliaram-nos a encarar os ensinamentos religiosos como relíquias neuróticas, por assim dizer, e agora podemos arguir que provavelmente chegou a hora, tal como acontece num tratamento analítico, de substituir os efeitos da repressão pelos resultados da operação racional do intelecto. Podemos prever, mas dificilmente lamentar, que tal processo de remodelação não se deterá na renúncia à transfiguração solene dos preceitos culturais, mas que a sua revisão geral resultará em que muitos deles sejam eliminados. Desse modo, a nossa tarefa de reconciliar os homens com a civilização estará, até um grande ponto, realizada. Não precisamos de deplorar a renúncia à verdade histórica quando apresentamos fundamentos racionais para os preceitos da civilização. As verdades contidas nas doutrinas religiosas são, afinal de contas, tão deformadas e sistematicamente disfarçadas, que a massa da humanidade não pode identificá-las como verdade. O caso é semelhante ao que acontece quando dizemos a uma criança que os recém-nascidos são trazidos pela cegonha. Aqui, também estamos a contar a verdade sob uma roupagem simbólica,
Procura-se um fim para a existência, cujo começo se ignora.
O que chamamos de resultados são começos.
A Cegueira da Especialidade
Foi preciso esperar até o começo do século XX para se presenciar um espectáculo incrível: o da peculiarísssima brutalidade e agressiva estupidez com que se comporta um homem quando sabe muito de uma coisa e ignora todas as demais.
Palco
Dadas as mãos,
Enlaçados os dedos,
Unidos os destinos,
Ficámo-nos extáticos, frente ao altar do universo,
Como se fora no princípio do mundo!…– No começo da Vida!
Um canto de ave, ante a manhã, voou sobre as nossas cabeças
E perante o Sol que rompia no horizonte largo
Gozámos o poema inédito do Primeiro Dia,
Renascido das cinzas dum mundo velho e apodrecido
Como Eva redentora saída das costas inconscientes do novo Adão.
Quando começo a escrever depois de um longo intervalo, puxo pelas palavras como se fosse do ar vazio. Se apanho uma, fico só com essa e tenho de recomeçar de novo todo o trabalho.
O Vício do Exagero
Hoje, no café, aqui-del-rei que eu exagero, aqui-del-rei que conto uma anedota e a anedota sai da minha boca transfigurada. Aqui-del-rei que descrevo um indivíduo e ponho bigodes de polícia onde havia somente uma discreta penugem. É certo, exagero. Começo a pintar um botão, e é capaz de me sair o cosmos.
O começo é sempre hoje.
O fim da história será o começo da paz: o reino da inocência recobrada.