Carta a um «Amor»
Recordo, Margarida, as tardes quando
Cata no MarĂŁo o Sol de Julho!
Meu ranchinho de rolas rorolando,
VĂłs Ă©reis meu orgulho.O ar como um veludo, os ares tĂŁo macios,
Ó tardes do jardim! à fonte da água, aos fios,
Ăamos todos nĂłs era tĂŁo alegre bando
Que desde que eu o nĂŁo sinto
Sou como um corpo extinto,
NĂŁo sinto ora nem quando.E estar de vĂłs tĂŁo longe
Cá neste meu terreno onde pareço um monge,
Sem uma linha, um verso
Desse Corgo sem par, a boa e madre
Terra como outra assim não haverá,
Montanhas que no Céu têm aquase o berço!
Escreve, Margarida, ao teu compadre,
Vá!Quero que diga
Florinda como vai, e vai assim Loreto,
Lindo pajem, que linda em seu veludo preto!
E os mais amorzinhos, rapariga,
Os que tua amizade aà me deu!Na alma dum poeta, vê-se nela o céu:
E assim
A tudo, Margarida, o que o prendeu
Arrecada-o na vida, e para a morte.
Escreve mal, e daĂ,
Passagens sobre Compadres
3 resultadosÉ Preciso Regressar ao Amigo Íntimo
Custa, mas o melhor Ă© ver o problema a toda a luz. No conceito do homem abstracto Ă© necessário afinal meter tanto estrume, que nĂŁo há entusiasmo que resista. Feito de mil incoerĂŞncias, movido por sentimentos ocasionais, preso a necessidades rudimentares, o bĂpede real, ao ser premido no molde da abstracção, rebenta a forma. E Ă© preciso regressar ao amigo Ăntimo, ao compadre, para se calcar terra firme. Numa palavra: nĂŁo há um homem-sĂmbolo que se possa venerar: há simples indivĂduos cujas virtudes e defeitos toleram um convĂvio social urbano.
Os melhores petiscos sĂŁo aqueles que nĂŁo podem ser comprados – por muito dinheiro ou amor que se tenha – mas somente adquiridos por ter nascido e vivido num determinado lugar; por ser filho, sobrinho ou compadre de determinadas pessoas.