Passagens sobre Explicação

104 resultados
Frases sobre explicação, poemas sobre explicação e outras passagens sobre explicação para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Poema

A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita

Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará

Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento

A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto

Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento

E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada

Se eu encontro em mim um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que eu fui feito para outro mundo.

Barrow-on-Furness

I

Sou vil, sou reles, como toda a gente
Não tenho ideais, mas não os tem ninguém.
Quem diz que os tem é como eu, mas mente.
Quem diz que busca é porque não os tem.

É com a imaginação que eu amo o bem.
Meu baixo ser porém não mo consente.
Passo, fantasma do meu ser presente,
Ébrio, por intervalos, de um Além.

Como todos não creio no que creio.
Talvez possa morrer por esse ideal.
Mas, enquanto não morro, falo e leio.

Justificar-me? Sou quem todos são…
Modificar-me? Para meu igual?…
— Acaba já com isso, ó coração!

II

Deuses, forças, almas de ciência ou fé,
Eh! Tanta explicação que nada explica!
Estou sentado no cais, numa barrica,
E não compreendo mais do que de pé.

Por que o havia de compreender?
Pois sim, mas também por que o não havia?
Água do rio, correndo suja e fria,
Eu passo como tu, sem mais valer…

Ó universo, novelo emaranhado,
Que paciência de dedos de quem pensa
Em outras cousa te põe separado?

Continue lendo…

O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras… Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Considero próprio investigar a razão de ser de todas as coisas – como são – e rejeitar todas as opiniões sem explicação.

A Perenidade do Nosso Fundamento

O ser-nos evidente o nosso fundamento e o ser evidente outro para outros significa que para nós e para eles há uma harmonia totalizadora de ser, de pensar, que em si mesma integra cada elemento que escolhamos cada forma de organizar um modo de explicarmos e de nos explicarmos em face do todo harmónico do nosso tempo, cuja harmonia se nos não esclarece porque a não podemos objectivar e apenas a podemos viver.
Que se explique o acontecer humano pela Providência divina ou pela História, que se determine o modo de ser dessa Providência ou o tipo de forças que actuam na História e a realizam como História que é, que se entenda a Justiça e a Moral e a Arte em função dos mais variados tipos de ser, que se abordem todas essas determinações pelos modos mais diversos de os abordar, que nos entendamos adentro delas pelas mais diversas formas de exercer o entendimento – a realidade última que nos reabsorve e orienta todos esses modos de compreender e de ser é a explicação derradeira porque já não explica nada.
Porque se explicasse, se fosse algo determinável pelo que é e pelo modo como actua, exigir-nos-ia ainda uma outra dimensão,

Continue lendo…

O Provincianismo Português (I)

Se, por um daqueles artifícios cómodos, pelos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir num síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O facto é triste, mas não nos é peculiar. De igual doença enfermam muitos outros países, que se consideram civilizantes com orgulho e erro.
O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela — em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinação inconsciente e feliz. O síndroma provinciano compreende, pelo menos, três sintomas flagrantes: o entusiasmo e admiração pelos grandes meios e pelas grandes cidades; o entusiasmo e admiração pelo progresso e pela modernidade; e, na esfera mental superior, a incapacidade de ironia.
Se há característico que imediatamente distinga o provinciano, é a admiração pelos grandes meios. Um parisiense não admira Paris; gosta de Paris. Como há-de admirar aquilo que é parte dele? Ninguém se admira a si mesmo, salvo um paranóico com o delírio das grandezas. Recordo-me de que uma vez, nos tempos do “Orpheu”, disse a Mário de Sá-Carneiro: “V. é europeu e civilizado, salvo em uma coisa, e nessa V. é vítima da educação portuguesa. V. admira Paris,

Continue lendo…

O Livro dos Amantes

I

Glorifiquei-te no eterno.
Eterno dentro de mim
fora de mim perecível.
Para que desses um sentido
a uma sede indefinível.

Para que desses um nome
à exactidão do instante
do fruto que cai na terra
sempre perpendicular
à humidade onde fica.

E o que acontece durante
na rapidez da descida
é a explicação da vida.

II

Harmonioso vulto que em mim se dilui.
Tu és o poema
e és a origem donde ele flui.
Intuito de ter. Intuito de amor
não compreendido.
Fica assim amor. Fica assim intuito.
Prometido.

III

Príncipe secreto da aventura
em meus olhos um dia começada e finita.
Onda de amargura numa água tranquila.
Flor insegura enlaçada no vento que a suporta.
Pássaro esquivo em meus ombros de aragem
reacendendo em cadência e em passagem
a lua que trazia e que apagou.

IV

Dá-me a tua mão por cima das horas.
Quero-te conciso.
Adão depois do paraíso
errando mais nítido à distância
onde te exalto porque te demoras.

Continue lendo…

Estamos Atados, Filho

Levar-vos-ei sempre comigo. Olho de frente o último raio de sol antes de o sol desaparecer. Penso: um homem é um dia, um homem é o sol durante um dia. E é preciso continuar. Avançam os meus pés sobre a terra. Filho, dormes ainda, e quis mostrar-te o sol-pôr. Quis mostrar-te a terra, ensinar-te a cor da terra por dentro, porque quem conhece a cor da terra por dentro conhece o mundo e os homens. Filho, o sol desapareceu agora e deixou uma aura vermelha de sangue à volta do cabeço onde entrou, e quis ensinar-te que amanhã estará calor. Quis ensinar-te que, se não vires as estrelas de noite, espera chuva no dia seguinte. E saberes isto é saberes tudo. São estas as poucas coisas que nos dão a saber. O resto, filho, são mistérios sem explicação. O resto são punhais apontados dentro do nevoeiro. O resto são punhais que vemos aproximarem-se do nosso peito, e estamos atados, filho.

O pouco que sei não dá para compreender a vida, então a explicação está no que desconheço e que tenho a esperança de poder vir a conhecer um pouco mais.

A beleza começou por ser uma explicação que a sexualidade deu a si própria de preferências provavelmente de origem magnética.

A Vida é um Movimento sem Fim

Eu acho que é sempre importante fazer perguntas fundamentais, mas quando fazemos uma pergunta fundamental, a maioria de nós está a procurar uma resposta, e desta forma a resposta será invariavelmente superficial, porque não existe resposta “sim ou não” para a vida. A vida é um movimento, um movimento sem fim, e para investigar esta coisa extraordinária chamada vida, com todos os seus aspectos inumeráveis, devemos colocar perguntas fundamentais e nunca ficar satisfeito com as respostas, por mais satisfatórias que estas possam parecer, porque no momento em que obtiver uma resposta, a mente chega a uma conclusão, e uma conclusão não é vida – é meramente um estado estático. Assim o que é importante é fazer as perguntas fundamentais mas nunca ficar satisfeito com as respostas, por mais inteligentes e por mais lógicas que sejam, porque a verdade da questão reside para além da conclusão, para além da resposta, para além da expressão verbal. A mente que coloca uma questão e fica satisfeita com uma mera explicação, uma expressão verbal, permanece superficial. Apenas a mente que coloca uma questão fundamental e que é capaz de perseguir essa questão até ao fim – apenas uma mente desse tipo é que pode descobrir o que é a verdade.

Continue lendo…

Os pequenos fatos inexplicados contêm sempre algo com que deitar abaixo todas as explicações dos grandes fatos.

O Paradoxo do Tempo

Frequentemente observei o seguinte: quanto mais variados os acontecimentos que se sucedem, tanto mais rapidamente passam os nossos dias, mais longo, ao contrário nos parece o tempo passado, a soma desses dias. Por outro lado, quanto mais monótonas as nossas ocupações, tanto mais longos se tornam os nossos dias, tanto mais curto o tempo passado ou a soma deles. A explicação não é difícil.

«A» está muito cheio de si, julga-se bem adiantado na bondade, uma vez que – evidentemente como um objecto cada vez mais sedutor – se sente exposto a um número sempre maior de seduções, que até então lhe eram totalmente desconhecidas. A explicação certa, porém, é que nele se instalou um grande demónio, e uma infinidade de outros, menores, que vão servindo o maior.

O amor não é saudável, o amor não é razoável, o amor não é sensato. O amor é para ser aquilo que não tem razão, aquilo que não explicação, aquilo que te tira da tua mão.

A Indagação das Causas e dos Princípios

Visto que esta ciência (a filosofia) é o objecto das nossas indagações, examinemos de que causas e de que princípios se ocupa a filosofia como ciência; questão que se tomará muito mais clara se examinarmos as diversas ideias que formamos do filósofo. Em primeiro lugar, concebemos o filósofo principalmente como conhecedor do conjunto das coisas, enquanto é possível, sem contudo possuir a ciência de cada uma delas em particular. Em seguida, àquele que pode alcançar o conhecimento de coisas difíceis, aquelas a que só se chega vencendo graves dificuldades, não lhe chamaremos filósofo? De facto, conhecer pelos sentidos é uma faculdade comum a todos, e um conhecimento que se adquire sem esforço em nada tem de filosófico. Finalmente, o que tem as mais rigorosas noções das causas, e que melhor ensina estas noções, é mais filósofo do que todos os outros em todas as ciências. E, entre as ciências, aquela que se procura por si mesma, só pelo anseio do saber, é mais filosófica do que a que se estuda pelos seus resultados; assim como a que domina as mais é mais filosófica do que a que se encontra subordinada a qualquer outra. Não, o filósofo não deve receber leis,

Continue lendo…

Civilização e Religião Condicionam-se Uma à Outra

Quando a civilização formulou o mandamento de que o homem não deve matar o próximo a quem odeia, que se acha no seu caminho ou cuja propriedade cobiça, isso foi claramente efetuado no interesse comunal do homem, que, de outro modo, não seria praticável, pois o assassino atrairia para si a vingança dos parentes do morto e a inveja de outros, que, dentro de si mesmos, se sentem tão inclinados quanto ele a tais actos de violência. Assim, não desfrutaria da sua vingança ou do seu roubo por muito tempo, mas teria toda a possibilidade de ele próprio em breve ser morto. Mesmo que se protegesse contra os seus inimigos isolados através de uma força ou cautela extraordinárias, estaria fadado a sucumbir a uma combinação de homens mais fracos. Se uma combinação desse tipo não se efectuasse, o homicídio continuaria a ser praticado de modo infindável e o resultado final seria que os homens se exterminariam mutuamente. Chegaríamos, entre os indivíduos, ao mesmo estado de coisas que ainda persiste entre famílias na Córsega, embora, em outros lugares, apenas entre nações. A insegurança da vida, que constitui um perigo igual para todos, une hoje os homens numa sociedade que proíbe ao indivíduo matar,

Continue lendo…