Passagens sobre Firmeza

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Contra a Ansiedade

Sempre que te aconteça alguma coisa contrária à tua expectativa diz a ti mesmo que os deuses tomaram uma decisão superior! Com semelhante disposição de espírito, nada terás a temer. Esta disposição de espírito consegue-se pensando na instabilidade da vida humana antes de a experimentarmos em nós, olhando para os filhos, a mulher, os bens como algo que não possuiremos para sempre, e evitando imaginarmo-nos mais infelizes um dia que deixemos de os possuir. Será a ruína do espírito andarmos ansiosos pelo futuro, desgraçados antes da desgraça, sempre na angústia de não saber se tudo o que nos dá satisfação nos acompanhará até ao último dia; assim, nunca conseguiremos repouso e, na expectativa do que há-de vir, deixaremos de aproveitar o presente. Situam-se, de facto, ao mesmo nível a dor por algo perdido e o receio de o perder. Isto não quer dizer que te esteja incitando à apatia! Pelo contrário, procura evitar as situações perigosas; procura prever tudo quanto seja previsível; procura conjecturar tudo o que pode ser-te nocivo muito antes de que te suceda, para assim o evitares. Para tanto, ser-te-á da maior utilidade a autoconfiança, a firmeza de ânimo apta a tudo enfrentar. Quem tem ânimo para suportar a fortuna é capaz de precaver-se contra ela;

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A Essência não se Perde

Com a firmeza de passos sem retorno,
carregar o que foi dentro de si,
sem chorar a partida, sem temer
deixar o que afinal vai bem marcado
com seu selo de coisa inesquecível.
A essência não se perde, vai connosco
e extravasa dos dedos quando escrevem,
salta fora da boca quando fala,
transpira pela pele, sai dos ossos,
é lançada dos músculos em arco
e circula no sangue das artérias.
Os pagos, as querências não se perdem,
se penetram nos ossos, moram neles,
não como o minuano passageiro,
mas sim como a medula que sustenta
o circuito do corpo e o movimenta,
impedindo que pare, morra e penda
como trouxa de pano, como penca
tombada de seu pé, como o vazio,
a coisa sem recheio, a casca murcha,
o fruto despojado de si mesmo.

O Convertido

Entre os filhos dum século maldito
Tomei também lugar na ímpia mesa,
Onde, sob o folgar, geme a tristeza
Duma ânsia impotente de infinito.

Como os outros, cuspi no altar avito
Um rir feito de fel e de impureza…
Mas um dia abalou-se-me a firmeza,
Deu-me um rebate o coração contrito!

Erma, cheia de tédio e de quebranto,
Rompendo os diques ao represo pranto,
Virou-se para Deus minha alma triste!

Amortalhei na Fé o pensamento,
E achei a paz na inércia e esquecimento…
Só me falta saber se Deus existe!

Creio no direito à solidariedade e no dever de ser solidário. Creio que não há nenhuma incompatibilidade entre a firmeza dos valores próprios e o respeito pelos valores alheios. Somos todos feitos da mesma carne sofrente. Mas também creio que ainda nos falta muito para chegarmos a ser verdadeiramente humanos. Se o seremos alguma vez…

A Firmeza é um Atributo Essencial de Morte

Não somos firmes no amor, porque em nada podemos ser constantes: continuamente nos vai mudando o tempo; uma hora de mais é mais em nós uma mudança. A cada passo que damos no decurso da vida, imos nascendo de novo, porque a cada passo imos deixando o que fomos, e começamos a ser outros: cada dia nascemos, porque cada dia mudamos, e quanto mais nascemos desta sorte, tanto mais nos fica perto o fim, que nos espera. A inconstância, que é um acto da alma, ou da vontade, não se faz sem movimento; a natureza não se conserva, e dura, senão porque se muda, e move.
O mundo teve o seu princípio no primeiro impulso, que lhe deu o supremo Artífice; a mesma luz, que é uma bela imagem da Omnipotência, toda se compõe de uma matéria trémula, inconstante, e vária. Tudo vive enfim do movimento; a falta de mudança é o mesmo que falta de vida, e de existência, e assim a firmeza é como um atributo essencial de morte.

Seguir o Nosso Caminho Doa a quem Doer

Siga o governo firme na sua missão de bem governar, que me encontrará sempre firme e pronto a coadjuvá-lo e a dar-lhe força em tudo quanto seja necessário. Há muita coisa a fazer e creio que se pode e deve fazer e temos que seguir o nosso caminho doa a quem doer. As dificuldades que encontrarmos no nosso caminho não devem ser para nos assustar ou fazer recuar, mas sim para as encarar com calma e firmeza. Com calma, firmeza e boa vontade, e essas qualidades creio que as temos, vencer-se-á esta campanha e se o fizermos, como confiadamente acredito, poderemos então descansar um pouco com a consciência de termos feito alguma coisa útil e de termos bem servido o nosso País. Eu bem sei que seria mais fácil, e menos penoso para nós, o tratar de agradar a todos, mas espero também que um dia a opinião pública, que felizmente não é sempre a opinião que se publica, saberá fazer-nos justiça.

Eu espero que eu sempre possua firmeza e virtude suficientes para manter o que eu considero o mais invejável de todos os títulos, o caráter de um homem honesto.

O Sentido Trágico do Amor

Todo o homem tende naturalmente para o amor. Acontece que o conceito comum de amor corresponde de forma quase universal a uma ideia genérica, ambivalente e, tantas vezes, errada, porque tão irreal.

Amar é dar-se. Entregar a própria essência a um outro, lutando em favor dele. De forma pura e gratuita, sem esperar outra recompensa senão a de saber que se conseguirá ser o que se é. Amar, ao contrário do que julgam muitos, não é uma fonte de satisfação… Amar é algo sério, arrebatador e tremendamente desagradável. Quem ama sabe que isso mais se parece com uma espécie de maldição do que com narrativas infantis de final invariavelmente feliz…

Cavaleiros valentes e princesas encantadas são, no entanto, excelentes metáforas que pretendem passar a ideia da coragem e da nobreza de carácter essenciais a quem ama. Ama-se quando se é capaz de se ser quem é, verdadeiramente.
Esta luta heróica pelo valor da essência do outro não está ao alcance de todos. A maior parte das pessoas são egocêntricas, alegram-se a entrançar os seus egoísmos em figuras improvisadas de resultado sempre disforme a que teimam chamar amor. Talvez porque assim consigam disfarçar o vazio que é a prova de quão frustrante,

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A maior parte dos homens, em política como em tudo, atribui os resultados das suas imprudências à firmeza dos seus princípios.

A Ocupação Militar

Não há ocupação tão agradável como a militar; ocupação tanto nobre na execução (pois a mais forte, generosa e magnífica de todas as virtudes é a valentia) quanto nobre na sua causa: não há utilidade mais legítima nem mais geral do que a protecção da tranquilidade e da grandeza do seu país. Agrada-vos a companhia de tantos homens, nobres, jovens, activos, a visão frequente de tantos espectáculos trágicos, a liberdade desse convívio sem artifícios e uma forma de vida viril e sem cerimónia, a variedade de mil actividades diversas, essa fogosa harmonia da música guerreira que vos alimenta e aquece os ouvidos e a alma, a honra desse exercício, mesmo a sua rudeza e dificuldade, que Platão considera tão pouca que na sua república a reparte com as mulheres e as crianças.
Oferecei-vos para os papéis e os riscos pessoais de acordo com o que julgais sobre o seu brilho e a sua importância, soldado voluntário, e vedes quando mesmo a vida é justificadamente empregue neles, penso que é belo morrer combatendo (Virgílio). Temer os perigos gerais que envolvem uma multidão em que tantas pessoas incorrem, não ousar o que tantas espécies de indivíduos ousam é próprio de um ânimo desmedidamente frouxo e inferior.

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A Ignorância não Exclui a Firmeza de Opinião

Tendo estudado a sabedoria em livros traduzidos do grego, do chinês ou do sânscrito, tenho uma certa desvantagem em relação aos ignorantes que só aprenderam em jornais desportivos ou revistas de moda. Quando enfrento um assunto difícil cuja elucidação requer anos de reflexão, sinto-me intimidado com a consciência da minha insuficiência, que me trava os impulsos no momento em que eles, impelidos pelo propulsor da sua ignorãncia, estão seguros de ter encontrado, ainda antes de ter procurado. Como posso fazê-los compreender que tenho razão em não proclamar que a tenho, antes de dedicar tempo a demonstrar-lhes que estão errados? Não, eles não desistem. De resto, as minhas hesitações atraiçoam-me. A verdade é uma flecha que vai direita ao alvo. Os escrúpulos intelectuais são tremuras do espírito. Se visar mal, como posso atingir o alvo?
Apercebemo-nos de que a ignorância não exclui a firmeza de opinião. Existe até uma cumplicidade objectiva entre elas. Quanto menos sabem, mais ostentam, diz o profeta. A indigência intelectual tira partido do seu pretenso parentesco com a Verdade. Contudo, é preciso ser ingénuo para pensar que o saber liberta o espírito dessa lei de gravitação que faz com que todo o pensamento orbite em torno da Verdade.

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Soneto XXIX

Que mal é este meu tão diferente?
Não é dos males grandes natureza
Ou se acabarem logo sem firmeza,
Ou acabarem logo a quem os sente?

Seu natural custume não consente
Minha ventura, pois minha fraqueza
Como dura: do mal tem fortaleza
Por mais tempo sentir meu acidente.

Sou qual Fénix que morre e ressuscita,
Ou como Prometeu que lá se queixa,
E por sentir mais dor se não consume.

Não dizem que o costume e tempo incita
A não sentir-se a dor: té nisto deixa
O tempo, e o custume, seu custume.

Em Nada Podemos Estar Firmes

Em nada podemos estar firmes, pois vivemos no meio de mil revoluções diversas: as idades, e a fortuna continuamente combatem a nossa constância; tudo consiste em representação que começa, não para existir, mas para acabar; menos para ser, que para ter sido. Vimos ao mundo a mostrar-nos, e a fazer parte da diversidade dele; as cousas parece que nos vão fugindo, até que nós vimos a desaparecer também. Somos formados de inclinações opostas entre si, e temos em nós uma propensão oculta, que sobre a aparência de buscar os objectos, só procura neles a mudança.
A inconstância nos serve de alívio, e desoprime, porque a firmeza é como um peso, que não podemos suportar sempre, por mais que seja leve; e com efeito como podem as nossas ideias serem fixas, e sempre as mesmas, se nós sempre vamos sendo outros? Tudo nos é dado por um certo tempo; em breves dias, e em breves horas se desvanece a razão da novidade, que nos fazia apetecer; fica invisível aquele agrado, que nos tinha induzido para desejar. Quantas vezes esperamos as sombras da noite com mais fervor do que as luzes do dia; não por vício do desejo, mas porque não temos forças para suportar o bem,

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Tenho de parar, sem que na verdade me sacudam. Nem sequer sinto o perigo de me perder, e no entanto sinto-me tão desamparado como quem está de fora. Mas a firmeza que a mais insignificante escrita me proporciona está para além da dúvida e é maravilhosa. A visão compreensiva que tive de tudo durante o meu passeio de ontem!

Sobre o Falso

Somos falsos de maneiras diferentes. Há homens falsos que querem parecer sempre o que não são. Outros há de melhor fé, que nasceram falsos, se enganam a si próprios o nunca vêem as coisas tal como são. Há alguns cujo espírito é estreito e o gosto falso. Outros têm o espírito falso, mas alguma correcção no gosto. E ainda há outros que não têm nada de falso, nem no gosto nem no espírito. Estes são muito raros, já que, em geral, não há quase ninguém que não tenha alguma falsidade algures, no espírito ou no gosto.
O que torna essa falsidade tão universal, é que as nossas qualidades são incertas e confusas e a nossa visão também: não vemos as coisas tal como são, avaliamo-las aquém ou além do que elas valem e não as relacionamos connosco da forma que lhes convém e que convém ao nosso estado e às nossas qualidades. Esse erro de cálculo traz consigo um número infinito de falsidades no gosto e no espírito: o nosso amor-próprio lisonjeia-se como tudo que se nos apresenta sob a aparência de bem; mas como há várias formas de bem que sensibilizam a nossa vaidade ou o nosso temperamento,

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Atenção ao Estilo Rebuscado e Cheio de Adornos

Quando vires alguém com um estilo rebuscado e cheio de adornos podes ter a certeza de que a sua alma apenas se ocupa igualmente de bagatelas. Uma alma verdadeiramente grande é mais tranquila e senhora de si a falar, e em tudo quanto diz há mais firmeza do que preocupação estilística. Tu conheces bem os nossos jovens elegantes, com a barba e o cabelo todo aparado, que parecem acabadinhos de sair da fábrica! De tais criaturas nada terás a esperar de firme ou sólido. O estilo é o adorno da alma: se for demasiado penteado, maquilhado, artificial, em suma, só provará que a alma carece de sinceridade e tem em si algo que soa a falso. Não é coisa digna de homens o cuidado extremo com o vestuário! Se nos fosse dado observar “por dentro” a alma de um homem de bem — oh! que figura bela e venerável, que fulgor de magnificente tranquilidade nós contemplaríamos, que brilho não emitiriam a justiça, a coragem, a moderação e a prudência! E não só estas virtudes, mas ainda a frugalidade, o autodomínio, a paciência, a liberalidade, a gentileza e essa virtude, incrivelmente rara no homem, que é a humanidade — também estas fariam jorrar sobre a alma o seu sublime esplendor!

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Os Vários Tipos de Coragem

A verdadeira coragem é uma das qualidades que su­põem a maior grandeza de alma. Observo várias espécies dela: uma coragem contra a fortuna, que é filosofia; uma coragem contra as misérias, que é paciência; uma cora­gem na guerra, que é bravura; uma coragem nos em­preendimentos, que é arrojo; uma coragem altiva e teme­rária, que é audácia; uma coragem contra a injustiça, que é firmeza; uma coragem contra o vício, que é severidade; uma coragem de reflexão, de temperamento, etc. Não é comum que um mesmo homem reúna tantas qualidades.
Octávio, no pleno da sua fortuna, elevado so­bre precipícios, enfrentava perigos eminentes; mas a morte, presente na guerra, abalava sua alma. Um núme­ro incalculável de romanos que nunca tinham temido a morte nas batalhas não possuía essa outra coragem que submeteu a terra a Augusto.
Não apenas se encontram muitas espécies de cora­gem, mas na mesma coragem muitas desigualdades. Bru­to, que teve a ousadia de atacar a fortuna de César, não teve a força de seguir a sua própria: havia alcançado o projec­to de destruir a tirania apenas com os recursos da sua co­ragem, e teve a fraqueza de o abandonar com todas as forças do povo romano, por falta desse equilíbrio de for­ça e de sentimento que sobrepõe os obstáculos e a len­tidão dos sucessos.

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Alçando O Livro Colossal Ardente

Alçando o livro colossal ardente
Traças no crânio um sulco luminoso,
E vais seguindo o remontar garboso
Do sol fagueiro lá no espaço ingente!

Ergues a fronte juvenil potente
Já como herói ou lutador famoso
E c’uma forma de pensar honroso
Fazes-te esperança da brasílea gente!

Seis vezes astro de maior grandeza
Enfim lá surges nos exames belos
Enfim triunfas na brilhante empresa!

Seis vezes quebras da ignorância os elos,
Seis vezes vives com mais sã firmeza,
Gemem seis vezes a louvar-te os prelos!…