Não basta a força do engenho humano para compreender a sabedoria divina.
Passagens sobre Força
1327 resultadosOs Convencidos da Vida
Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.
Mas tambĂ©m os aturo por escrito. No livro, no jornal. Romancistas, poetas, ensaĂstas, crĂticos (de cinema, meu Deus, de cinema!). Será que voltaram os polĂgrafos? Voltaram, pois, e em força.
Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?
(…) No corre-que-corre, o convencido da vida nĂŁo Ă© um vaidoso Ă toa. Ele Ă© o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca Ă© gratuita, todo o rendimento possĂvel. Nos negĂłcios, na polĂtica, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tĂŁo capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la.
Eterno, Ă© tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata….
Do mesmo modo que a união faz a força, a discórdia leva a uma rápida derrota.
Toda pessoa possuidora de algum mérito tem consciência de que em seu interior existe uma força que não pára de incitá-la ao progresso infinito.
Da Vossa Vista a Minha Vida Pende
Da vossa vista a minha vida pende,
Maior bem para mim nĂŁo pode ser
Que ver-vos, mas nĂŁo ouso de vos ver;
Que vosso alto respeito mo defende.O meu amor, que o vosso sĂł pretende,
Receio que se venha a conhecer,
Nos olhos, que mal podem esconder
O desejo, dum peito que se rende.Por vós a tal estremo d’Amor venho,
Que com força resisto a meu desejo,
Porque nada de mim vos descontente.Mas neste mal, senhora, este bem tenho,
Que sempre tal, qual sois, n’alma vos pinto
Sem dar que ver, nem que falar Ă gente.
Onde está o pensamento, está a força. É tempo de os gênios passarem à frente dos heróis.
A fé é uma das forças pelas quais os homens vivem, e a sua ausência total significa colapso!
Louvor do Esquecimento
Bom Ă© o esquecimento.
SenĂŁo como Ă© que
O filho deixaria a mĂŁe que o amamentou?
Que lhe deu a força dos membros e
O retĂ©m para os experimentar.Ou como havia o discĂpulo de abandonar o mestre
Que lhe deu o saber?
Quando o saber está dado
O discĂpulo tem de se pĂ´r a caminho.Na velha casa
Entram os novos moradores.
Se os que a construĂram ainda lá estivessem
A casa seria pequena de mais.O fogĂŁo aquece. O oleiro que o fez
Já ninguém o conhece. O lavrador
NĂŁo reconhece a broa de pĂŁo.Como se levantaria, sem o esquecimento
Da noite que apaga os rastos, o homem de manhĂŁ?
Como Ă© que o que foi espancado seis vezes
Se ergueria do chão à sétima
Pra lavrar o pedregal, pra voar
Ao céu perigoso?A fraqueza da memória dá
Fortaleza aos homens.Tradução de Paulo Quintela
A loucura é uma força da natureza para o bem ou para o mal, ao passo que a estupidez é uma debilidade da natureza sem contrapartidas.
As pessoas não carecem de força, carecem de determinação.
Desabafar o Sofrimento
Nunca compreendi como Ă© possĂvel que alguĂ©m que escreva consiga objectivar os seus sofrimentos enquanto vive sob o seu peso; assim eu, por exemplo, no meio da minha infelicidade, provavelmente ainda com a minha cabeça a queimar de infelicidade, sento-me e escrevo a alguĂ©m: sou infeliz. Sim, eu atĂ© posso ir alĂ©m disto e com todos os floreados que o meu talento possa inventar, que nĂŁo parecem ter nada a ver com a minha infelicidade, toco uma orquestração simples, ou em contraponto, ou uma orquestração completa de variações sobre o meu tema. E nĂŁo Ă© uma mentira, e nĂŁo mitiga a minha dor: Ă© simplesmente um extra misericordioso de força num momento em que o sofrimento me consumiu atĂ© ao fundo do meu ser e gastou completamente todas as minhas forças.
A Minha Cidade Preferida
É o Porto. Tem umas caracterĂsticas muito particulares, muito suas. Ou melhor, tinha. EstĂŁo agora a fazer força para tirá-las, ao contrário do que se faz lá fora. Mesmo Ă s cidades que foram arrasadas pela guerra, como VarsĂłvia, na PolĂłnia, que foi refeita tal qual era antes. O mesmo aconteceu em Berlim. Aqui destroem o que está feito para construir uma porcaria qualquer incaracterĂstica, que nĂŁo representa coisa nenhuma. Por exemplo, o que querem fazer no mercado do BolhĂŁo Ă© uma vergonha – querem meter lá um supermercado, ou outra borra qualquer, que tira todo o carácter Ă cidade e a modifica. Assim, as cidades confundem-se todas: a gente chega a uma cidade e já nĂŁo sabe onde está. É tudo igual em toda a parte.
As Três Espécies de Portugueses
Há trĂŞs espĂ©cies de Portugal, dentro do mesmo Portugal; ou, se se preferir, há trĂŞs espĂ©cies de portuguĂŞs. Um começou com a nacionalidade: Ă© o portuguĂŞs tĂpico, que forma o fundo da nação e o da sua expansĂŁo numĂ©rica, trabalhando obscura e modestamente em Portugal e por toda a parte de todas as partes do Mundo. Este portuguĂŞs encontra-se, desde 1578, divorciado de todos os governos e abandonado por todos. Existe porque existe, e Ă© por isso que a nação existe tambĂ©m.
Outro Ă© o portuguĂŞs que o nĂŁo Ă©. Começou com a invasĂŁo mental estrangeira, que data, com verdade possĂvel, do tempo do MarquĂŞs de Pombal. Esta invasĂŁo agravou-se com o Constitucionalismo, e tornou-se completa com a RepĂşblica. Este portuguĂŞs (que Ă© o que forma grande parte das classes mĂ©dias superiores, certa parte do povo, e quase toda a gente das classes dirigentes) Ă© o que governa o paĂs. Está completamente divorciado do paĂs que governa. É, por sua vontade, parisiense e moderno. Contra sua vontade, Ă© estĂşpido.
Há um terceiro português, que começou a existir quando Portugal, por alturas de El-Rei D. Dinis, começou, de Nação, a esboçar-se Império. Esse português fez as Descobertas,
A Minha Luta
A minha luta Ă© para encontrar o centro, o nĂşcleo de toda uma infinidade de justificações, que superficialmente parecem satisfazer-me e sĂŁo, afinal, folhas caducas do meu tronco. Determinar, numa palavra, que causa Ăşltima me conduz, que força polariza os meus actos. Mas estou longe dessa descoberta. Eliminei o divino, porque era divino e eu sou humano; superei o pecado, porque viver sem pecado era um absurdo moral; e consegui perceber que a vida nĂŁo Ă© trágica por estar balizada pelo nascimento e pela morte, que sĂŁo condições de existĂŞncia e nĂŁo condenações dela. Contudo, nada resolvi. Continua a escapar-me das mĂŁos a sombra de um fantasma paradoxal. Uma sombra que Ă© uma pura alucinação dos sentidos, que sabem que apenas o real lhes merece crĂ©dito, e, sobretudo, da razĂŁo, que sabe que a Ăşnica consciĂŞncia do mundo Ă© ela prĂłpria, princĂpio e fim de si mesma.
As Discussões Nunca São Feitas de Boa Fé
SĂł os ingĂ©nuos podem crer que uma discussĂŁo visa resolver um problema ou esclarecer uma questĂŁo difĂcil. Na realidade, a sua Ăşnica justificação Ă© testar a capacidade de os participantes derrubarem o adversário. O que está em jogo nĂŁo Ă© a verdade, mas o amor prĂłprio. O bem falante leva a melhor sobre o que tartamudeia, o temerário sobre o tĂmido e o arrebatado sobre o escrupuloso. Estar de boa fĂ© equivale a potenciar as desvantagens, porquanto os escrĂşpulos se somam Ă circunspecção, dificultando a expressĂŁo. O que Ă© a boa fĂ©? Uma conduta de fracasso, um autĂŞntico suicĂdio… Quem participa em debates fala sem escutar, espezinha qualquer raciocĂnio que nĂŁo seja conduzido por si prĂłprio, despreza as oposições, ignora as obstrucções e, de certo modo, conquista a vitĂłria Ă força de palavras.
Cultiva a má fé com o profissionalismo do jardineiro que cria uma planta venenosa cujo veneno possui suavidades tão profundas que quem o prova já não passa sem ele. Para dar melhor resultado, a má fé não deve ser demasiado subtil. Com efeito, o seu impacte não será suficiente para desnortear o outro, rápida e duradouramente. Nesta matéria, a subtileza não substitui a brutalidade que, não obstante a detestável fama em certos meios intelectuais,
As necessidades nos permitem vencer milagrosamente atĂ© os adversários considerados invencĂveis. A necessidade Ă© a força que cura atĂ© os doentes em estado grave.
Ser profundamente amado por alguém dá-nos força, amar alguém profundamente dá-nos coragem.
A solidão é uma grande força que preserva de muitos perigos.
InsensĂvel: dotado de grande força moral para enfrentar os problemas que acontecem aos outros.