Passagens sobre Força

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Frases sobre força, poemas sobre força e outras passagens sobre força para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Ao Longo da Escrita deste Livro

No ano passado, em outubro, talvez a 27, sei que foi a uma terça-feira, a minha mãe incentivou-me a dar um passeio. Há muito que desistiu de me dissuadir dos livros, tanto lês que treslês, mas mantém o hábito de, cuidadosa, depois de bater à porta com pouca força, entrar no meu quarto e perguntar: não te apetece dar um passeio? Na maioria das vezes, não tenho disposição para lhe responder mas, nessa tarde, estava a meio de um capítulo altruísta e decidi fazer-lhe a vontade. O volante do carro, as minhas mãos a sentirem todas as pedras quase como se estivesse a deslizá-las na estrada. Estacionei no campo, a pouca distância de um grupo de homens e mulheres, botas de borracha, que estavam a apanhar azeitona. Espalhavam uma gritaria animada que não se alterou quando saí do carro e me aproximei, boa tarde. Uma vantagem do meu nome é que dispenso alcunha. Olha o Livro, boa tarde. O sol estava a pôr-se. Troquei graças, enquanto dois homens recolheram os panões carregados debaixo da última oliveira e os levaram às costas.
Não esqueço o que vi a seguir. As mulheres dobraram os panões vazios e dispuseram-nos na terra, em forma de corredor.

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A Necessidade da Mentira

A imoralidade da mentira não consiste na violação da sacrossanta verdade. Ao fim e ao cabo, tem direito a invocá-la uma sociedade que induz os seus membros compulsivos a falar com franqueza para, logo a seguir, tanto mais seguramente os poder surpreender. À universal verdade não convém permanecer na verdade particular, que imediatamente transforma na sua contrária. Apesar de tudo, à mentira é inerente algo repugnante cuja consciência submete alguém ao açoite do antigo látego, mas que ao mesmo tempo diz algo acerca do carcereiro. O erro reside na excessiva sinceridade. Quem mente envergonha-se, porque em cada mentira deve experimentar o indigno da organização do mundo, que o obriga a mentir, se ele quiser viver, e ainda lhe canta: “Age sempre com lealdade e rectidão”.
Tal vergonha rouba a força às mentiras dos mais subtilmente organizados. Elas confundem; por isso, a mentira só no outro se torna imoralidade como tal. Toma este por estúpido e serve de expressão à irresponsabilidade. Entre os insidiosos práticos de hoje, a mentira já há muito perdeu a sua honrosa função de enganar acerca do real. Ninguém acredita em ninguém, todos sabem a resposta. Mente-se só para dar a entender ao outro que a alguém nada nele importa,

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Elogio da Morte

I

Altas horas da noite, o Inconsciente
Sacode-me com força, e acordo em susto.
Como se o esmagassem de repente,
Assim me pára o coração robusto.

Não que de larvas me povôe a mente
Esse vácuo nocturno, mudo e augusto,
Ou forceje a razão por que afugente
Algum remorso, com que encara a custo…

Nem fantasmas nocturnos visionários,
Nem desfilar de espectros mortuários,
Nem dentro de mim terror de Deus ou Sorte…

Nada! o fundo dum poço, húmido e morno,
Um muro de silêncio e treva em torno,
E ao longe os passos sepulcrais da Morte.

II

Na floresta dos sonhos, dia a dia,
Se interna meu dorido pensamento.
Nas regiões do vago esquecimento
Me conduz, passo a passo, a fantasia.

Atravesso, no escuro, a névoa fria
D’um mundo estranho, que povôa o vento,
E meu queixoso e incerto sentimento
Só das visões da noite se confia.

Que místicos desejos me enlouquecem?
Do Nirvana os abismos aparecem,
A meus olhos, na muda imensidade!

N’esta viagem pelo ermo espaço,

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Sucesso é Realização

O sucesso é a realização de qualquer coisa valiosa para si. Pode ser a paz de espírito e felicidade; união no lar e na família; o gosto pelo trabalho; independência financeira; alegria e satisfação por servir os outros; o desenvolvimento das forças construtivas inerentes ao homem; amar a vida e sentir-se satisfeito com o seu carácter, os seus ideais e os trabalhos realizados.
«Talvez ainda se não tivesse encontrado uma definição de sucesso aplicável a todas as pessoas» – escreveu Zu Tavern – «Cada um de nós tem a sua ideia pessoal de sucesso, e essa mesma ideia vai-se modificando com a passagem do tempo. Para alguns, sucesso é igual a fama; para outros, riqueza em dinheiro; para outros ainda, apenas amor e felicidade.»
É uma lei da natureza humana realizar, ganjear respeito, ser um trabalhador e construtor activo, deixar o mundo um pouco melhor que o encontrado. O homem foi feito para realizar. A maior satisfação da vida provém da realização. Isto prova-se pela sua estrutura física, mental e moral.
Quando faz qualquer coisa – para os outros ou para o seu próprio bem – é feliz e sente-se útil.
O desejo de realizar nasce connosco.

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A Acção Vai Bem sem a Paixão

Fazemos coisas iguais com forças diversas e diferente esforço de vontade. A acção vai bem sem a paixão. Pois quantas pessoas se arriscam diariamente em guerras que não lhes importam, e se sujeitam aos perigos de batalhas cuja perda não lhes perturbará o próximo sono? Um homem na sua casa, longe desse perigo que não teria ousado encarar, está mais interessado no desfecho dessa guerra e tem a alma mais inquieta do que o soldado que põe nela o seu sangue e a sua vida. Essa impetuosidade e violência de desejo mais atrapalha do que auxilia a condução do que empreendemos, enche-nos de acrimónia e suspeição contra aqueles com quem tratamos. Nunca conduzimos bem a coisa pela qual somos possuídos e conduzidos.
Quem emprega nisso apenas o seu discernimento e a sua habilidade procede com mais vivacidade: amolda, dobra, difere tudo à vontade, de acordo com as exigências das circunstâncias; erra o alvo sem tormento e sem aflição, pronto e intacto para uma nova iniciativa; avança sempre com as rédeas na mão. Naquele que está embriagado por essa intensidade violenta e tirânica vemos necessariamente muita imprudência e injustiça; a impetuosidade do seu desejo arrebata-o: são movimentos temerários e, se a fortuna não ajudar muito,

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O Amor e a Vida

O amor é uma imagem da nossa vida. Tanto o primeiro como a segunda estão sujeitos às mesmas revoluções e mudanças. A sua juventude é resplandecente, alegre e cheia de esperanças porque somos felizes por ser jovens tal como somos felizes por amar. Este agradabilíssimo estado leva-nos a procurar outros bens muito sólidos. Não nos contentamos nessa fase da vida com o facto de susbsistirmos, queremos progredir, ocupamo-nos com os meios para nos aperfeiçoarmos e para assegurar a nossa boa sorte. Procuramos a protecção dos ministros, mostrando-nos solícitos e não aguentamos que outrem queira o mesmo que temos em vista. Este estímulo cumula-nos de mil trabalhos e esforços que logo se apagam quando alcançamos o desejado. Todas as nossas paixões ficam então satisfeitas e nem por sombras podemos imaginar que a nossa felicidade tenha fim.
No entanto, esta felicidade raramente dura muito e fatiga-se da graça da novidade. Para possuirmos o que desejámos não paramos de desejar mais e mais. Habituamo-nos ao que temos, mas os mesmos haveres não conservam o seu preço, como nem sempre nos tocam do mesmo modo. Mudamos imperceptivelmente sem disso nos apercebermos. O que já adquirimos torna-se parte de nós mesmos e sofreríamos muito com a sua perda,

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Apocalipse

Minha divinatória Arte ultrapassa
os séculos efêmeros e nota
Diminuição dinâmica, derrota
Na atual força, integérrima, da Massa.

É a subversão universal que ameaça
A Natureza, e, em noite aziaga e ignota,
Destrói a ebulição que a água alvorota
E põe todos os astros na desgraça!

São despedaçamentos, derrubadas,
Federações sidéricas quebradas…
E eu só, o último a ser, pelo orbe adeante,

Espião da cataclísmica surpresa
A única luz tragicamente acesa
Na universalidade agonizante!

É reduzido o número daqueles que vêem com os seus próprios olhos e sentem com o próprio coração. Mas da sua força dependerá que os homens tendam ou não a cair no estado amorfo para onde parece caminhar hoje uma multidão cega.

É o Hábito Que Nos Persuade

É preciso não nos conhecermos mal: somos autómato, tanto quanto espírito, donde resulta que o instrumento pelo qual se faz a persuasão não é unicamente a demonstração. Quão poucas são as coisas demonstradas! As provas não convencem senão o espírito. O hábito dá-nos provas mais fortes e mais críveis; inclina o autómato, que arrasta o espírito, sem que ele o saiba. Quem demonstrou que amanhã será dia, e que morremos? E que existirá de mais crível? É, portanto, o hábito que nos persuade; é ele que faz tantos cristãos, que faz os maometanos, os pagãos, os artesãos, os soldados, etc.
Enfim, é preciso recorrer a ele depois de o espírito ter visto onde está a verdade, para nos dessedentar e nos impregnar dessa crença que nos escapa a todo o momento; pois ter as provas sempre presentes é por demais penoso. É mister adquirir uma crença mais fácil – a do hábito -, que, sem violência, sem artifício, sem argumento, nos faz crer nas coisas e predispõe todas as nossas faculdades para essa crença, de sorte que a nossa alma nela mergulhe naturalmente.Não basta crer pela força da convicção, quando o autómato está predisposto a crer o contrário. É preciso fazer com que as nossas duas partes creiam: o espírito,

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Meu País Desgraçado

Meu país desgraçado!…
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas…

Meu país desgraçado!…
Porque fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?

Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.

E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!

Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!

Ser profundamente amado por alguém nos dá força. Amar alguém profundamente nos dá coragem!

As Paixões Humanas

Eu considero inteligente o homem que em vez de desprezar este ou aquele semelhante é capaz de o examinar com olhar penetrante, de lhe sondar por assim dizer a alma e descobrir o que se encontra em todos os seus desvãos. Tudo no homem se transforma com grande rapidez; num abrir e fechar de olhos, um terrível verme pode corroer-lhe as entranhas e devorar-lhe toda a sua substância vital. Muitas vezes uma paixão, grande ou mesquinha pouco importa, nasce e cresce num indivíduo para melhor sorte, obrigando-o a esquecer os mais sagrados deveres, a procurar em ínfimas bagatelas a grandeza e a santidade. As paixões humanas não têm conta, são tantas, tantas, como as areias do mar, e todas, as mais vis como as mais nobres, começam por ser escravas do homem para depois o tiranizarem.
Bem-aventurado aquele que, entre todas as paixões, escolhe a mais nobre: a sua felicidade aumenta de hora a hora, de minuto a minuto, e cada vez penetra mais no ilimitado paraíso da sua alma. Mas existem paixões cuja escolha não depende do homem: nascem com ele e não há força bastante para as repelir. Uma vontade superior as dirige, têm em si um poder de sedução que dura toda a vida.

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O essencial na vida não é convencer ninguém, nem talvez isso seja possível; o que é preciso é que eles sejam nossos amigos; para tal, seremos nós amigos deles; que forças hão de trabalhar o mundo se pusermos de parte a amizade?

Aquele que sua força conhece e sua fraqueza esconde, vale um império.

Detenhamo-nos diante do Menino de Belém. Deixemos que o nosso coração se comova; não tenhamos medo disso. Não tenhamos medo de que o nosso coração se comova! Precisamos de que o nosso coração se comova. Deixemo-lo aquecer pela ternura de Deus; precisamos das Suas carícias. As carícias de Deus dão-nos paz e força.

A Esterilidade do Ódio

O ódio é um sentimento negativo que nada cria e tudo esteriliza: – e, quem a ele se abandona, bem depressa vê consumidas na inércia as forças e as faculdades que a Natureza lhe dera para a acção. O ódio, quando impotente, não tendo outro objecto directo e nem outra esperança senão o seu próprio desenvolvimento – é uma forma da ociosidade. É uma ociosidade sinistra, lívida, que se encolhe a um canto, na treva. (…) Mas que esse sentimento seja secundário na vasta obra que temos diante de nós, agora que acordamos – e não essencial, ou supremo e tão absorvente que só ele ocupe a nossa vida, e se substitua à própria obra.

Os pensamentos e os sentimentos que passam pela nossa mente espalham-se por todo o Universo como as ondas de rádio. Mesmo que os disfarcemos com nossa fisionomia ou os controlemos com nossa força de vontade, eles voam como sementes transportadas pelo vento e germinam em algum lugar.

A Vantagem de Ter Pouca Memória

Não há outro homem a quem aventurar-se a falar de memória assente tão mal. Pois praticamente não reconheço em mim vestígio dela, e não creio que haja no mundo uma outra tão prodigiosa em insuficiência. Tenho banais e comuns todas as minhas outras qualidades. Mas nesta creio ser singular e muito raro, e digno de por ela ganhar nome e fama.
(…) Em certa medida, consolo-me. Em primeiro lugar porque esse é um mal pelo qual encontrei principalmente o meio de corrigir um mal pior que poderia facilmente ter surgido em mim, ou seja, a ambição, pois é uma falta (a falta de memória) inadmissível para quem se envolve nos negócios do mundo; e porque, como mostram vários exemplos semelhantes do andamento da natureza, esta de bom grado fortaleceu em mim outras faculdades na medida em que aquela se enfraqueceu, e facilmente eu iria deitando e enlaguescendo o meu espírito e o meu discernimento sobre os rastros de outrem, como faz o mundo, sem exercer as suas próprias forças, se as ideias e opiniões alheias estivessem presentes em mim pelo benefício da memória.
E porque as minhas falas são mais curtas, pois o armazém da memória costuma ser mais bem provido de matéria do que o da invenção;

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