Rosa sem Espinhos
Para todos tens carinhos,
A ninguém mostras rigor!
Que rosa Ă©s tu sem espinhos?
Ai, que nĂŁo te entendo, flor!Se a borboleta vaidosa
A desdém te vai beijar,
O mais que lhe fazes, rosa,
É sorrir e é corar.E quando a sonsa da abelha,
TĂŁo modesta em seu zumbir,
Te diz: «Ó rosa vermelha,
» Bem me podes acudir:» Deixa do cálix divino
» Uma gota sĂł libar…
» Deixa, é néctar peregrino,
» Mel que eu nĂŁo sei fabricar …»Tu de lástima rendida,
De maldita compaixĂŁo,
Tu Ă sĂşplica atrevida
Sabes tu dizer que não?Tanta lástima e carinhos,
Tanto dĂł, nenhum rigor!
És rosa e não tens espinhos!
Ai !, que nĂŁo te entendo, flor.