A MissĂŁo de Continuar a Vida
NinguĂ©m se pode possuir inteiramente, porque se ignora, porque somos um mistĂ©rio. Para nĂłs mesmos. Podemos sim, ser mais conscientes de uma determinada missĂŁo que temos no mundo. Todos nĂłs somos uma missĂŁo. Somos a missĂŁo de continuar a vida, aperfeiçoando-a, festejando-a e nĂŁo destruindo-a como se está a fazer hoje. Eu nĂŁo tenho certezas, mas tenho convicções e uma das minhas convicções mais firmes Ă© que nascemos para a liberdade. E, no entanto, veja o paradoxo: essa liberdade, esse caminho para a liberdade está a ser cada vez mais obscurecido por aquilo que observamos no nosso mundo de hoje. NĂłs chegamos a esta coisa terrĂvel, o chamado equilĂbrio nuclear, que Ă© o jogo de escondidas de duas disponibilidades criminosas para suprimir a humanidade. A humanidade está hoje pronta (parece que está sempre pronta!) para pĂ´r luto por si prĂłpria. Isto nĂŁo Ă© uma forma humana de viver. Esta tragĂ©dia tem que ser a sua «hĂşbris», que Ă©, digamos, a arrogância que desencadeia a catástrofe punitiva. E o que me perturba muito, o que me assusta, Ă© que paĂses que subscrevem, que proclamam os direitos humanos, possam entrar num jogo fatal destes, um jogo que se destina a suprimir o homem.