A Sociedade Ă© Baseada no Instinto Individual
A vida de uma sociedade Ă©, fundamentalmente, uma vida de acção. As relaçÔes dos indivĂduos adentro dela, sĂŁo, fundamentalmente, relaçÔes entre as actividades, entre as acçÔes, deles. As relaçÔes dessa sociedade com outras sociedades â sejam essas relaçÔes de que espĂ©cie forem â sĂŁo relaçÔes de qualquer espĂ©cie de actividade, sĂŁo relaçÔes de acção. Ă, portanto, pelas faculdades que conduzem Ă acção que o indivĂduo Ă© directamente social. Ora, como a ciĂȘncia constata que sĂŁo os instintos, os hĂĄbitos, os sentimentos â tudo quanto em nĂłs constitui o inconsciente, ou o subconsciente â que levam Ă acção, segue que Ă© pelos seus instintos, pelos seus hĂĄbitos, pelos seus sentimentos â e nĂŁo pela sua inteligĂȘncia â que o indivĂduo Ă© directamente social.
Por que espĂ©cie de instintos, porĂ©m, Ă© que o indivĂduo Ă© directamente social? Alguns dos seus instintos, como o instinto de conservação e o instinto sexual, sĂŁo sociais apenas indirectamente. Servindo-os, o indivĂduo serve, em Ășltimo resultado, a sociedade a que pertence, porque, mantendo a sua vida, mantĂ©m a vida de um elemento componente da sociedade a que pertence, e, propagando a espĂ©cie, contribui para a continuidade de vida dessa sociedade; mas nem um, nem outro, desses instintos tem um fim directamente social. O serviço desses instintos envolve, ao contrĂĄrio, um grau maior ou menor de concorrĂȘncia, de luta, com outros indivĂduos. Esses instintos, portanto, embora necessĂĄrios Ă sociedade, sĂŁo de ordem individual e nĂŁo social.