A Perenidade do Nosso Fundamento
O ser-nos evidente o nosso fundamento e o ser evidente outro para outros significa que para nós e para eles há uma harmonia totalizadora de ser, de pensar, que em si mesma integra cada elemento que escolhamos cada forma de organizar um modo de explicarmos e de nos explicarmos em face do todo harmónico do nosso tempo, cuja harmonia se nos não esclarece porque a não podemos objectivar e apenas a podemos viver.
Que se explique o acontecer humano pela Providência divina ou pela História, que se determine o modo de ser dessa Providência ou o tipo de forças que actuam na História e a realizam como História que é, que se entenda a Justiça e a Moral e a Arte em função dos mais variados tipos de ser, que se abordem todas essas determinações pelos modos mais diversos de os abordar, que nos entendamos adentro delas pelas mais diversas formas de exercer o entendimento – a realidade última que nos reabsorve e orienta todos esses modos de compreender e de ser é a explicação derradeira porque já não explica nada.
Porque se explicasse, se fosse algo determinável pelo que é e pelo modo como actua, exigir-nos-ia ainda uma outra dimensão, um outro limite, um outro horizonte a partir dos quais regressássemos para explicar o que lhes estivesse aquém.
Esse horizonte-limite identifica-se com o que nos estrutura como destino que nos coube e que não tem explicação; esse horizonte-limite que o é em cada época, é a forma diversificada e actuante do que globalmente nós somos e em cada período se particulariza e hierarquiza para a indizível escolha e hierarquização do que em globo nós somos e em cada época se nos harmoniza na totalidade de nós.