Regressar Ă InocĂȘncia
Seja como as crianças, mantenha os olhos abertos, sem preconceitos escondidos atrĂĄs da vista. Se olhar com clareza, pequenas flores, ou pedaços de relva, ou borboletas, ou um pĂŽr do Sol proporcionar-lhe-ĂŁo tanta felicidade quanto a que Gautama Buda encontrou na sua iluminação. Isto nĂŁo depende das coisas, mas sim da sua abertura. O conhecimento fecha-o; transforma-se numa cerca, numa prisĂŁo. Mas a inocĂȘncia abre todas as portas e todas as janelas.
O sol entra e uma brisa fresca flui.
De repente, o perfume das flores faz-lhe uma visita.
E de vez em quando um påssaro virå cantar uma canção e entrar por outra janela.
A inocĂȘncia Ă© a Ășnica religiosidade que existe.
A religiosidade nĂŁo depende das escrituras sagradas nem do que se sabe sobre o mundo. SĂł depende de se estar preparado para ser como um espelho lĂmpido, que nada reflecte.
Um total silĂȘncio, inocĂȘncia, pureza… e toda a existĂȘncia Ă© transformada para si. Cada momento passa a ser de ĂȘxtase. As pequenas coisas, como beber uma chĂĄvena de chĂĄ, tornam-se oraçÔes tĂŁo poderosas que nenhuma outra oração se lhes pode comparar. Basta observar uma nuvem a mover-se livremente no cĂ©u, e da inocĂȘncia surge uma sincronicidade. A nuvem deixa de estar ali como um objecto e vocĂȘ deixa de estar ali como sujeito. Algo se encontra e funde com a nuvem. EntĂŁo começa a voar com a nuvem.
Começa a dançar com a chuva e com as ĂĄrvores. Começa a cantar com os pĂĄssaros. Começa a dançar com os pavĂ”es, sem se mexer, sentado apenas, e a sua consciĂȘncia começa a propagar-se Ă sua volta.
No dia em que a sua consciĂȘncia tiver tocado a existĂȘncia, a religiĂŁo nascerĂĄ dentro de si, e entĂŁo terĂĄ renascido.
Este Ă© o seu verdadeiro nascimento.