Parar de Pensar
O maior obstáculo à experimentação da realidade da ligação do leitor é a sua identificação com a mente, que faz com que o pensamento se torne compulsivo. Não ser capaz de parar de pensar é um padecimento terrível, porém não nos apercebemos deste facto porque quase toda a gente sofre dessa mesma maleita, sendo por isso considerado normal. Este ruído mental incessante impede o leitor de encontrar esse reino de calma interior que é inseparável do Ser. Gera ainda um eu falso engendrado pela mente que lança uma sombra de medo e sofrimento.
A identificação do leitor com a sua mente cria uma divisória opaca de conceitos, rótulos, imagens, palavras, juízos e definições, que bloqueia todo o relacionamento verdadeiro. Interpõe-se entre o próprio leitor, entre o leitor e o próximo, entre o leitor e a sua natureza, entre o leitor e Deus. É esta divisória de pensamento que gera a ilusão de afastamento, a ilusão de que há o leitor e um «outro» completamente distinto. Nessa altura, o leitor esquece o facto essencial de que, sob o nível da aparência física e das formas separadas, o leitor é uno com tudo o que existe.
A mente é um instrumento maravilhoso se usado adequadamente. No entanto, quando utilizada de forma errada, torna-se muito destrutiva. Para ser mais preciso, não se trata tanto de o leitor usar a mente de maneira errada: em geral, o leitor nem sequer a utiliza. Ela é que o usa a si. É esta a doença. O leitor acredita que é a sua mente. É esse o engano. O instrumento apoderou-se de si.
É quase como se o leitor estivesse possuído sem saber que o estava e, por esse motivo, tomasse a possessão como sendo você mesmo.O início da liberdade é a perceção de que o leitor não é a entidade que possui – o pensador. Sabê-lo permite-lhe observar a entidade. Na altura em que o leitor começar a observar o pensador, desperta um nível superior de consciência.
Nesse momento, o leitor começa a aperceber-se de que existe um vasto mundo de inteligência para além do pensamento, que este é apenas um aspecto ínfimo dessa inteligência. Apercebe-se ainda de que todas as coisas que realmente importam (a beleza, o amor, a criatividade, a alegria, a paz interior) nascem além da mente.
O leitor começa a despeitar.