As Melhores Coisas da Vida São à Borla
As melhores coisas da vida são à borla.
Vivemos em abundância.
Não parece, pois há muito tempo que se dá mais valor à matéria, aos bens que possuímos e às contas que temos no banco do que àquilo que verdadeiramente importa, mas é um facto. A terra dá-nos tudo. É tão generosa que mesmo após tanta destruição continua a regenerar-se e a alimentar-nos a alma e o corpo. Os melhores alimentos vêm do solo que pisamos. As praias encontram-se o ano todo no mesmo lugar. 0 mar e a areia não desaparecem. Existem desde sempre e para sempre e estão à tua disposição sempre que entenderes senti-los. As florestas, os bosques e os jardins, a mesma coisa. A essência do verde, apesar de amarelar no outono e cair no inverno, mantém-se intacta, disponível para a respirares e te entregares sempre que precisares de te curar. O vento sopra todos os dias. O sol intercala com a chuva para poderes sentir sempre algo novo quando vais à janela ou sais à rua. O céu está sempre estrelado ou cheio de formas para que possas agradecer ou dar asas à tua criatividade. Mas há mais. Os nossos amigos são de graça. Não precisamos de lhes pagar um cêntimo para nos abraçarem, para nos ouvirem ou darem uma opinião. Os nossos bichos não nos pedem nada em troca para nos amarem de uma ponta à outra das suas vidas, independentemente do que lhes possamos fazer. Brincar com eles não tem custos. O beijo é à borla. O sexo também. Quer dizer, para alguns não é, mas é apenas para alguns. Para fazer exercício não precisa de se pagar nada. Ninguém paga nada para caminhar, saltar, correr ou nadar. Ninguém tem custos para brincar com o seu filho ou levá-lo a passear.
A cura, o amor e a conexão com o melhor de nós não tem preço e é por isso que é tudo à borla. Ninguém sabe o valor de um abraço, de um «Amo-te» sentido, de uma chuvada enquanto passeamos, de um desabafo, do calor a bater no corpo, do sabor a missão cumprida após uma corrida, do suor do roçar dos sexos. Ninguém sabe do valor de nada disto porque todo o dinheiro do mundo não compraria tais sensações.
O dinheiro só compra o que não se sente.
Há malta rica e profundamente infeliz. Há gente que viaja pelo mundo inteiro mas que parece não sair do mesmo sítio, pois leva todos os seus problemas consigo. E há pessoas que têm muitas coisas e não dão valor a nada.
Usufrui, portanto, de tudo o que tens ao teu dispor todos os dias, escolhe fazer parte dessa dádiva, integrar-te no Todo, e depois agradece para que consigas, e cada vez mais, reconhecer a dimensão da riqueza que tens, e sempre terás, à tua volta.