Todo o Grande Homem é Céptico
Todo o grande homem é, necessariamente, céptico, ainda que possa não o mostrar: pelo menos se a grandeza dele consistir em querer uma coisa grande e grandes meios para realizá-la. A liberdade em relação a todas as convicções faz parte da sua vontade: o que está em conformidade com o “despotismo esclarecido” que todas as grandes paixões exercem. Uma paixão dessa espécie põe o intelecto ao seu serviço e tem a coragem de fazer uso até de certos meios proibidos – dos quais se serve, mas aos quais não se submete.
A necessidade de crer, a necessidade de um sim e de um não absolutos é sinal de fraqueza, e toda a fraqueza é uma fraqueza da vontade. O homem de fé, o crente é, necessariamente, de uma espécie inferior; disso resulta a liberdade de espírito, ou seja, a descrença instintiva: uma condição de grandeza.