Soneto para Greta Garbo
(Em louvor da decadĂȘncia bem comportada)
Entre silĂȘncio e sombra se devora
e em longĂnquas lembranças se consome;
tĂŁo longe que esqueceu o prĂłprio nome
e talvez jĂĄ nem saiba porque chora.Perdido o encanto de esperar agora
o antigo deslumbrar que jĂĄ nĂŁo cabe,
transforma-se em silĂȘncio, porque sabe
que o silĂȘncio se oculta e se evapora.Esquiva e sĂł como convĂ©m a um dia
despregado do tempo, esconde a face
que jĂĄ foi sol e agora Ă© cinza fria.Mas vĂȘ nascer da sombra outra alegria:
como se o olhar magoado contemplasse
o mundo em que viveu, mas que nĂŁo via.