A amante que chora o amante que teve, na presença do amante que se lhe oferece, quer persuadir o segundo que é arrastada ao crime pela ingratidão do primeiro.
Frases de Camilo Castelo Branco
265 resultadosA inveja é um inimigo inexorável.
O coração é um traidor, quando se arreda dos deveres impostos à alma.
Viver é ansiar a felicidade possível e a impossível.
Isto de ser poeta não é lá grande cousa. Pelos modos, o miolo dos tais patavinas não regula bem… Eu sempre tive cá minha birra com homens que fazem disso.
Reparar, quando o coração repara mais que o juízo, é amar.
O silêncio é o desafogo das grandes emoções, que abafam o espírito, enturvando-nos a razão.
Não há amor que resista a vinte e quatro horas de filosofia.
Vida, que no ralador das paixões se esvai, tem uma lousa erguida onde os átomos agridoces da existência lá se vão caindo. Pois bem, erga-se essa lousa. A última contracção do pulmão do apaixonado, é a paixão purificada… morre-se: – pois bem, seja teu esse último suspiro.
O terror tem sido, algumas vezes, o mais avisado conselheiro nas angústias. Muitas vitórias, que a história atribui ao denodo dos generais, foi o ímpeto da resolução extrema do medo que lhas deu.
A política pode substituir a fêmea, quando é preciso escolher entre duas devassas, mas não é possível conservar ambas.
A necessidade de variar a conversação é a tísica das grandes paixões… uma frase repetida aborrece , por mais bonita que seja.
Amar é uma operação da alma sem dependência do corpo, apaixonar-se é uma operação do corpo sem dependência da alma.
Cobarde é aquele que mendiga braços, quando tem dois para fazer estalar o peito de um homem.
Enquanto houver rapazes de quarenta anos, é justo que se desculpem as leviandades dos velhos de dezassete.
Que a sua casa seja como um santuário impenetrável. Se o apetite invencível o impelir à comunhão de manjares, que a sociedade digere, à custa de um penoso trabalho do coração, vá, mas deixe-a a ela no segredo da sua vida, como anjo depositário do bálsamo das feridas com que vossa excelência se refugiará do tumulto das paixões degeneradas para o abrigo da amizade íntima, sem a qual o amor é impossível.
Assim começam todos os amores: assim vai até ao altar a menina que se casa; acompanham-a até lá quiméricas legiões de espíritos lúcidos, cujas asas se enlaçam, para a embalarem num coxim ideal de aspirações e santos desejos. E, depois, é muito triste vê-la, passados dois meses, a fazer um rol de roupa suja, a acertar a gravata do marido, que vai ver o cambio, ou, oh essência do materialismo! a pregar um botão nas calças conjugais! Esta é a ordem do mundo, leitores! Cinjamos os rins de silício, cubramo-nos de saco, e baixemos a cabeça ao mundo conveniente, qual ele é, porque o método é uma necessidade prima, até no romance.
O homem foi sempre mau; será mau até ao fim. A sociedade parece melhor do que foi, olhada colectivamente; é parte nisto a lei e grande parte o cálculo. Cada indivíduo se constrange e enfreia no pacto social para auferir as vantagens de o não romper; porém, o instinto de cada homem, em comunidade de homens, está de contínuo repuxando para a desorganização.
O que posso vaticinar-lhe é que a mulher das suas primeiras afeições há-de salvá-lo ou perdê-lo. Há-de fazê-lo recuar à inocência dos seus primeiros anos, ao suave perfume dos seus desejos imaculados, ou, de um lance de olhos, mostrar-lhe todas as torpezas, e, de um só impulso, atirá-lo a todos os abismos.
O amor só vive pelo sofrimento e cessa com a felicidade; porque o amor feliz é a perfeição dos mais belos sonhos, e tudo que é perfeito, ou aperfeiçoado, toca o seu fim.