Exactamente porque Ă© tĂŁo forte em mim a vontade de me dar a algo ou alguĂ©m, Ă© que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar o quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. SĂł tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. Quem sabe se comecei a escrever tĂŁo cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma. O que Ă© um fac-sĂmile triste.
Frases sobre Corpo de Clarice Lispector
26 resultadosNĂŁo aguento muito tempo um sentimento porque passo a ter angĂşstia e meu pensamento fica ocupado com o sentimento e eu me desenvencilho dele de qualquer jeito para ganhar de novo a minha liberdade de espĂrito. Sou livre para sentir. Quero ser livre para raciocinar. Aspiro a uma fusĂŁo de corpo e alma.
É como se cada parte do meu corpo implorasse por você.
Mas estou tentando escrever-te com o corpo todo, enviando uma seta que se finca no ponto tenro e nevrálgico da palavra.
Acho que loucura Ă© perfeição. É como enxergar. Ver Ă© a pura loucura do corpo. Letargia. A sensibilidade trĂ©mula tornando tudo ao redor mais sensĂvel e tornando visĂvel, com um pequeno susto e impalpável.
No âmago onde estou, no âmago do É, não faço perguntas. Porque quando é – é. Sou limitada apenas pela minha identidade. Eu, entidade elástica e separada de outros corpos.
Ă€s vezes no amor ilĂcito está toda a pureza do corpo e alma, nĂŁo abençoado por um padre, mas abençoado pelo prĂłprio amor.
E quando notou que aceitava em pleno o amor, sua alegria foi tão grande que o coração lhe batia por todo o corpo, parecia-lhe que mil corações batiam-lhe nas profundezas de sua pessoa.
Estou escrevendo porque nĂŁo sei o que fazer de mim. Quer dizer: nĂŁo sei o que fazer com meu espĂrito. O corpo informa muito.
Eu sei gargalhar com os olhos, e sorrir com o corpo todo.
Pelas plantas dos pés subia um estremecimento de medo, o sussurro de que a terra poderia aprofundar-se. E de dentro erguiam-se certas borboletas batendo asas por todo o corpo.
Eternidade não era só o tempo, mas algo como a certeza enraizadamente profunda de não poder contê-lo no corpo por causa da morte; a impossibilidade de ultrapassar a eternidade era eternidade; e também era eterno um sentimento em pureza absoluta, quase abstracto.
NĂŁo sinto loucura no desejo de morder estrelas, mas ainda existe a terra. E porque a primeira verdade está na terra e no corpo. Se o brilho das estrelas dĂłi em mim, se Ă© possĂvel essa comunicação distante, Ă© que alguma coisa quase semelhante a uma estrela tremula dentro de mim.
E foi tĂŁo corpo que foi puro espĂrito.
Ah viver Ă© tĂŁo desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espĂrito nĂŁo pára, viver parece ter sono e nĂŁo poder dormir – viver Ă© incĂłmodo. NĂŁo se pode andar nu nem de corpo nem de espĂrito.
NĂŁo se pode andar nĂş nem de corpo nem de espĂrito.
Porque na pobreza de corpo e espĂrito eu toco na santidade, eu que quero sentir o sopro do meu alĂ©m. Para ser mais do que eu, pois tĂŁo pouco sou.
Sem um pensamento: apenas corpo se movimentando calmo, rosto pleno de uma suave esperança que ninguém dá e ninguém tira.
E aquela maldadezinha que Ă© de quem tem um corpo
Eu tambĂ©m queria escrever, e seriam duas ou trĂŞs linhas, sobre quando uma dor fĂsica passa. De como o corpo agradecido, ainda arfando, vĂŞ a que ponto a alma Ă© tambĂ©m corpo.