Sol no girassol. Sombra desenha outra flor no corpo dourado.
Frases Curtas de Anibal Beça
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Maria-fecha-a-porta ao toque do meu dedo: ah plantinha tímida…
Tempo de uiaúa: o rio onde os peixes nascem é o mesmo que os mata.
Na caixa postal a mão sente a queimadura: taturana presa.
De traje a rigor os urubus em meneios bailando nas nuvens.
Cercada de verde ilha na hera do muro: uma orquídea branca.
Rapsódia incômoda: ao redor do bóia-fria moscas do canavial.
Céu de primavera no jardim dorme a menina. Qual a flor do sonho?
Na hora do rush o cheiro do incenso acalma: hare-krishnas dançam.
Doceira na noite a negra sorriu: canteiro de estrelas?
Na soleira do sítio a graúna canta ao silêncio do sol.
Sobe a piracema – ano que vem outros peixes nadarão de novo.
Ao sol do verão o sorvete se derrete. Namoro desfeito.
Quase desperdício. Moscas sobre caquis podres Só o sapo come.
A flor do ipê-roxo cai deixando saudades. Ah, a moça da tarde…
Apenas um gesto e o homem é capaz de vida – reparto o caqui.
Gaiola se abrindo e o haijin livre de amarras: sabiá cantando.
Abro o armário e vejo nos sapatos meus caminhos. Qual virá no séquito?
Açougue nas águas: piranhas esquartejam o boi no meio do rio.
Entre o capim seco uma surpresa rajada: ovos de codorna.