Cada homem que morre é uma morte de Deus. E quando o último homem morrer, Deus não ressuscitará.
Frases sobre Deus de José Saramago
23 resultadosDeus, o diabo, o bom, o ruim, tudo está na nossa cabeça, não no céu ou no inferno, que também inventamos. Não percebemos que, tendo inventado Deus, imediatamente nos escravizamos a ele.
Por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o mais horrendo e cruel.
Que diabo de Deus é esse que para enaltecer Abel despreza Caim?
O problema não é um Deus que não existe, mas a religião que O proclama!
A morte é a inventora de Deus.
Acho que damos pouca atenção àquilo que efectivamente decide tudo na nossa vida, ao órgão que levamos dentro da cabeça: o cérebro. Tudo quanto estamos por aqui a dizer é um produto dos poderes ou das capacidades do cérebro: a linguagem, o vocabulário mais ou menos extenso, mais ou menos rico, mais ou menos expressivo, as crenças, os amores, os ódios, Deus e o diabo, tudo está dentro da nossa cabeça. Fora da nossa cabeça não há nada.
Há uma pergunta que me parece dever ser formulada e para a qual não creio que haja resposta: que motivo teria Deus para fazer o universo? Só para que num planeta pequeníssimo de uma galáxia pudesse ter nascido um animal determinado que iria ter um processo evolutivo que chegou a isto?
Acho que Deus Nosso Senhor fez o mundo e fez também as contradições e depois, como não sabia onde as havia de meter, é que inventou o homem.
Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro.
Deus e a morte são as duas faces da mesma moeda. Não podem passar um sem outro. Sem morte não haveria Deus, porque não o inventariam. Mas sem Deus não haveria morte, porque Deus tinha de fazer a vida finita.
Como escreveu o poeta, os pinheiros bem acenam, mas o céu não lhes responde. Também não responde aos homens, apesar de estes, em sua maioria, saberem desde pequenos as orações precisas, o problema está em acertar com uma língua que deus seja capaz de entender.
Já não adianta nada dizer que matar em nome de Deus é fazer de Deus um assassino. Para os que matam em nome de Deus, Deus é o Pai poderoso que juntou antes a lenha para o auto-de-fé e agora prepara e coloca a bomba.
Deus não precisa do homem para nada, excepto para ser Deus.
Deus é o silêncio do universo, e o homem o grito que dá um sentido a esse silêncio.
Deus: um todo arrancado ao nada por quem é pouco mais que nada.
Havendo Deus, há só um Deus. Dele, desse Deus único, é que teriam provindo as revelações que levaram ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo. Ora, como essas revelações, quer no espírito quer na forma, não são iguais entre si (e deveriam sê-lo, uma vez que nasceram da mesma fonte), infere-se que Deus é histórico, que Deus é simples História. Por outras palavras: quando a História precisa de um Deus, fabrica-o.
No fundo, o problema não é um Deus que não existe, mas a religião que o proclama. Denuncio as religiões, todas as religiões, por nocivas à Humanidade. São palavras duras, mas há que dizê-las.
Os homens, a Deus, perdoam-lhe tudo, e quanto menos o compreendem mais lhe perdoam.
De Deus e da morte não se tem contado senão histórias, e esta é mais uma delas.