O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.
Frases de Eça de Queirós
124 resultadosO riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo.
Na arte, a indisciplina dos novos, a sua rebelde força de resistência às correntes da tradição, é indispensável para a revivescência da invenção e do poder criativo, e para a originalidade artística.
O amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons.
O apreço exterior pela arte é a sobrecasaca da inteligência. Quem se quererá apresentar diante dos seus amigos com uma inteligência nua?
A felicidade no amor dá tudo, até as boas cores.
No terreno do dinheiro vence sempre quem tem mais dinheiro.
Preciso conselhos, direcções, preciso «conhecer-me a mim mesmo» – para perseverar e desenvolver o bom, evitar o mau, ou modificá-lo e disfarçá-lo: Mas há lá coisa mais difícil? Que se conheça a si mesmo – o homem que não tira os olhos de si mesmo, é quase impossível: anquilosa-se a gente num certo feitio moral, de que não sai.
Vitor Hugo afirmava que só existiam duas coisas verdadeiramente grandes – o génio e a bondade: Michelet acrescentava que dessas duas grandezas só uma era verdadeiramente real – a bondade. Decerto estes dois homens, supremamente bons e geniais, entendiam por bondade – aquela virtude activa que, pela elevação e amplitude das suas manifestações, participa do heroísmo.
Estou tagarelando muito. Acontece-me isto sempre que estou consideravelmente estúpido.
Duas folhas de carta a ler já é uma boa conta, mesmo quando seja uma carta de amor.
Para todo o homem, mesmo o mais culto, a humanidade consiste especialmente naquela porção de homens que residem no seu bairro. Todos os outros restantes, à maneira que se afastam desse centro privilegiado, se vão gradualmente distanciando também em relação ao seu sentimento, de sorte que aos mais remotos já quase os não distingue da natureza inanimada.
Eu já decidi que – «forretice», para nós outros portugueses, é ainda a única virtude que podemos cultivar com proveito. O único meio de ser feliz é ser independente – e o único meio de ser independente é ser forreta.
O melhor espectáculo para o homem – será sempre o próprio homem.
O trabalho incessante, enorme, irrita e exagera o desejo das riquezas; aferventa o cérebro, sobreexcita a sensibilidade, a população cresce, a concorrência é áspera, as necessidades descomedidas, infinitas as complicações económicas, e aí está sempre entre riscos a vida social. Entre riscos, porque vem a luta dos interesses, a guerra das classes, o assalto das propriedades e por fim as revoluções políticas.
Um homem de letras, que não escreve as suas memórias, tem realmente direito a que os outros lhas não escrevam.
Hoje que tanto se fala em crise, quem não vê que, por toda a Europa, uma crise financeira está minando as nacionalidades? É disso que há-de vir a dissolução. Quando os meios faltarem e um dia se perderem as fortunas nacionais, o regime estabelecido cairá para deixar o campo livre ao novo mundo económico.
Para chorar é necessário ver. A mais pequenina dor que diante de nós se produza e diante de nós gema, põe na nossa alma uma comiseração e na nossa carne um arrepio, que lhe não dariam as mais pavorosas catástrofes passadas longe, noutro tempo ou sob outros céus.
E agora definia a consciência… segundo ele, era o medo da polícia… isto da consciência é uma questão de educação. Adquire-se como as boas maneiras.
O homem nem sequer é superior ao seu venerável pai – o macaco: excepto em duas coisas tenebrosas – o sofrimento moral e o sofrimento social.