Eu não gosto de falar de felicidade, mas sim de harmonia: viver em harmonia com a nossa própria consciência, com o nosso meio envolvente, com a pessoa de quem se gosta, com os amigos. A harmonia é compatível com a indignação e a luta; a felicidade não, a felicidade é egoísta.
Frases de José Saramago
333 resultadosQualquer idade é boa para aprender. Muito do que sei aprendi-o já na idade madura e hoje, com 86 anos, continuo a aprender com o mesmo apetite.
A minha posição é a de constante interrogação.
Ao poder, a primeira coisa que se diz é «não». Não por ser um «não», mas porque o poder tem de ser permanentemente vigiado. O poder tem sempre tendência para abusar, para exorbitar.
Falo de uma mudança que levasse as pessoas a pensar que isto não é bastante para viver como ser humano. Não pode ser. Se nós nos convertemos em pessoas que só se interessam pelos seus próprios interesses, vamos converter-nos em feras contra feras. E aliás é isto o que está a acontecer.
O que dá o verdadeiro sentido ao encontro é a busca, e é preciso andar muito para se alcançar o que está perto.
Numa Europa incapaz de questionar-se a si própria, a postura hoje mais comum é a de uma resignação que tocou o fundo. Escusado será dizer que nenhum estado de espírito poderia convir melhor a um projecto imperial alemão que deixou de dar-se ao trabalho de se disfarçar: ainda o jogo ia no princípio, e já o tínhamos perdido…
Triunfar significa ter e ter mais, abandonando algo que foi importante, aquilo a que chamamos ser mais conscientes, mais solidários, mais unidos aos sentimentos.
Por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o mais horrendo e cruel.
Os meus escritores de referência são Montaigne, Cervantes, o padre António Vieira, Gogol e Kafka. O padre António Vieira era um jesuíta do século XVII. Nunca se escreveu na língua portuguesa com tanta beleza como ele o fez.
Chegaram a Lisboa ao cair da tarde, na hora em que a suavidade do céu infunde nas almas um doce pungimento.
Cada poeta entende a liberdade de maneira diferente, suponho eu. Tal como o homem vulgar, desses que não são poetas. Mas não creio que a liberdade do poeta (por muito alto que a ponham) seja mais dura de conquistar que a do homem comum. E ainda por cima este tem muito menos compensações.
Se eu estiver a ser sincero hoje, que importa que tenha de arrepender-me amanhã?.
O ser humano cultivado é feito de papel.
Escrevemos porque não queremos morrer. É esta a razão profunda do acto de escrever.
O mal que algumas palavras têm não é o que significam directamente. O mal são as conotações. Nós dizemos «espiritualidade», dizemos «espírito», que não sabemos o que é. É que ninguém pode apresentar uma definição de «espiritualidade» que seja convincente. Tenho a impressão de que as palavras atrapalham muito.
Para que serve o arrependimento, se isso não muda nada do que se passou? O melhor arrependimento é, simplesmente, mudar.
Que diabo de Deus é esse que para enaltecer Abel despreza Caim?
…assim é que a vida deve ser, quando um desanima, o outro agarra-se às próprias tripas e faz delas coração
Ninguém escreve um diário para dizer quem é. Por outras palavras, um diário é um romance com uma só personagem. Por outras palavras ainda, e finais, a questão central sempre suscitada por este tipo de escritos é, assim creio, a da sinceridade.