Frases sobre Medo de Clarice Lispector

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Frases de medo de Clarice Lispector. As mais belas frases e mensagens de Clarice Lispector para ler e compartilhar.

Refugio-me na loucura porque não me resta o chamado meio-termo do estado de coisas comum. Quero ver coisas novas – e isso eu só conseguirei se não tiver mais medo da loucura.

Exactamente porque é tão forte em mim a vontade de me dar a algo ou alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar o quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma. O que é um fac-símile triste.

Fico com medo. Mas o coração bate. O amor inexplicável faz o coração bater mais depressa. A garantia única é que eu nasci. Tu és uma forma de ser eu, e eu uma forma de te ser: eis os limites de minha possibilidade.

Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.

Eu tenho medo do ótimo e do superlativo. Quando começa a ficar muito bom eu ou desconfio ou dou um passo para trás.

Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Há o amor. Que tem que ser vivido até à última gota. Sem nenhum medo. Não mata.

É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

O tempo tenta sequestrar meu sorriso, mas resisto como uma criança com medo da mãe ao ralar o joelho. Engulo o choro, para não doer mais.

Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra?!

Não tenho medo nem das chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas. Pois eu também sou o escuro da noite.

Quando uma pessoa é o próprio núcleo, ela não tem mais divergências. Então ela é a solenidade de si própria, e não tem mais medo de consumir-se ao ritual consumidor.