Não é que eu não tenha fé na humanidade. Deixei foi de acreditar nos homens.
Frases de Mia Couto
354 resultadosA dor pede pudor. O sofrimento é uma nudez – não se mostra aos públicos.
Não é morrer que me dói. O que me dá tristeza é ficar morto.
A vida, para ele, era um rio comportado. A felicidade era o prenúncio da inundação.
A melhor maneira de fugir é ficar parado… deixar de ter dimensão, converter-se em areia no deserto. Desaparecer para fazer o outro se extinguir.
Porque a Vida é feita contra o Tempo. Sem medida, tecida de ínfimos infinitos.
Tenho escrito repetidamente que o nosso maior inimigo somos nós mesmos. O adversário do nosso progresso está dentro de cada um de nós, mora na nossa atitude, vive no nosso pensamento. A tentação de culpar os outros em nada nos ajuda. Só avançamos se formos capazes de olhar para dentro e de encontrar em nós as causas dos nossos próprios desaires.
A vida é tão simples que ninguém entende.
Não podemos mendigar ao mundo uma outra imagem. Não podemos insistir numa atitude apelativa. A nossa única saída é continuar o difícil e longo caminho de conquistar um lugar digno para nós e para a nossa pátria. E esse lugar só pode resultar da nossa própria criação.
Muitos dos debates que atravessam hoje o nosso espaço público são curiosos. Por vezes eles resvalam para a agressão. Deixamos de discutir ideias para atacar pessoas. A necessidade de ter razão, de ganhar a todo o custo, atropela os deveres do civismo que é uma das razões de estarmos aqui. Os debates deveriam servir para criarmos colectivamente conceitos produtivos, criarmos ideias que sejam construtoras.
Existem várias formas de pobreza. E há, entre todas, uma que escapa às estatísticas e aos indicadores numéricos: é a penúria da nossa reflexão sobre nós mesmos. Falo da dificuldade de nos pensarmos como sujeitos históricos, como lugar de partida e como destino de um sonho.
Um dos problemas do nosso tempo é que perdemos a capacidade de fazermos as perguntas que são importantes. A escola nos ensinou a dar respostas: a vida nos aconselha a que fiquemos quietos e calados.
Olhei o poente e vi as aves carregando o sol, empurrando o dia para outros aléns.
O dever do escritor para com a língua é recriá-la, salvando-a dos processos de banalização que o uso comum vai estabelecendo.
O mundo não é o que existe, mas o que acontece.
O voar não vem da asa. O beija-flor tão abreviadinho de asa, não é o que voa mais perfeito?
Nascemos para ser escolhidos, vivemos para escolher.
Nós criámos um sistema que gera dificuldades para os mais pequenos assuntos. A dificuldade cria uma oportunidade para expedientes, para oportunismos diversos. Este sistema não é exclusivo de Moçambique. É comum em todo o mundo. Mas este sistema nos faz sentir estranhos, pequenos e deslocados.
Não será que deveríamos cuidar melhor da vida das massas? Porque a verdade é que o caracol nunca deita fora a sua concha. O povo é a concha que nos abriga. Mas pode, repentemente, tornar-se no fogo que nos vai queimar.
África vive numa situação quase única: as gerações vivas são contemporâneas da construção dos alicerces das nações. O que é o mesmo que dizer os alicerces das suas próprias identidades. É como se tudo se passasse no presente, como se todas as nações se entrecruzassem no mesmo texto. Cada nação é assunto de todos, uma inadiável urgência a que ninguém se pode alhear. Todos são cúmplices dessa infância, todos deixam marcas num retrato que está em gestação.