Frases sobre Palavras de Mia Couto

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Frases de palavras de Mia Couto. As mais belas frases e mensagens de Mia Couto para ler e compartilhar.

Salvar é uma grande palavra. E amor é uma palavra ainda maior. Grandes palavras escondem grandes enganos.

O silêncio é, tanto quanto a palavra, um momento vital de partilha de entendimento.

A nossa vida é feita de esperas. E, afinal, basta uma palavra, uma só palavra para sermos deuses, isentos de esperas.

Dentro de mim, vão nascendo palavras líquidas, num idioma que desconheço e me vai inundando todo inteiro.

Quando se faz amor assim, de paixão total, fica-se longe das palavras. O encantamento é uma casa que tem o silêncio por tecto.

Nascemos e choramos. A nossa língua materna não é a palavra. O choro é o nosso primeiro idioma.

O que me move é a vocação divina da palavra, que não apenas nomeia mas que inventa e produz encantamento.

As palavras que movem e que constituem perigo são as palavras que não podem ser ditas em nenhuma língua: as palavras dos sonhos. (…) Quando não se fecha uma estória, a multidão fica contaminada pela doença de sonhar.

Cada coisa tem direito a ser uma palavra. Cada palavra tem o dever de não ser nenhuma coisa.

Só quem reza, em total entrega da alma, sabe desse acender e tombar da palavra nos abismos.

A palavra de hoje é cada vez mais aquela que se despiu da dimensão poética e que não carrega nenhuma utopia sobre um mundo diferente.

A palavra “ler” vem do latim “legere” e queria dizer “escolher”. Era isso que faziam os antigos romanos quando, por exemplo, selecionavam entre os grãos de cereais. A raiz etimológica está bem patente no nosso termo “eleger”. Ora o drama é que hoje estamos deixando de escolher. Estamos deixando de ler no sentido da raiz da palavra. Cada vez mais somos escolhidos, cada vez mais somos objecto de apelos que nos convertem em números, em estatísticas de mercado.

Se a razão é a poesia – e a minha causa é só essa, a criação poética – então, o importante não é tanto a língua, nem sequer o quanto ela nos é materna. Mais importante é essa outra língua que falamos mesmo antes de nascermos. Nesse registo está a porta e o passaporte em que todos nos fazemos humanos, fabricadores da palavra e, com igual mestria, criadores de silêncio.

As palavras e os conceitos são vivos, escapam escorregadios como peixes entre as mãos do pensamento. E como peixes movem-se ao longo do rio da História. Há quem pense que pode pescar e congelar conceitos. Essa pessoa será quanto muito um colecionador de ideias mortas.

Toda a estória se quer fingir verdade. Mas a palavra é um fumo, leve demais para se prender na vigente realidade. Toda a verdade aspira a ser estória.

Não era de água a sua sede. Queria palavras. Não dessas de uso e abuso mas palavras tenras como o capim depois da chuva. Essas de reacender crenças.

No início, viajámos porque líamos e escutávamos, deambulando em barcos de papel, em asas feitas de antigas vozes. Hoje viajamos para sermos escritos, para sermos palavras de um texto maior que é a nossa própria vida.