Eu penso que aquilo que faz com que nós continuemos vivos e capazes de criar é isso mesmo, uma inquietação constante. Sem ela não pode haver criação, quem não põe, sempre, tudo em causa, arrisca-se a ter uma vida interior de três assoalhadas.
Frases sobre Sempre de António Lobo Antunes
13 resultadosTeria dificuldade em viver com uma mulher que escrevesse. Eu nunca seria o mais importante na vida dela, viria sempre depois dos livros.
Não há sentimentos puros, nem na amizade nem no amor; e o amor vem sempre misturado com outras coisas, o ódio e a inveja e a gente quase quer mal à outra pessoa por gostar dela.
O ser humano não é assim tão vário; tão vário como se pretende. Nota que os livros são sempre os mesmos, infelizmente. Pintores, cineastas, músicos, escritores, poetas tratam sempre os mesmos assuntos, tentam analisar, sempre, as mesmas obsessões.
Às vezes espanto-me pelo facto de as pessoas se surpreenderem quando digo que escrevo todos os dias. Penso que é tudo e cada vez mais uma questão de trabalho. Um trabalho diário, persistente. Espanto-me de ver os bares sempre cheios de artistas.
Escrever ainda é fundamentalmente uma questão de trabalho, trabalho, trabalho. O escritor bom é aquele que trabalha as coisas o suficiente. Porque as primeiras versões são sempre más, vêm à primeira vez: é uma questão de trabalhar sobre aquilo.
Um escritor, como um cantor e um pintor é sempre a voz de qualquer coisa que está latente nas pessoas.
A primeira frase é sempre a mais difícil. Às vezes demora muito tempo.
Tenho uma certa desconfiança em relação à palavra pensar. Quando se está a escrever, podemos pensar enquanto indivíduo. mas enquanto escritor… Sempre me fez confusão as pessoas que dizem: «tenho um livro na cabeça só me falta escrever».
O próprio do homem é viver livre numa prisão. Estamos sempre condicionados e até prisioneiros de nós próprios.
As pessoas antigamente adoeciam, sei lá, os malucos, porque tinham psicoses, esquizofrenias ou neuroses fóbicas. Actualmente os problemas são sempre de relação, da relação da pessoa consigo própria, da relação com os outros.
Escrevo quase todos os dias, quando posso, à noite. Faço uma primeira versão, que escrevo em blocos, na cama, sentado no chão. Sempre à noite porque não acho fascinante levantar-me cedo. Fico até às tantas.
A escrita é sempre um acto de fuga à depressão. Nunca encontrei ninguém com tanto medo da morte como os médicos.