Sempre conservei uma aspa à esquerda e à direita de mim.
Frases sobre Sempre de Clarice Lispector
73 resultadosO que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão.
Quanto a mim mesma, sempre conservei uma aspa à esquerda e outra à direita de mim.
Algo está sempre por acontecer. O imprevisto me fascina.
O que me atormenta é o fato de tudo ser ‘por enquanto’, e nada ‘para sempre’.
É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é.
Frases que lhe saíam fáceis e incolores, mas que em mim se cravavam rápidas e agudas, para sempre.
Mais uma vez ou duas na vida – talvez num fim de tarde, num instante de amor, no momento de morrer – teria sublime inconsciência criadora, a intuição aguda e cega de que era realmente imortal para todo o sempre.
Sempre fui uma tímida muito ousada.
Eu sempre quis atingir um estado de paz e de não-luta. Eu pensava que era o estado ideal. Mas acontece que – que sou eu sem a minha luta? Não, não sei ter paz.
Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.
Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer…
Será que só eu sinto a sensação de estar sempre faltando algo?
Quando eu ficava sozinha, não havia uma queda, havia apenas um grau a menos daquilo que eu era com os outros, e isso sempre foi a minha natureza e a minha saúde.
Sorria sempre. Seus lábios não precisam traduzir o que acontece no seu coração.
Vivemos exclusivamente no presente, pois sempre e eternamente é o dia de hoje, e o dia de amanhã será um hoje, a eternidade é o estado das coisas nesse momento.
Sorrisos e abraços espontâneos me emocionam. Palavras até me conquistam temporariamente. Mas atitudes me ganham para sempre.
Nem sempre consigo perdoar. Não espere me perder para sentir minha falta. Não me deixe ir, posso não mais voltar.
Quero lonjuras. Minha selvagem intuição de mim mesma. Mas o meu principal está sempre escondido. Sou implícita. E quando me vou explicitar perco a úmida intimidade.
Eu sou o meu próprio espelho. E vivo de achados e perdidos. É o que me salva. Estou metida numa guerra invisível entre perigos. Quem vence? Eu sempre perco.