Todo o bom pai enfrenta a mesma tentação: guardar para si os filhos, fora do mundo, longe do tempo.
Frases sobre Tempo de Mia Couto
40 resultadosQuem parte treme, quem regressa teme. Tem-se medo de se ter sido vencido pelo Tempo, medo de que a ausência tenha devorado as lembranças. A saudade é um morcego cego que falhou fruto e mordeu a noite.
Sim, que a verdadeira bondade não se mede em tempo de fartura mas quando a fome dança no corpo dos homens.
Há coisas que são resolvidas por governos. Há coisas que nenhum governo é capaz de resolver. Seremos nós, com o tempo que nos for concedido, que resolveremos. Por via da nossa cidadania em construção.
Só quando danço me liberto do tempo: esvoaçam as memórias, levantam voo de mim.
Quem congemina vinganças acredita antecipar-se ao futuro. É um logro: o vingador vive apenas num tempo que já foi. O vingador não age apenas em nome de quem já morreu. Ele próprio já morreu. Foi morto pelo passado.
A guerra é uma parteira: das entranhas do mundo faz emergir um outro mundo. Não o faz por cólera nem por qualquer sentimento. É a sua profissão: mergulha as mãos no Tempo, com a altivez de um peixe que pensa que ele é que faz despontar o mar.
A morte é uma brevíssima varanda. Dali se espreita o tempo como a águia se debruça no penhasco – em volta todo o espaço se pode converter em esplêndida voação.
Neste lugar, não há pedacitos. Todo o tempo, a partir daqui, são eternidades.
Os mais perigosos inimigos não são aqueles que te odiaram desde sempre. Quem mais deves temer são os que, durante um tempo, estiveram próximos e por ti se sentiram fascinados.
A minha aprendizagem é não ficar intimidado pelo tempo.
A gente ama alguém que desconhece, casa com quem conhece e vive com uma pessoa irreconhecível. Às vezes, temos luas-de-mel, outras vezes, luas melosas. A maior parte do tempo, porém, são noites sem luar nenhum.
Para nós, africanos, o Tempo é todo nosso. O branco tem o relógio, nós temos o Tempo.
A cidade não é um lugar. É a moldura de uma vida. A moldura à procura de retrato, é isso que eu vejo quando revisito o meu lugar de nascimento. Não são ruas, não são casas. O que revejo é um tempo, o que escuto é a fala desse tempo. Um dialecto chamado memória, numa nação chamada infância.
As nossas estradas já tiveram a timidez dos rios e a suavidade das mulheres. E pediam licença antes de nascer. Agora, as estradas tomam posse da paisagem e estendem as suas grandes pernas sobre o Tempo, como fazem os donos do mundo.
Somos donos do tempo apenas quando o tempo se esquece de nós.
Agora sei: apenas o amor nos rouba do tempo.
Porque a Vida é feita contra o Tempo. Sem medida, tecida de ínfimos infinitos.
Um dos problemas do nosso tempo é que perdemos a capacidade de fazermos as perguntas que são importantes. A escola nos ensinou a dar respostas: a vida nos aconselha a que fiquemos quietos e calados.
O serviço dos dias é apenas este: trazer dias, levar dias. O Tempo existe para apagar o Tempo.