É preciso que nunca avaliemos um artista pela medida de suas obras.
Passagens de Friedrich Nietzsche
871 resultadosEm geral, as mães, mais que amar os filhos, amam-se nos filhos.
O natural: «O mal teve sempre por si o grande efeito! E a natureza é má! Sejamos portanto naturais!», assim raciocinam em segredo esses grandes pesquisadores de efeito da humanidade que, vezes demais, foram contados entre os grandes homens.
As explicações místicas são consideradas profundas. Na verdade falta-lhes ainda muito para que sejam superficiais.
Para muitos, pensar e escrever é uma tarefa fastiosa. Para mim, nos meus dias felizes, uma festa e uma orgia.
Insanidade em indivíduos é algo raro – mas em grupos, festas, nações e épocas, ela é uma regra.
O primeiro músico seria para mim aquele que só conhecesse a tristeza da mais profunda felicidade, e que ignorasse qualquer outra: até agora ainda não foi encontrado.
Não poderia haver felicidade, jovialidade, esperança, orgulho, presente, sem o esquecimento.
Fugir ao Desconhecido
Existe, frequentemente, em suma, uma espécie de humildade receosa, que, quando nos aflige, nos torna para sempre impróprios para as disciplinas do conhecimento. Porque, no momento em que o homem que a transporta descobre uma coisa que o choca, dá meia volta seja como for, e diz consigo: «Enganaste-te! Onde é que tinhas a cabeça? Isso não pode ser verdade!». De forma que em vez de examinar mais de perto e de ouvir com mais atenção, desata a fugir completamente aterrado, evita encontrar aquilo que o choca e procura esquecê-lo o mais depressa possível. Porque eis o que diz a sua lei: «Não quero dizer nada que contradiga a opinião corrente. Serei eu feito para descobrir novas verdades? Já há demasiadas antigas».
Há casos em que nós, os psicólogos, nos portamos como cavalos, e nos inquietamos: vemos a nossa própria sombra oscilar para cima e para baixo diante de nós. O psicólogo se quer ver algo tem que afastar a vista de «si».
Por maior que seja a avidez do meu conhecimento, não posso retirar das coisas mais do que aquilo que me pertence já; o que é dos outros, continua nelas. Como um homem pode roubar ou assaltar!
Não há nada que deprima mais o ser humano (mais depressa) do que a paixão do ressentimento.
A nossa confiança nos outros revela quanto desejaríamos tê-la em nós mesmos.
Dizemos bom o homem cordato, que evita conflitos, mas também dizemos bom o que deseja a luta e a vitória.
Falando francamente, por vezes, é necessário nos irritarmos para que as coisas corram bem.
Pensamentos não Acabados
Tal como não só a idade viril, mas também a juventude e a infância têm um valor em si e não devem de modo algum ser consideradas somentes como passagens e pontes, assim também os pensamentos não acabados têm o seu valor. Não se deve por isso, atormentar um poeta com uma subtil interpretação e divertir-se com a incerteza do seu horizonte, como se o caminho para vários pensamentos ainda estivesse aberto. Está-se no limiar; espera-se como no desenterramento de um tesouro: é como se devesse estar iminente um feliz achado de pensamento profundo. O poeta antecipa qualquer coisa do prazer que o pensador tem, ao encontrar uma ideia fundamental, e, com isso, torna-nos cobiçosos, de modo que nós tentamos apanhá-la; esta, porém, passa, esvoaçando, sobre a nossa cabeça e mostra as mais belas asas de borboleta… e, contudo, escapa-nos.
Os nossos pensamentos são as sombras dos nossos sentimentos, são sempre mais obscuros, mais vazios, mais simples do que estes.
Muito antes de sermos capazes de criar «conceitos», nós tivemos a capacidade de criar «formas».
Esta obra é, na essência, uma crítica à modernidade – não excluídas as ciências modernas, as artes modernas, e até a política moderna -, dando também indicações acerca de um tipo oposto, bem mais que moderno, um tipo nobre, afirmativo.
A piedade opõe-se completamente à lei da evolução, lei da selecção natural.