Perante nós mesmo todos fingimos ser mais ingénuos do que somos: é deste modo que descansamos dos nossos semelhantes.
Passagens de Friedrich Nietzsche
871 resultadosOs grandes intelectuais são cépticos.
Tudo o que não nos destrói, torna-nos mais fortes
Somos muito injustos com Deus. Nem sequer Lhe permitimos pecar.
Há que não atentar muito em felicidades, graças, bem-aventuranças distantes e desconhecidas, mas sim em viver da maneira com que gostaríamos de reviver, dentro dos mesmos moldes, até à eternidade. É esta a tarefa que temos pela frente: constante e continuadamente.
Eis um invejoso; não lhe desejeis filhos; teria ciúmes deles por já não poder ter a sua idade.
Onde amor e ódio não concorrem ao jogo, o jogo da mulher torna-se medíocre.
A justiça é uma troca.
Saber é compreendermos as coisas que mais nos convém.
Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.
Não poríamos a mão no fogo pelas nossas opiniões: não temos assim tanta certeza delas. Mas talvez nos deixemos queimar para podermos ter e mudar as nossas opiniões.
Se minhas loucuras tivessem explicações, não seriam loucuras.
Depois de ter deixado de haver Deus, a solidão torna-se insuportável: é preciso que os homens superiores encontrem uma solução.
O Homem Cruel
Quando o rico tira um pertence ao pobre (por exemplo, um príncipe que tira a amante ao plebeu), então gera-se um erro no pobre; este acha que aquele tem de ser absolutamente infame, para lhe tirar o pouco que ele tem. Mas aquele não sente de modo algum tão profundamente o valor de um único pertence, porque está habituado a ter muitos: portanto, não se pode transpor para o espírito do pobre e não comete tal uma injustiça tão grande como este julga. Ambos têm um do outro uma concepção errada. A injustiça do poderoso, a que mais indigna na História, não é assim tão grande como parece. O mero sentimento hereditário de ser um ser superior, com direitos superiores, torna uma pessoa bastante fria e deixa-lhe a consciência tranquila: até todos nós, se a distância entre nós e um outro ente for muito grande, já não sentimos absolutamente nada de injusto e matamos um mosquito, por exemplo, sem qualquer remorso.
Assim, não é sinal de maldade em Xerxes (a quem mesmo todos os Gregos descrevem como eminentemente nobre) quando ele tira a um pai o seu filho e o manda esquartejar, porque este havia manifestado uma inquieta e ominosa desconfiança em relação a toda a expedição militar: neste caso,
O que maior punição nos atrai são as nossas virtudes.
A nossa vaidade gostaria que o que fazemos melhor fosse considerado como aquilo que mais nos custa. Para explicar a origem de certas morais.
Quais são então, em última análise, as verdades do homem? São os seus erros irrefutáveis.
Olhai-os, os crentes de todas as fés! A quem odeiam mais que todos? Àquele que parte suas tábuas de valores, o destruidor, o criminoso; mas esse é o criador.
A Saúde da Alma
A célebre forma de medicina moral (a de Aríston de Chios), «a virtude é a saúde da alma», deveria ser pelo menos assim transformada para se tornar utilizável: «A tua virtude é a saúde da tua alma». Porque em nós não existe qualquer saúde, e todas as experiências que se fizeram para dar este nome a qualquer coisa malograram-se miseravelmente. Importa que se conheça o seu objectivo, o seu horizonte, as suas forças, os seus impulsos, os seus erros e sobretudo o ideal e os fantasmas da sua alma para determinar o que significa a saúde, mesmo para o seu corpo. Existem, portanto, inúmeras saúdes do corpo; e quanto mais se permitir ao indivíduo, a quem não podemos comparar-nos, que levante a cabeça, mais se desaprenderá o dogma da «igualdade dos homens», mais necessário será que os nossos médicos percam a noção de uma saúde normal, de uma dieta normal, de um curso normal da doença. Será só então que se poderá talvez reflectir na saúde e na doença da alma e colocar a virtude particular de cada um nesta saúde, que corre muito o risco de ser num o contrário do que sucede com outro. Restará a grande questão de saber se podemos dispensar a doença,
Não há outro critério da verdade senão o crescimento do sentimento de poder.