Passagens sobre Fruta

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Frases sobre fruta, poemas sobre fruta e outras passagens sobre fruta para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Lua Nova

Mãe dos frutos, Jaci, no alto espaço
Ei-la assoma serena e indecisa:
Sopro é dela esta lânguida brisa
Que sussurra na terra e no mar.
Não se mira nas águas do rio,
Nem as ervas do campo branqueia;
Vaga e incerta ela vem, como a idéia
Que inda apenas começa a espontar.

E iam todos; guerreiros, donzelas,
Velhos, moços, as redes deixavam;
Rudes gritos na aldeia soavam,
Vivos olhos fugiam p’ra o céu:
Iam vĂŞ-la, Jaci, mĂŁe dos frutos,
Que, entre um grupo de brancas estrelas,
Mal cintila: nem pĂ´de vencĂŞ-las,
Que inda o rosto lhe cobre amplo véu.

***

E um guerreiro: “Jaci, doce amada,
Retempera-me as forças; não veja
Olho adverso, na dura peleja,
Este braço já frouxo cair.
Vibre a seta, que ao longe derruba
Tajaçu, que roncando caminha;
Nem lhe escape serpente daninha,
Nem lhe fuja pesado tapir.”

***

E uma virgem: “Jaci, doce amada,
Dobra os galhos, carrega esses ramos
Do arvoredo co’as frutas* que damos
Aos valentes guerreiros, que eu vou
A buscá-los na mata sombria,

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As Rosas de Santa Isabel

Onde ides, correndo asinha,
Onde ides, bela Rainha,
Onde ides, correndo assim?
Porque andais fora dos Paços?
Que peso levais nos braços?
Oh! Dizei-mo agora a mim?…

A Santa, regalos novos,
Frutas, pĂŁo, e carne, e ovos,
No regaço e braços seus,
Sem cuidar ser surpreendida,
Ia levar farta vida
Aos pobrezinhos de Deus.

Coram-lhe as faces formosas,
E responde:- “Levo rosas…”
Dom Dinis deitou-lhe a mĂŁo,
Ao regaço, de repente;
Mas de rubra cor vivente
SĂł rosas lá viu entĂŁo!…

Como o tempo era passado,
Nos jardins, no monte e prado,
De rosas e toda a flor,
El-rei, cheio de piedade,
Nas rosas da caridade
Viu a bênção do Senhor!

E daquele rosal dela
Tirando uma rosa bela,
Que guardou no peito seu,
Disse-lhe:- “Em paz ide agora,
Que eu me encomendo, Senhora,
Ă€ Santa, ao Anjo do CĂ©u.”

Não há Vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
nĂŁo cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pĂŁo

O funcionário público
nĂŁo cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como nĂŁo cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvĂŁo
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado:
“nĂŁo há vagas”

SĂł cabe no poema
o homem sem estĂ´mago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
nĂŁo fede
nem cheira

Ciclo Terreno

SĂł morta a natureza se comporta
na expectativa podre dessas frutas
amolecidas no chĂŁo que as conforta
para o vĂ´o de moscas dissolutas.

Esse tempo ruĂ­do rĂłi a crosta
de rugas ventiladas na disputa
de asas amaciando a pele morta
deixando Ă  mostra o feto do desfruto.

O cheiro cavo amaro pousa Ă s costas
do vento que carrega no azedume
sementes de tanino em seu curtume.

SĂŁo muitos comensais nesse repasto
velando o transitĂłrio na certeza
sabendo que outra fruta volta Ă  mesa.

Não creio que a coisa melhor do homem seja ser normal, como não me parece ser a fruta melhor do mundo a normalidade que agora Portugal está importando, ou a CEE (enquanto existe CEE, claro) vai obrigar a importar.