Passagens sobre Futuro

740 resultados
Frases sobre futuro, poemas sobre futuro e outras passagens sobre futuro para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

De que Valem a Experiência e o Conhecimento na Velhice?

«Envelheço aprendendo sempre» – Sólon, na sua velhice, repetia muitas vezes este verso. O sentido que esse verso possui permitir-me-ia dizê-lo também na minha; mas é bem triste o conhecimento que, desde há vinte anos, a experiência me fez adquirir: a ignorância ainda é preferível. A adversidade é, sem dúvida, um grande mestre, mas faz pagar caro as suas lições e muitas vezes o proveito que delas se tira não vale o preço que custaram. Aliás, a oportunidade de nos servirmos desse saber tardio passa antes de o termos adquirido.
A juventude é o tempo próprio para se aprender a sabedoria; a velhice é o tempo próprio para a praticar. A experiência instrui sempre, confesso, mas não é útil senão durante o espaço de tempo que temos à nossa frente. É no momento em que se vai morrer que se deve aprender como se deveria ter vivido?
De que me servem os conhecimentos que tão tarde e tão dolorosamente adquiri sobre o meu destino e sobre as paixões alheias de que ele é o fruto? Não aprendi a conhecer os homens senão para melhor sentir a desgraça em que me mergulharam e esse conhecimento, embora me revelasse todas as suas armadilhas,

Continue lendo…

Chegada a Hora o Sonho Será Terra

Chegada a hora o sonho será terra,
o medo dará seu último vintém,
e o passado e o futuro serão guerra
do não-ser sobre terras de ninguém
Árvore gémea à que em dor se enterra,
o céu descerá em busca de outro além,
e unidos ambos, corpo e céu, a alma er-
rará distante, mas morta, também.
Será possível mesmo o fim de tudo,
tudo tão rápido? Ó pássaro ao vento,
ó ave sombria: cantai num templo mudo,
a atroz saudade da alma nunca vista,
passo perdido em negro firmamento,
paisagem morta — que a terra conquista!

A economia significa o poder de repelir o supérfluo no presente, com o fim de assegurar um bem futuro e sobre este aspecto representa o domínio da razão sobre o instinto animal.

Agimos Sempre no Sentido do Destino

No fundo, a sabedoria do destino é a nossa própria. Porque a acompanhamos com uma consciência incessante daquilo que, no fundo, nos é permitido fazer. Podemos estar sujeitos a algumas tentações mas nunca nos enganamos. Agimos sempre no sentido do destino. As duas coisas formam uma só.
Quem se engana é porque ainda não compreende o seu destino. Quer dizer, não compreende qual a resultante de todo o seu passado – o qual lhe indica o futuro. Mas quer o compreenda ou não, indica-lho à mesma. Cada vida é aquilo que devia ser.

Os Vencidos

Tres cavaleiros seguem lentamente
Por uma estrada erma e pedregosa.
Geme o vento na selva rumorosa,
Cae a noite do céo, pesadamente.

Vacilam-lhes nas mãos as armas rotas,
Têm os corceis poentos e abatidos,
Em desalinho trazem os vestidos,
Das feridas lhe cae o sangue, em gotas.

A derrota, traiçoeira e pavorosa,
As fontes lhes curvou, com mão potente.
No horisonte escuro do poente
Destaca-se uma mancha sanguinosa.

E o primeiro dos três, erguendo os braços,
Diz n’um soluço: «Amei e fui amado!
Levou-me uma visão, arrebatado,
Como em carro de luz, pelos espaços!

Com largo vôo, penetrei na esphera
Onde vivem as almas que se adoram,
Livre, contente e bom, como os que moram
Entre os astros, na eterna primavera.

Porque irrompe no azul do puro amor
O sopro do desejo pestilente?
Ai do que um dia recebeu de frente
O seu halito rude e queimador!

A flor rubra e olorosa da paixão
Abre languida ao raio matutino,
Mas seu profundo calix purpurino
Só reçuma veneno e podridão.

Continue lendo…

Para sermos felizes, devemos deixar de lado a certeza da nossa breve existência. Precisamos nos considerar como parte de uma corrente contínua que corre desde o primeiro germe até um futuro remoto e desconhecido.

Às vezes, sem o sabermos, o futuro está em nós, e as nossas palavras supostamente mentirosas descrevem uma realidade que está próxima.

Paremos de indagar o que o futuro nos reserva e recebamos como um presente o que quer que nos traga o dia de hoje.

Símios Aperfeiçoados II

A tragédia é a cristalização da massa humana, tão perigosa como a estagnação do espírito do homem que se torna académico ou fenece por falta de entusiasmo. Gostava de saber quantas pessoas pensam em macacos durante o correr de um dia? Quantas? O homem-massa, num futuro próximo – em relações antropológicas o próximo leva geralmente centenas de anos – transformar-se-á num novo espectáculo de jardim zoológico. Em vez de jaula e aldeias de símios, ele terá balneários públicos e campos para habilidades desportivas, com ocasionais jogos nocturnos. Dará palmas em delírio ouvindo ainda o som distante da sineta tocada pelo elefante num acto máximo de inteligência paquidérmica. Terá circuitos fechados, com pistas perfeitamente cimentadas, para passear o tédio da família aos domingos, circulará repetidamente em metropolitanos convencido de que cada nova paragem é diferente da anterior.
E estou absolutamente crente que do naufrágio calamitoso apenas se hão-de salvar os que pela porta do cavalo fugirem ao triturar das grandes colectividades humanas, ou os que por força invencível e instintiva se libertarem para uma nova categoria de homem, ou, melhor dizendo, para a sua verdadeira categoria de homem, de homem-pensamento, na linha directa de um Platão, de um Homero, de um Aristófanes,

Continue lendo…

Os Amigos Nunca São para as Ocasiões

Os amigos nunca são para as ocasiões. São para sempre. A ideia utilitária da amizade, como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo. A amizade é puro prazer. Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas. Pede-se, dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.

A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando. Podemos nem sequer darmo-nos muito, ou bem, com elas. Ou gostar mais delas do que elas de nós. Não interessa. A amizade é um gosto egoísta, ou inevitabilidade, o caminho de um coração em roda-livre.

Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e,

Continue lendo…

A Realidade Transfigurada

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. O que te direi? te direi os instantes. Exorbito-me e só então é que existo e de um modo febril. Que febre: conseguirei um dia parar de viver? ai de mim, que tanto morro. Sigo o tortuoso caminho das raízes rebentando a terra, tenho por dom a paixão, na queimada de tronco seco contorço-me às labaredas. A duração de minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios.
Para me interpretar e formular-me preciso de novos sinais e articulações novas em formas que se localizem aquém e além de minha história humana. Transfiguro a realidade e então outra realidade, sonhadora e sonâmbula, me cria. E eu inteira rolo e à medida que rolo no chão vou me acrescentando em folhas, eu, obra anônima de uma realidade anônima só justificável enquanto dura a minha vida. E depois? depois tudo o que vivi será de um pobre supérfluo.
Mas por enquanto estou no meio do que grita e pulula.

Continue lendo…

Antidepressivos tratam a dor depressão, mas não curam o sentimento de culpa e nem tratam a angústia da solidão. (O Futuro da Humanidade)

Para os jovens de hoje, digo para acreditar no futuro, o mundo está cada vez melhor, ainda há muitas oportunidades.

Eu

Eu, eu mesmo…
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar. —
Eu…
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças…
Que crianças não sei…
Eu…
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei…
Eu…
Tive um passado? Sem dúvida…
Tenho um presente? Sem dúvida…
Terei um futuro? Sem dúvida…
A vida que pare de aqui a pouco…
Mas eu, eu…
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu…