Do hábito da resignação nasce sempre a falta de interesse, a negligência, a indolência, a inactividade, e quase a imobilidade.
Passagens de Giacomo Leopardi
75 resultadosAs Novas Verdades
Nenhuma verdade nova, e completamente estranha às opiniões correntes, quando demonstrada pelo primeiro que dela se apercebeu, ainda que com uma evidência e uma exactidão idênticas ou semelhantes às da geometria, conseguiu nunca, se as demonstrações não foram de natureza material, introduzir-se e fixar-se no mundo imediatamente, mas só com o decorrer do tempo, através da prática e do exemplo: habituando-se os homens a acreditar nela como em qualquer outra coisa; ou melhor, acreditando geralmente por habituação e não pela exactidão de experiências concebidas no seu espírito.
Até que por fim essa verdade, começando a ser ensinada às crianças, é comummente aceite, evocado com espanto o seu desconhecimento, e escarnecidas as opiniões diferentes, tanto dos antepassados como dos contemporâneos. E isto com tanto mais dificuldade e demora quanto maiores e mais importantes foram essas novas e incríveis verdades, e, por conseguinte, subversoras de um maior número de opiniões radicadas nos espíritos. Nem mesmo os intelectos perspicazes e treinados sentem facilmente toda a eficiência das razões que demonstram essas verdades ianuditas e que excedem em muito os limites dos conhecimentos e dos hábitos desses intelectos, principalmente quando essas razões e essas verdades se opõem às crenças neles arreigadas.
Não apenas os homens, mas o género humano foi e sempre será necessariamente infeliz. Não apenas o género humano, mas todos os animais. Não apenas os animais, mas todos os seres a seu modo. Não os indivíduos, mas as espécies, os géneros, os reinos, os sistemas, os mundos…
Tem-se muito mais temor do ódio ou da cólera dos homens do que esperança no seu afecto e na sua gratidão.
É curioso ver que quase todos os homens de grande valor têm maneiras simples; e que quase sempre as maneiras simples são tomadas como indício de pouco valor.
Não há nada mais raro no mundo que uma pessoa que possamos suportar sempre.
O meio mais seguro de ocultarmos aos outros os limites do nosso saber é nunca os ultrapassar.
O primeiro motivo por que se está disposto a ajudar outro nas devidas ocasiões é a alta apreciação que se tem de si mesmo.
Quem não tem um objetivo quase nunca sente prazer nas suas ações.
Cada um é tão infeliz como acredita ser.
Encontra-se a felicidade na ignorância da verdade.
Não existe maior indício de ser pouco filósofo e pouco sábio do que desejar uma vida inteira de sabedoria e filosofia.
O simples facto de rir alto dá-vos uma superioridade assegurada em relação a todos os presentes ou circunstantes, sem excepção. Terrível e awful é a potência do riso: quem tem a coragem de rir é senhor dos outros, do mesmo modo como quem tem a coragem de morrer.
A alma tende sempre a julgar os outros pelo que pensa de si mesma.
As pessoas são ridículas apenas quando querem parecer ou ser o que não são.