Passagens de Gustave Flaubert

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Cheguei à firme convicção de que a vaidade é a base de tudo, e de que finalmente o que chamamos de consciência é apenas a vaidade interior.

A coragem é o medo vencido Eu não tenho nenhuma coragem, mas procedo como se a tivesse, o que talvez venha dar ao mesmo.

A gente não escolhe o próprio assunto. Eis o que o público e os críticos não entendem. O segredo das obras-primas está nisso, na concordância do assunto com o temperamento do autor.

Não te mexas! Não fales! Olha para mim! Dos teus olhos sai alguma coisa de muito doce que me faz um bem imenso!

E depois, não lhe parece que o espírito vagueia mais livremente por aquela extensão sem limites, cuja contemplação nos eleva a alma, e nos dá idéias do infinito, do ideal?

É que ela tem uns olhos que penetram na alma como verrumas! E aquela tez pálida! E eu adoro as mulheres pálidas!

Um dia esbranquiçado passava pela janela sem cortinas, entreviam-se as copas das árvores, e mais além a pradaria meio afogada na névoa que fumava ao luar.

O amor é um modo de viver e de sentir. É um ponto de vista um pouco mais elevado, um pouco mais largo; nele descobrimos o infinito e horizontes sem limites.

O encanto da novidade, caindo pouco a pouco com uma peça de roupa, punha a nu a eterna monotonia da paixão, que tem sempre as mesmas formas e a mesma linguagem.