Passagens sobre Hábitos

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A Fidelidade

As pessoas realmente frívolas são as que só amam uma vez na vida. O que elas chamam lealdade ou fidelidade, chamo eu letargia do hábito ou falta de imaginação. A fidelidade representa na vida emocional o mesmo que a coerência na vida do intelecto, apenas uma confissão de impotência. A fidelidade! Tenho de a analisar um destes dias. Está intimamente associada à paixão da propriedade. Há muitas coisas que atiraríamos fora se não receássemos que outros as apanhassem.

As naturezas dos homens são parecidas; são os seus hábitos que os afastam uns dos outros.

O Homem não Deseja a Paz

Que estranho bicho o homem. O que ele mais deseja no convívio inter-humano não é afinal a paz, a concórdia, o sossego colectivo. O que ele deseja realmente é a guerra, o risco ao menos disso, e no fundo o desastre, o infortúnio. Ele não foi feito para a conquista de seja o que for, mas só para o conquistar seja o que for. Poucos homens afirmaram que a guerra é um bem (Hegel, por exemplo), mas é isso que no fundo desejam. A guerra é o perigo, o desafio ao destino, a possibilidade de triunfo, mas sobretudo a inquietação em acção. Da paz se diz que é «podre», porque é o estarmos recaídos sobre nós, a inactividade, a derrota que sobrevém não apenas ao que ficou derrotado, mas ainda ou sobretudo ao que venceu. O que ficou derrotado é o mais feliz pela necessidade iniludível de tentar de novo a sorte. Mas o que venceu não tem paz senão por algum tempo no seu coração alvoroçado. A guerra é o estado natural do bicho humano, ele não pode suportar a felicidade a que aspirou. Como o grupo de futebol, qualquer vitória alcançada é o estímulo insuportável para vencer outra vez.

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Eu vejo a alma unicamente como a soma das actividades do organismo e os hábitos pessoais, além dos hábitos herdados – as recordações, experiências – do organismo.

Deveria existir uma pitada de diletantismo na crítica. Pois o diletante é um entusiasta que ainda não se acomodou e não está preso aos hábitos.

Regras Essenciais para os Negócios

Mais vale em geral negociar oralmente do que por cartas, e por mediação, de terceiro do que pessoalmente. As cartas são melhores quando se deseja provocar resposta escrita, ou quando podem servir para justificação de um procedimento a tomar depois de escrita a carta. Tratar o assunto pessoalmente é bom, quando a presença impõe respeito, como acontece geralmente perante inferiores. Na escolha dos intermediários, é melhor optar por pessoas francas, que farão aquilo de que foram encarregadas, e que transmitirão fielmente o resultado, do que escolher pessoas hábeis em tirar proveito dos negócios alheios, e que podem alterar a verdade dos factos, apenas para vos dar satisfação. É melhor sondar a pessoa com a qual se trata um negócio, antes de entrar abruptamente no assunto, excepto quando se pretende surpreendê-la com alguma questão especiosa.
É melhor tratar com pessoas que ainda têm apetite do que com aquelas que já o perderam. Se se trata com alguém sob condições, o essencial, é o primeiro acto, porque tudo não se pode razoavelmente pedir, excepto se a natureza da coisa for tal que se possa levar avante; ou tal que uma parte possa persuadir a outra que precisará dela em futuro negócio;

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A força do hábito desenvolve o amor – O amor, ainda jovem é pouco seguro de si, se fortifica com o uso; alimente-o bem, e, com o tempo, ele se tornará sólido.

Falar de si Próprio

Como o perigo de desagradar provém principalmente da dificuldade em avaliar quais as coisas que se notam e quais as que não são notadas, pelo menos por prudência nunca deveria a gente falar de si mesmo, pois esse é um tema em que seguramente a nossa visão e a alheia não coincidem nunca.
(…) Ao mau costume de falar de si mesmo e dos próprios defeitos, cumpre acrescentar, como formando bloco com o mesmo, esse outro hábito de denunciar nos carácteres alheios defeitos análogos aos nossos. E constantemente estamos a falar nos referidos defeitos, como se fora uma espécie de rodeio para falar de nós mesmos, em que se juntam o prazer de confessar e o de absolvermo-nos.

Só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar. A busca da excelência não deve ser um objetivo, e sim um hábito.

Falar com Coração

Não é possível dominares as palavras nem, por exemplo, uma qualquer audiência que tenhas à frente se não tiveres um total e absoluto conhecimento a teu próprio respeito, se não confiares em ti e se não tiveres como hábito dar voz aos teus sentidos. Vai sempre soar a falso. Não é possível agarrares uma plateia nem mexer com as emoções de quem te ouve se não te vulnerabilizares, se não te assumires como o ser humano que és e se tudo o que disseres já tiver sido dito por outros. Vais fazer figura de parvo. E não esperes nunca sensibilizar ou gerar identificação em alguém se não falares sobre ti mesmo, se não te expuseres ao erro e se não partilhares o segredo que tu próprio desvendaste para superar um qualquer problema. Vais ver as pessoas a bocejar. As pessoas precisam de saber que não são as únicas a ter problemas por resolver, que há mais gente em busca de si mesma, com crises existenciais e que errar é, afinal, absolutamente humano, assim como desvendar soluções para tudo. É isso que gera identificação, é isso que fortalece os laços entre as pessoas e é isso que te torna num bom comunicador.

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Ódios e Rancores

Recusa ser testemunha em processos: serias necessariamente alvo do rancor de uma das partes. Nunca forneças informações acerca de um homem que não seja bem nascido – e menos ainda se é de baixa extracção -, e faz como se tudo ignorasses a seu respeito. Se, em conversa, resolveres lançar uma ofensa contra alguém, sobretudo não tomes um ar pesado, mas continua a falar como se nada fosse. Em presença de terceiros, não manifestes a ninguém favores especiais, pois considerar-se-ia que desprezas os outros e serias votado a um ódio constante.
Evita avançar na carreira de modo demasiado rápido ou vistoso. É necessário que, perante uma luz que se torna cada vez mais brilhante, os olhos se habituem a pouco e pouco; caso contrário, desviam-se. Nunca vás contra o que agrada à gente do povo, quer se trate de simples tradições ou mesmo de hábitos que te repugnam.
Se és forçado a admitir que cometeste uma acção odiosa, não atices o ódio que desperta dando a impressão que não a lastimas ou, pior ainda, troçando das tuas vítimas, ou orgulhando-te do que fizeste: serias odiado duas vezes mais. O melhor é ausentares-te, deixares agir o tempo e não te manifestares.

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O hábito do trabalho modera qualquer excesso, induz à necessidade de organização, ao gosto pela ordem; da ordem material chega-se à moral: portanto, o trabalho pode ser considerado como um dos melhores auxiliares na educação.

Uma Vida Simples e Modesta

Não depender senão de si mesmo é, em nossa opinião, um grande bem, mas daí não se segue que devamos sempre contentar-nos com pouco. Simplesmente, quando nos falte a abundância, devemos poder contentar-nos com pouco, persuadidos de que gozam melhor a riqueza os que têm menor número de cuidados, e de que tudo quanto seja natural se obtém facilmente, enquanto o que não o é só se consegue a custo. As iguarias mais simples proporcionam tanto prazer quanto a mesa mais ricamente servida, sempre que esteja ausente o sofrimento causado pela necessidade, e o pão e a água ocasionam o mais vivo prazer quando são saboreados após longa privação.
O hábito de uma vida simples e modesta é, pois, uma boa maneira de cuidar da saúde e, ademais, torna o homem corajoso para suportar as tarefas que deve necessariamente cumprir na vida. Permite-lhe ainda apreciar melhor uma vida opulenta, quando se lhe enseje, e fortalece-o contra os reveses da fortuna. Por conseguinte, quando dizemos que o prazer é o soberano bem, não falamos dos prazeres dos devassos, nem dos gozos sensuais, como o pretendem alguns ignorantes que nos combatem e nos desfiguram o pensamento. Falamos da ausência de sofrimento físico e da ausência de perturbação moral.

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Fragmento Terceiro

I

Campos de ira, tão vasto sentimento
vos afasta. íris morta! Os actos radicais
constroem, em projeto, um frágil
universo – a tinta, o espaço óptico.
Descansam os sentidos sobre pródigas
defesas: os filtros turvos, as precauções
na sua cura. Os nervos tersos
da análise da vida e da matéria.

II

Desviam-se dos livros. Hoje escreve
contra a morte dos olhos, a existência
passível de leitura. Ineptos, os sons
perdem-se na encosta. o vento fere
ainda? Inscrito
na área da cabeça, é esse rastro
ainda vivo. Domino a sua queda, os seus poderes
punitivos, a sua força hereditária.

III

Persistir no imóvel. Preencher
os anos que nos moldam
no vigor da fibra, no duro movimento
interior — a que destino, a que imaturo
ritmo, sem preço? Pois é o caro
prémio deste dorso
de o cumprir, pensar, até ao fim.
Ou de saber adestrá-lo até que,
exausto, só impulso
vigore — a morte lida
num próximo sentido, ainda vivo.

IV

Como contacto único,

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A Única Alegria Neste Mundo é a de Começar

A única alegria neste mundo é a de começar. É belo viver, porque viver é começar, sempre, a cada instante. Quando esta sensação desapaece – prisão, doença, hábito, estupidez – deseja-se morrer.
É por isso que quando uma situação dolorosa se reproduz de modo idêntico – parece idêntica – nada apaga o horror que tal coisa nos provoca.
O princípio acima enunciado não é, portanto, próprio de um viveur. Porque há mais hábito na experiência a todo o custo (cfr, o antipático «viajar a todo o custo») do que na charneira normal aceite com o sentido do dever e vivida com entusiasmo e inteligência. Estou convencido de que há mais hábito nas aventuras de do que num bom casamento.
Porque o próprio da aventura é conservar uma reserva mental de defesa; é por isso que não existem boas aventuras. Só é boa aventura aquela em que nos abandonamos: o matrimónio, em suma, talvez até aqueles que são feitos no céu.
Quem não sente o perene recomeçar que vivifica a existência normal de um casal é, no fundo, um parvo que, por mais que diga, não sente, sequer, um verdadeiro recomeçar em cada aventura.
A lição é sempre a mesma: atirarmo-nos para a frente e saber suportar o castigo.

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A nossa natureza é feita assim. Adquirido o hábito do mal, até o mal, até a dor, lhe é indispensável.

Sair da zona de conforto é romper com um hábito, é escolher deixar de ser um “robot” que, independentemente dos estímulos ou novas oportunidades atua sempre da mesma maneira, para voltarmos a ser humanos.

Adquiri o hábito de nunca dar razões para uma recusa. Recusar dando razões não é recusar.