O crítico inimigo é também um colaborador.
Passagens sobre Inimigos
625 resultadosQue Deus me proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu.
A Sede de Explicações
Tão irredutível quanto a necessidade de crer, a necessidade de explicações acompanha o homem desde o berço até ao túmulo. Ela contribuiu para criar os seus deuses e diariamente determina a génese de numerosas opiniões. Essa necessidade intensa facilmente se satisfaz. As respostas mais rudimentares são suficientes. A facilidade com que é contentada foi a origem de grande número de erros. Sempre ávido de certezas definitivas, o espírito humano guarda muito tempo as opiniões falsas fundadas na necessidade de explicações e considera como inimigos do seu repouso aqueles que as combatem.
O principal inconveniente das opiniões baseadas em explicações erróneas é que, admitindo-as como definitivas, o homem não procura outras. Supor que se conhece a razão das coisas é um meio seguro de não a descobrir. A ignorância da nossa ignorância tem retardado de longos séculos os progressos das ciências e ainda, aliás, os restringe. A sede de explicações é tal que sempre foi achada alguma para os fenómenos menos compreensíveis. O espírito tem mais satisfação em admitir que Júpiter lança o raio do que em se confessar ignorante em relação às causas que o fazem rebentar. Para não confessar a sua ignorância em certos assuntos, a própria ciência muitas vezes se contenta com explicações análogas.
A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada de genialidade.
A Dor e o Tédio São os Dois Maiores Inimigos da Felicidade
O panorama mais amplo mostra-nos a dor e o tédio como os dois inimigos da felicidade humana. Observe-se ainda: à medida que conseguimos afastar-nos de um, mais nos aproximamos do outro, e vice-versa; de modo que a nossa vida, na realidade, expõe uma oscilação mais forte ou mais fraca entre ambos. Isso origina-se do facto de eles se encontrarem reciprocamente num antagonismo duplo, ou seja, um antagonismo exterior ou oubjectivo, e outro interior e subjectivo. De facto, exteriormente, a necessidade e a privação geram a dor; em contrapartida, a segurança e a abundância geram o tédio. Em conformidade com isso, vemos a classe inferior do povo numa luta constante contra a necessidade, portanto contra a dor; o mundo rico e aristocrático, pelo contrário, numa luta persistente, muitas vezes realmente desesperada contra o tédio. O antagonismo interior ou subjectivo entre ambos os sofrimentos baseia-se no facto de que, em cada indivíduo, a susceptibilidade para um encontra-se em proporção inversa à susceptibilidade para o outro, já que ela é determinada pela medida das suas forças espirituais. Com efeito, a obtusidade do espírito está, em geral, associada à da sensação e à ausência da excitabilidade, qualidades que tornam o indivíduo menos susceptível às dores e aflições de qualquer tipo e intensidade.
O Preço da Elevada Conduta
Conduta e carácter do homem vulgar: nunca em si próprio busca proveito ou pena, antes se atém às coisas exteriores. Conduta e carácter do filósofo: todo o proveito e pena surtem do íntimo de si próprio.
Sinais daquele que evolui: não insulta ninguém, não louva ninguém, não se queixa de ninguém, não acusa ninguém, nada diz de si próprio como coisa importante – e nunca afirma saber o que quer que seja. Quando embaraçado e contrariado, só a si próprio se responsabiliza. Se o louvam, ri-se discretamente de quem o louva – e se o insultam, de nada se justifica. Comporta-se como os convalescentes, e teme enfraquecer o que se consolida antes de recuperar toda a sua firmeza.
Suprimiu em si qualquer espécie de vontade, e animosidades também: só faz pairar uma e outras sobre as únicas coisas que, contrárias à natureza, dependem de nós. Os seus arrebatamentos quase nunca o são. E caso o tenham na conta de estúpido ou ignorante – nenhuma inquietação o toma. Numa palavra: desafia-se a si próprio como se fora um inimigo de quem temesse várias armadilhas.
A Visão do Universo
Existem certas pessoas – e eu sou uma delas – que pensam que a coisa mais prática e importante acerca de um homem ainda é a sua visão do universo. Pensamos que, para uma senhoria considerando se deve aceitar um pensionista, é importante saber a sua renda, porém mais importante ainda é conhecer a sua filosofia. Pensamos que, para um general prestes a combater um inimigo, é importante saber os números do inimigo, porém mais importante é conhecer a filosofia do inimigo. Pensamos que a questão não é saber se a teoria do cosmos afecta ou não as coisas, mas se, no longo prazo, qualquer outra coisa as afecta.
O inimigo só tem doçura nos lábios, no coração maquina jogar-te no abismo
O inimigo só tem doçura nos lábios, no coração maquina jogar-te no abismo.
Causar um dano coloca você abaixo do inimigo, vingar-se faz com que você se iguale a ele, perdoá-lo coloca você acima dele.
Seja cortês com todos, sociável com muitos, íntimo de poucos, amigo de um e inimigo de nenhum.
Nada nos Faz Acreditar Mais do que o Medo
Nada nos faz acreditar mais do que o medo, a certeza de estarmos ameaçados. Quando nos sentimos vítimas, todas as nossas acções e crenças são legitimadas, por mais questionáveis que sejam. Os nossos opositores, ou simplesmente os nossos vizinhos, deixam de estar ao nosso nível e transformam-se em inimigos. Deixamos de ser agressores para nos convertermos em defensores. A inveja, a cobiça ou o ressentimento que nos movem ficam santificados, porque pensamos que agimos em defesa própria. O mal, a ameaça, está sempre no outro. O primeiro passo para acreditar apaixonadamente é o medo. O medo de perdermos a nossa identidade, a nossa vida, a nossa condição ou as nossas crenças. O medo é a pólvora e o ódio o rastilho. O dogma, em última instância, é apenas um fósforo aceso.
Amigo a pedir; inimigo a restituir.
Inimigo é amigo tardio.
A Bíblia nos diz para amarmos nossos vizinhos, assim como nos pede para amar nossos inimigos; provavelmente porque se tratam das mesmas pessoas.
Quando não sabemos quem é o inimigo, imaginamos um qualquer e o hostilizamos.
A reconciliação com os nossos inimigos deve-se apenas ao facto de querermos melhorar a nossa situação, ao cansaço da luta e ao medo de algum acontecimento que nos seja desfavorável.
Mais afronta a mesura de um adulador, que uma bofetada de um inimigo.
Eu Digo do Amor não Mais que a Sombra
Eu digo do amor não mais que a sombra.
Agora o quarto oferece toda a inclinação da luz
aos dedos que tremem só de aflorar
o que da carne é já incorruptível saber
e crispação sem causa natural.
São nossas inimigas as cortinas
amplas do verão, os fumos e vapores
que esta terra nos devolve, a fria
repercussão do espírito que treme
sobre um tão ausente e despossuído mundo.
Disse-te que voltasses devagar os teus olhos
para o mecanismo simples da erosão.
Eu parti há muito e neste quarto
apenas aguardo o relâmpago surdo do teu corpo,
a contenção muda e não menos esplendorosa
da carne recordada e pressentida.
No entanto, deixámos escurecer
excessivamente o mundo. Ele acolhe-se
a nós, com terror e evidência,
e nós, em verdade, que podemos dizer?
Eu digo do amor não mais que a sombra,
mas o teu rosto e a luz nada pode conter.
Perdoe seus inimigos, mas não os confunda com um amigo.
Arda De Raiva Contra Mim A Intriga
Arda de raiva contra mim a intriga,
Morra de dor a inveja insaciável;
Destile seu veneno detestável
A vil calúnia, pérfida inimiga.Una-se todo, em traiçoeira liga,
Contra mim só, o mundo miserável.
Alimente por mim ódio entranhável
O coração da terra que me abriga.Sei rir-me da vaidade dos humanos;
Sei desprezar um nome não preciso;
Sei insultar uns cálculos insanos.Durmo feliz sobre o suave riso
De uns lábios de mulher gentis, ufanos;
E o mais que os homens são, desprezo e piso.